Nas-últimas semanas o preconceito no BBB21 esteve mais evidente do que nunca. O episódio em que o ex BBB Rodolfo fez um comentário infeliz sobre cabelo de João, tomou proporções gigantescas, levantando mais uma vez a questão da falta de posicionamento do programa.
Na semana do ocorrido, os internautas começaram a cobrar uma atitude do programa. Mais do que isso, as próprias marcas também fizeram essa cobrança.
Inclusive, isso fez com que a emissora criasse uma espécie de “comitê” para debater como agir nesse tipo de situação. Afinal de contas, desde a última edição percebeu-se como tais episódios podem gerar grande impacto nos patrocinadores.
Toda-essa repercussão resultou em algo nunca antes visto no programa. Após o encerramento das votações, o apresentador Tiago Leifert fez uma ampla explicação sobre porque o comentário de Rodolfo ser errado.
Alguns espectadores aplaudiram a atitude. Já outros encararam todo o episódio apenas como “MIMIMI”. E ainda houve pessoas que acharam o discurso “brando demais”.
Ao longo dos últimos anos, o BBB21 se transformou muito, mas principalmente nesse período de pandemia. Isso porque, ao trazer influenciadores para o reality, a emissora viu uma enxurrada de cobranças vir a tona por meio da web.
Cancelamentos, boicotes e até mesmo “linchamentos virtuais” ganharam destaque. E com isso, a Globo passou a se posicionar de maneira pontual.
No ano passado tivemos diversos episódios do gênero, alguns que movimentaram até mesmo a polícia. E nesse ano não está sendo diferente.
O preconceito no BBB21 apareceu mais do que nunca. Vimos episódios de homofobia, racismo, xenofobia, sexismo e muitos outros.
Contudo, tudo que a emissora parece fazer é enxugar gelo. Digo isso porque acredito os posicionamentos até o momento não possuem o mesmo peso do que as atitudes dos participantes.
Precisamos lembrar que o reality é o mais assistido do Brasil. Ele consegue atingir todas as classes e regiões, o que faz inclusive as grandes marcas pagarem fortunas para serem patrocinadoras.
Logo, acredito que um simples “puxão de orelha” muitas vezes não é suficiente. Na verdade, para mim a emissora faz isso apenas para não se queimar com as marcas.
O que falta no BBB?
Se as atuais atitudes da emissora perante os episódios de preconceito no BBB21 não são suficientes, o que falta fazer?
Acredito que tudo depende. Talvez descontar estalecas, impedir que os participantes façam determinadas provas ou até mesmo expulsão em alguns casos.
O mais importante aqui é que a Globo realmente se posicione, e não apenas apague incêndios.
O que vejo atualmente é que a emissora apenas se posiciona quando uma ameça das marcas vem. Para mim, ainda há um medo profundo da redução da audiência pelo abandono do público que acha que esse tipo de situação é “MIMIMI”.
No entanto, é preciso levar em consideração que cada vez mais as pessoas estão cobrando posicionamentos reais. E esse ano isso ficou muito evidente.
Uma hora ou outra a Globo terá que tomar uma posição, e isso vai impactar na audiência de qualquer maneira.
A falta de pulso firme para lidar com essas questões vai gerar uma imagem negativa para o programa, como se ele compactuasse com certas atitudes. Já um posicionamento mais forte pode gerar um movimento “contra o MIMIMI”.
Não estou aqui falando que a emissora deve escolher um dos lados, e aumentar ainda mais uma divisão que já é clara no Brasil. Mas é evidente que ela precisa atualizar o modus operandi do programa.
Até então as maiores penalizações só ocorreram com participantes que quebraram a regra da violência. Ou seja, apenas quem efetivamente agrediu outra pessoa dentro do reality sofreu punições mais severas, como a expulsão.
A Globo precisa enxergar que não é apenas a violência física que é prejudicial. Existem outras atitudes graves que também precisam de medidas mais energéticas.
Com mais de duas décadas de existência, o programa não se atualizou nesse sentido. E uma hora isso vai impactar na audiência ou no bolso do BBB.
Agora, resta saber o que a Globo fará a respeito. Deixar tudo acontecer pela audiência, ou inovar e mostrar que não tem medo de se posicionar.