Histórias moldam culturas, fortalecem comunidades e criam conexões profundas entre marcas e pessoas. No painel “Human-Centered Storytelling: Driving Connection & Culture”, realizado no SXSW 2025, a diretora e roteirista Cheryl Miller Houser apresentou um framework que vai além das técnicas narrativas tradicionais e ensina como criar histórias emocionalmente autênticas e capazes de transformar comportamentos.
A abordagem de Cheryl se baseia na ideia de que boas histórias fazem as pessoas sentirem. Esse conceito não é novo para ela: no ano passado, durante sua palestra no SXSW 2024, ela resumiu essa essência em uma frase inspirada em uma tatuagem que viu na perna de uma amiga: “Feel it all” (Sinta tudo). De acordo com Cheryl, o storytelling mais eficaz não é apenas bem estruturado – ele é profundamente humano.
Ana Robalo, COO da MCI Brasil, que acompanhou a palestra deste ano, conta que “ela conseguiu, através desse framework, inspirar a criação de histórias que geram resultados em vendas, impacto social e até desenvolvimento pessoal”.
Cheryl compartilhou um método que ela mesma usou para desenvolver sua palestra no SXSW 2025. Antes de criar qualquer narrativa, ela inicia com escuta profunda – um processo que envolve tanto o ambiente externo quanto suas próprias emoções. Por isso, ela decidiu moldar sua apresentação com o tema “Be Human” (Seja Humano), mostrando que o storytelling eficaz nasce da nossa humanidade compartilhada.
“Eu escuto o mundo. Tento perceber o espírito do tempo refletido em tendências e crenças. Ouço os desafios que minha audiência enfrenta e o que o mundo precisa. Também escuto meu coração, prestando atenção no que tenho sentido no último ano”, diz a painelista.
Storytelling Human-Centered
O framework apresentado se baseia em três pilares fundamentais:
- Ouvir com o coração aberto: Toda grande história começa pela escuta. Compreender verdadeiramente a audiência permite que a narrativa ressoe de forma autêntica e significativa.
- Lutar e triunfar: Histórias que mostram desafios e superações são mais envolventes e memoráveis. Esse princípio se aplica tanto ao branding quanto à comunicação corporativa, ao empreendedorismo e ao ativismo social.
- Fomentar a integração: Histórias que unem pessoas criam laços mais fortes e duradouros com o público. A NFL, por exemplo, utiliza o storytelling para conectar jogadores e torcedores ao redor do mundo, reforçando valores de diversidade e inclusão. Esse princípio também foi explorado no SXSW 2024 por meio do comercial da Apple “The Greatest”, que apresentou a história de pessoas com deficiência usando a tecnologia da empresa para viver com mais independência.
Exemplos de campanhas que utilizam o Story-Telling Human-Centered
Para exemplificar esse conceito, ela apresentou campanhas e exemplos emocionantes, como:
- O comercial da NFL destacando projetos da liga em países africanos.
- A trajetória da ginasta Simone Biles, que abriu um importante debate sobre saúde mental nas Olimpíadas.
- A recuperação do ator Jeremy Renner, da Marvel, após um grave acidente.
- O comercial da Volkswagen com Maria Rita e Elis Regina, que emocionou especialmente a plateia brasileira.
“Ela usou a Simone Biles e o Jeremy Renner como exemplos perfeitos disso – histórias de luta, resiliência e triunfo”, conta Ana Robalo, COO da MCI Brasil.
O Papel do Storytelling no branding e na cultura
O painel reforçou que marcas que sabem contar boas histórias não apenas vendem produtos, mas criam legados. O storytelling, quando bem aplicado, gera conexões genuínas e engajamento duradouro. “Se você quer mudar a percepção das pessoas, quer que elas se importem com algo e tomem uma ação, não há ferramenta mais poderosa do que o storytelling”, afirma a palestrante.
A palestra de Cheryl trouxe aprendizados aplicáveis não apenas ao marketing, mas também à liderança e ao impacto social. A história de uma marca não deve ser apenas sobre o que ela vende, mas sobre o que ela representa e como se conecta com as pessoas.
O futuro do storytelling Human-Centered
O aprendizado principal do painel foi claro: o storytelling mais poderoso é aquele que faz as pessoas sentirem. Em um mundo saturado de informações e estímulos, as marcas que conseguem criar histórias autênticas, relevantes e humanizadas se destacam.
Como reforçou Ana Robalo, COO da MCI Brasil: “ela foi ovacionada porque conseguiu mostrar, na prática, o impacto que uma boa narrativa pode ter”.