O-marketing social é cada vez mais valorizado pelos consumidores. Uma pesquisa da consultoria mostrou que 56% dos brasileiros dizem consumir ou boicotar marcas de acordo com o posicionamento delas diante de questões sociais.
Não é à toa que vemos cada vez mais marcas apoiando movimentos e criando campanhas, principalmente com foco no mundo digital. Mas até que ponto esses posicionamentos realmente geram resultados na sociedade?
O melhor do marketing social está aqui.
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O que me transparece, na verdade, é que várias empresas fazem ações “Pra inglês ver”, ou seja, apenas para o público achar bacana, mas sem que as medidas realmente tenham efeito.
No-ano passado, por exemplo, nós tivemos os emblemáticos casos da rede Carrefour.
O primeiro deles foi o episódio onde um cachorro foi brutalmente morto no estacionamento de uma das unidades. O segundo foi a agressão que resultou na morte de João Alberto Silveira.
Logo que cada um dos casos aconteceu houve uma enxurrada de posicionamentos na internet. Celebridades, outros supermercados, influencers e marcas de um modo geral falaram sobre o absurdo das situações.
O barulho foi grande, mas se você prestar atenção, o Carrefour praticamente saiu intacto.
Não houve uma marca que falou, por exemplo, que não iria mais vender os produtos na rede, o que seria uma decisão grandiosa. Afinal, nós sabemos que no Brasil e no restante do mundo, geralmente é só quando “a coisa” pega no bolso que as empresas tomam atitudes.
Mas, não. Todo mundo reclamou, mas sem tomar medidas drásticas.
A gente só viu alguma repercussão no Prêmio Pretos Empreendedores, da Cufa.
Como divulgado pelo Promoview, quando as pessoas descobriram que o Carrefour era patrocinador master da premiação é que houve uma certa movimentação, ou seja, mais uma vez, somente quando o erro é questionado pelos internautas é que as pessoas fazem alguma coisa.
Pandemia: Palco para boas ações ou autopromoção?
Eu já ouvi muitas vezes que boas ações devem ser divulgadas, principalmente porque no dia a dia somos bombardeados com situações negativas.
Até certo ponto eu concordo com essa afirmação. Ao divulgamos ações de marketing social, estamos mostrando que é possível lutar por uma sociedade melhor. Mas, o meu questionamento é, até que ponto a divulgação é para incentivar as pessoas e demais marcas a serem melhores?
Ao meu ver, em muitos casos, essa busca pelos holofotes é focada em autopromoção.
Em 2020, nós tivemos uma explosão de ações visando o combate do Covid-19.
A Ambev passou a produzir álcool em gel para distribuir nos hospitais públicos. A Natura seguiu a mesma linha e converteu sua linha de produção para produzir o produto de higienização. A rede Selfit Academias doou todo o seu estoque de álcool em gel para instruções de saúde pública, assim O Boticário.
Já-a Amazon criou um fundo para ajudar os pequenos estabelecimentos de Seatle. Afinal, o comércio foi um dos mais afetados.
Eu poderia fazer uma tese de mais de 50 páginas apenas citando todo mundo que divulgou que fez algum coisa. Mas e daí?
Veja bem, não é querer ser chata, mas é possível perceber claramente que muitas marcas simplesmente “seguiram o fluxo”.
Apoiaram, fizeram ações, doaram visando apenas a autopromoção.
Sabe por que digo isso? No ano de 2020 nós tivemos vários exemplos da falta de atitudes de várias empresas perante algumas situações bem complexas.
Quer um exemplo? Desde o ano passado várias atividades estão com restrições por conta da pandemia, dentre elas o funcionamento de bares. Mas toda semana vemos notícias de festas clandestinas ou aglomerações em locais do gênero.
Me pergunto como a Ambev, ou outras marcas que estão ligadas diretamente a esses estabelecimentos, simplesmente não bateram o pé e disseram, “Pois, agora a gente não vende mais para vocês”. Ou, quem sabe, “Eu vou apoiar o seu estabelecimento com X por mês, se você não abrir para obedecer às regras.”
Como eu disse anteriormente, são atitudes que mexem diretamente no bolso de todos os envolvidos, e que podem realmente surtir efeito a curto, médio e longo prazo.
Por um marketing social que realmente foque em ajudar a sociedade
O Promoview tem a missão diária de manter as pessoas atualizadas sobre o que acontece no mercado de live marketing. E as ações sociais são uma parte fundamental do segmento.
Como parte da equipe, bem como uma cidadã preocupada com o mundo em que vive, acredito que podemos fazer um marketing social mais focado em realmente fazer a diferença.
Veja bem, não estou dizendo para as marcas pararem de divulgar o que fazem. Pelo contrário, como disse, essa divulgação é importante para servir de inspiração para outras empresas, e até certo ponto como uma forma de prestação de contas.
O meu pedido é para que as grandes marcas não foquem apenas no apoio sem resultados. Ou seja, apenas em mostrar que estão por dentro da situação, mas sem efetivamente tomar atitudes.
Precisamos de ações contínuas e reais, e não apenas medidas pontuais que se aproveitem de um momento.
No começo da pandemia, todo mundo queria ajudar de alguma forma, mas, com o passar dos meses, parece que o interesse acabou, ao contrário do surto de Covid-19, que continua.
Quando chega perto de alguma data importante, como o Dia da Consciência Negra, todo mundo quer divulgar alguma ação contra o racismo. Mas, no restante do ano, parece que ele simplesmente não existe.
Vamos focar em realmente gerar uma mudança, e não apenas “fazer bonito” para os seguidores e assim ganhar likes, compartilhamentos e engajamento.