Austin, Texas - A apresentação de Amy Webb no SXSW 2025, uma das mais aguardadas do festival, trouxe uma visão provocativa sobre o futuro da tecnologia. A futurista lança anualmente um relatório extenso, com mil páginas, detalhando tendências tecnológicas emergentes e seus impactos em diferentes setores.

A edição de 2025, publicada pelo Future Today Strategy Group (FTSG), é dividida em 15 relatórios temáticos que abrangem áreas como bioengenharia, computação quântica, inteligência artificial, sensores avançados e mobilidade.
Segundo Webb, estamos entrando em uma era de Inteligência Viva (Living Intelligence – LI), onde inteligência artificial, sensores avançados e biotecnologia convergem para criar um mundo hiperconectado, responsivo e adaptável às emoções e comportamentos humanos.
“Entramos em uma nova era onde a inteligência não é apenas digital, mas viva. Estamos criando um ecossistema onde máquinas aprendem, evoluem e decidem por nós,” afirmou Webb durante sua palestra. Essa mudança promete transformar profundamente a forma como marcas interagem com consumidores, substituindo telas e comandos por interações invisíveis e intuitivas.
Sensores Invisíveis e o Fim das Interfaces Tradicionais
Uma das tendências mais relevantes destacadas por Amy Webb no SXSW 2025 é o avanço dos sensores inteligentes, que permitirão a comunicação entre máquinas e o mundo real sem a necessidade de linguagem humana.
“Até hoje, a IA usou a linguagem humana, que é imprecisa. Por isso, a evolução para sensores amplia muito o entendimento do mundo real para a inteligência viva,” explicou Felipe de la Rosa, Sr. Marketing Manager do Nubank.
O relatório do Future Today Strategy Group (FTSG) aponta que gigantes da tecnologia como Apple, Microsoft e Google já estão investindo nesse futuro. A Apple, por exemplo, anunciou recentemente os Action Space Adapters, tecnologia que conecta inteligência artificial a sensores físicos, permitindo que robôs manipulem objetos com precisão. Já a Microsoft desenvolveu o DroidSpeak, um novo protocolo que elimina a necessidade de linguagem humana na comunicação entre máquinas, tornando os processos automatizados mais rápidos e eficientes.
No brand experience, essas inovações abrem espaço para eventos e ativações onde a interação acontece sem telas, botões ou comandos explícitos. Imagine uma loja onde sensores captam o humor dos consumidores e ajustam iluminação, som e aroma para criar uma experiência personalizada. Ou festivais onde a programação se adapta automaticamente ao comportamento da plateia, tornando cada momento único e inesquecível?
O Efeito “Pedra no Sapato” e o Risco de Perder o Foco
Apesar das possibilidades, Webb fez um alerta: muitas empresas correm o risco de focar apenas nos desafios imediatos e perder a big picture da transformação tecnológica. Ela chamou esse fenômeno de “Stone in Your Shoe Effect” (Efeito Pedra no Sapato).
“O efeito ‘pedra no sapato’ pode nos deixar concentrados em um problema pequeno e incômodo, enquanto perdemos a big picture do que realmente importa e, portanto, oportunidades para inovar e crescer. Por isso, precisamos saber lidar com incômodo o tempo todo,” reforça o Sr. Marketing Manager do Nubank.
Ou seja, quem apenas adapta tendências atuais pode perder a chance de criar novas formas de engajamento e interatividade, enquanto marcas mais visionárias podem liderar a transição para experiências sensoriais, personalizadas e invisíveis.
IA Autônoma e o Futuro do Marketing
Outro conceito essencial abordado por Webb foi o dos Multi-Agent Systems (MAS). Esses sistemas utilizam múltiplas IAs que trabalham de forma colaborativa e independente, sem a necessidade de intervenção humana.
“Multi-Agent Systems pode nos levar a uma mudança de paradigmas e conhecimento do comportamento do consumidor. Fazendo um paralelo com o marketing, muitas vezes falamos ‘nossa língua’, que não necessariamente é compreendida pelos consumidores,” destacou De la Rosa.
Isso significa que, no futuro, marcas poderão contar com agentes de IA que analisam padrões de comportamento em tempo real e ajustam campanhas automaticamente. Um assistente digital, por exemplo, não apenas responderá perguntas, mas preverá intenções, adaptará mensagens e otimizará estratégias conforme o perfil do usuário, melhorando a conversão e o engajamento.
Ética e Privacidade no Brand Experience do Futuro
Se por um lado essas inovações prometem revolucionar a experiência do consumidor, por outro, trazem desafios éticos significativos. Webb alertou para os riscos de um futuro onde tecnologias como o Sonic Sanctuary (SS), inicialmente projetadas para otimizar acústica, podem ser usadas para controle emocional de multidões sem que as pessoas percebam.
“A tecnologia nunca é neutra. Precisamos decidir agora como queremos usá-la antes que seja tarde demais,” enfatizou Webb.
A questão da privacidade também se torna crítica. Se sensores invisíveis podem capturar emoções e prever ações dos consumidores, até que ponto essas informações serão usadas de forma ética? Como garantir que a personalização extrema não se transforme em manipulação?
O Futuro do Brand Experience com Amy Webb?
O relatório do FTSG nos leva a crer que as decisões tomadas nos próximos cinco anos podem ser determinantes para o futuro do Brand Experience. Marcas que souberem integrar inteligência viva, sensores invisíveis e IA autônoma estarão na vanguarda da inovação, enquanto aquelas que não acompanharem essa transformação correm o risco de se tornarem obsoletas.
Como Amy Webb no SXSW 2025 demonstrou, o futuro das experiências imersivas não será apenas sobre entreter, mas sobre criar ambientes que evoluem junto com o público. A pergunta agora é: como de fato vamos transformar isso em realidade?