Storytelling através da tecnologia

ILMxLab celebra 10 anos de narrativas imersivas e projeta o futuro no SXSW 2025

Entre parcerias e projetos nos games e nos cinemas, estúdio agora antecipa a criação de experiências multi-usuário e integração a estruturas maiores

O festival South by Southwest (SXSW) 2025 vem fazendo justiça ao seu estereótipo como um hub de inovação e grandes histórias. Desta vez, um dos maiores destaques do evento ficou para a ILMxLab, uma divisão da Industrial Light & Magic (ILM), que apresentou sua trajetória de 10 anos na criação de narrativas imersivas com realidade virtual (RV) e realidade mista (RM).

A apresentação, feita por um time de especialistas da ILM Immersive (Vicki Dobbs Beck, Alyssa Finley, Jonathan Harmon, Mark Miller e Elizabeth Walker), destacou projetos como Vader Immortal, Carne y Arena e What If…?, mostrando como a evolução tecnológica ampliou as possibilidades de contar histórias e criar conexões emocionais profundas com o público, além de estabelecer projeções para o que o futuro aguarda para o setor da narrativa imersiva.

Dez anos de inovação na narrativa imersiva

Desde 2015, a ILMxLab explora o potencial da realidade virtual e realidade mista para criar experiências que vão além do entretenimento tradicional. A apresentação no SXSW (não foi a primeira vez, aliás)revisitou alguns de seus projetos mais emblemáticos e discutiu como a combinação de storytelling e tecnologia continua a redefinir a forma como o público interage com narrativas imersivas.

Lá em 2013, nós estávamos montando um time para o nosso grupo de jogos, combinando gente da LucasArts e do ILM, e eles eram meio que uma unidade mais ‘rebelde’, fazendo coisas como pesquisa e desenvolvimento de alta fidelidade gráfica. Isso tudo nos deu a fundação que nos permitiu estabelecer uma marca focada no storytelling mais imersivo”, disse Beck.

“Ao mesmo tempo, também víamos tecnologias emergentes chegando – particularmente, a realidade virtual. A primeira vez que usei um headset DK2 – pense nele como um protótipo do atual Oculus – foi muito empolgante. Se você ainda não trabalha com RV, devia começar, porque ela não se parece com nada que você já tenha experimentado.”

Imagem do painel sobre narrativas imersivas pela realidade virtual, no SXSW 2025
Imagem: SXSW 2025/Reprodução

Vader Immortal usa conexão emocional do público com personagem lendário

Um dos casos apresentados no painel do SXSW 2025 foi sobre Vader Immortal, um jogo inteiramente rodado em realidade virtual, produzido pelo ILMxLab e lançado em maio de 2019. O sucesso da produção demonstrou como a RV pode criar laços emocionais com personagens clássicos, mesmo sem diálogos extensos.

Fãs de Star Wars vão reconhecer a história de origem do icônico vilão: após ser derrotado pelo seu então mestre Obi-wan Kenobi em um rio de lava em Mustafar, Darth Vader foi totalmente reconstruído, abraçou o “lado negro da Força” e tornou-se o vilão cuja trilha sonora imponente é reconhecida no mundo todo. Entretanto, lacunas em sua história ainda não foram esclarecidas – e é nisso que entra Vader Immortal.

Quando começamos [o desenvolvimento] de Vader Immortal, nós decidimos abordá-lo muito mais como se fosse um filme. Como se você fosse um fantasma e a história se desenrolasse ao seu redor, uma premissa que durou mais de um ano até chegar nesse momento onde nós não estávamos usando de verdade as forças da realidade virtual”, explicou Miller.

Tem duas coisas com a RV: ela tem esse ‘poder de presença, de estar na cena. É o poder da conexão, de se ligar diretamente a um personagem. Então demos uma guinada bem grande, decidindo fazer com que o jogador fosse o centro da história. E sua relação em desenvolvimento com Darth Vader seria a jornada, mas era essencial que a gente confirmasse que você de fato pudesse atingir essa conexão com um personagem.

Mark Miller, do ILMxLab

Carne y Arena usou a realidade virtual como ferramenta de impacto emocional

Essa mesma abordagem do ILMxLab pode ser vista em Carne y Arena, curta-metragem feito em RV e um projeto do diretor Alejandro Iñárritu. O filme explorou o uso da tecnologia para recriar experiências realistas e impactantes, gerando empatia e reflexão sobre um tema social bem complexo: a vida e as dificuldades de uma pessoa imigrante.

O filme coloca o espectador como um participante de um grupo de imigrantes que, guiados por um “coiote” (nome dado aos “atravessadores de fronteira” entre os EUA e o México), até que são parados pela patrulha local. O que segue é uma série de interações entre imigrantes, pessoas de diferentes culturas, as autoridades de fronteira. A premissa evidenciou como a RV pode ser usada para provocar emoções intensas e gerar discussões relevantes.

What If…? e o uso avançado da Realidade Mista

Possivelmente o maior projeto a usar realidade virtual nos períodos contemporâneos, What If…? demonstrou o potencial da tecnologia em integrar personagens virtuais ao ambiente real dos usuários, com alta fidelidade e interatividade.

Durante o painel no SXSW 2025, a apresentação de What if…? foi aberta com um vídeo curto, filmado pelo ILMxLab na semana anterior ao evento, dando o tom merecido em uma discussão de uma autêntica produção da Disney e da Marvel.

Esse foi um projeto bem interssante”, disse Harmon. “Nós entramos nele bem cedo e eu estava trabalhando de casa por um bom tempo, olhando para esse projeto no monitor e conceitualizando-o como um filme. Eu acho que isso durou até eu botar as mãos no dispositivo, e a partir daí, ele explodiu minha mente”.

O “dispositivo” em questão foi um Apple Vision Pro, que usa, além da realidade virtual, monitoramento de movimentação de mãos e de olhos para assegurar uma imersão mais realista do usuário.

A qualidade da apresentação, quando todos esses personagens de repente apareceram no meu quarto e não só na minha tela foi um tipo épico de experiência, e a qualidade do headset era tanta que, frequentemente, eu me pegava trabalhando por ele, apenas me conectando ao PC do meu escritório. Certa vez, a imersão era tanta que eu só fui perceber que ainda estava conectado na segunda metade do meu almoço, tamanha a claridade.

O futuro da narrativa imersiva

Olhando para o futuro, a ILMxLab pretende expandir suas experiências para além dos games, explorando novos formatos em larga escala. A proposta inclui experiências multi-usuário que poderão ser integradas a ambientes urbanos e parques temáticos, levando a narrativa imersiva para novos patamares.

Além disso, todos os especialistas citaram a capacidade de experimentação da tecnologia, com Harmon especificamente mencionando os óculos de realidade mista abrindo mais possibilidades: “estamos trabalhando em um projeto que envolve a impressão de se viver em uma cidade, por dentro dela, com todos os aspectos devidamente geolocalizados”, ele comentou.

“Se você abordar esse tipo de design de uma forma holística, você tem mais clareza sobre as forças de cada plataforma, individualmente, e sabe como usá-las para criar essa narrativa que permita que você navegue por todos os dispositivos. Eu acho que podemos atingir cenários onde o produto final é maior que a mera soma de suas partes. E nós já fizemos um pouquinho disso, mas tem muito mais para produzirmos. Eu acho que o futuro será empolgante!”

Jonathan Harmon, ILMxLab
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Rafael Arbulu Redator
Redator
Jornalista com (quase) 20 anos de experiência cobrindo tecnologia, entretenimento e negócios, e especialista em conteúdo SEO.