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Em mais um dia bem ocupado do festival South by Southwest (SXSW) 2025), um dos paineis mais aguardados foi o de Eddy Cue e Ben Stiller: o vice presidente de serviços da Apple e o ator, produtor e diretor compartilharam o palco, onde introduziram discussões sobre como usar o storytelling para criar narrativas que geram conexões emocionais genuínas em seus públicos.
O painel tirou proveito do timing favorável, já que Stiller é produtor e diretor da série “Severance” (“Ruptura”, no Brasil), exibida exclusivamente pela Apple TV+, a plataforma de streaming da empresa, que também é dona do iPhone e iPad.
Como “Ruptura” deu uma aula de storytelling para o público do SXSW 2025
A pergunta que permeou a maior parte da conversa de pouco mais de 40 minutos entre os dois, foi como a Apple consegue se manter relevante dentro de um mercado tão saturado como é o setor do streaming.
Reconhecendo que a sua plataforma não faz tantos lançamentos quanto seus concorrentes, Eddy Cue foi sucinto: “se você focar em fazer algumas, poucas, coisas, você pode acabar acertando em algo. E eu acho que a série [Ruptura] fez isso com sobras. Faz um bom tempo desde que eu vi uma produção capturar a imaginação do público. Eu estive em Singapura na semana passada, e quando falei com pessoas que eu sabia que estavam envolvidas com a Apple TV+, isso foi a primeira coisa que comentaram.”
Stiller concordou, reconhecendo que ainda há muito trabalho a ser feito: “nos dias atuais, é difícil fazer algo que se destaque, e pelo que você consiga fazer as pessoas pararem para assistir, simplesmente porque tem coisa demais”, disse o ator.
“A nossa geração — nós [Eddy Cue e ele] temos quase a mesma idade — era diferente. Você ia aos cinemas, os filmes eram aquela coisa [grandiosa] de quando éramos crianças, e a TV era só a TV, mas não haviam todas essas outras coisas por aí. Eu hoje sou curioso para saber como você lida com isso, como alguém que participa da Apple TV e música. Existem todos esses diferentes elementos que chamam a atenção das pessoas. Como você consegue fazer um conglomerado de pessoas que esteja de fato prestando a atenção no que você está fazendo, já que tem tanta coisa boa por aí? É bem difícil chamar a atenção do povo.”
Stiller pode não tê-la mencionado diretamente, mas “Ruptura” certamente cabe na descrição de “algo que se destaque” pelo seu storytelling: apenas em sua segunda temporada – com o episódio final indo ao ar no próximo dia 21 – a produção já é a mais assistida da Apple TV+ em um bom tempo. Embora a plataforma não divulgue números expressos de audiência, há quem especule que “Ruptura” já iguala os números de “Ted Lasso”, outra produção imensamente popular da Apple TV+.
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A produção começou a ser escrita, originalmente, há cerca de 15 anos pelo agora roteirista Dan Erickson. E sua primeira temporada foi filmada durante a pandemia da COVID-19, o que certamente fez com que o elemento narrativo fosse o principal foco para o seu sucesso.
“O conceito criado por ele [Erickson] encontra eco nas pessoas que passam seu tempo trabalhando em nome do seu ganha-pão e evitando lidar com algumas partes de suas vidas”, disse Stiller. “Isso levanta questões como ‘o que está acontecendo nessa empresa’, ‘o que estamos fazendo quando trabalhamos’, ‘o que estamos fazendo com nossas vidas?’. É tipo um ‘The Office’, mas com um pouco de ‘Twilight Zone’ na história. É como a vida”, ele finalizou.
Cue concordou: “já faz um bom tempo desde que vi uma série assim, que capturou a imaginação de tanta gente, tantas culturas e tanta audiência. Isso me lembra das séries dos dias antigos de televisão — você sintonizava [o canal] em uma noite específica e todos ficavam empolgados por toda a semana até o próximo episódio. É com isso que essa produção se parece”.
Roteiro de “Ruptura” encontra similaridades em processos da própria Apple
Um ponto interessante do painel do SXSW 2025 foi justamente o fato de “Ruptura” encontrar diversas similaridades com o dia a dia…da própria Apple. Stiller ressaltou que a empresa de Cupertino, Califórnia, lhe ofereceu bastante liberdade na parte criativa, tanto que parte da estética visual da Lumen – a empresa onde a série se ambiente – é inspirada na “Maçã”.
“As pessoas nos trazem inúmeras ideias é fantástico”, comentou Stiller. “É o programa perfeito para estar na Apple. Há algo na estética”, ele finalizou, antes de brincar sobre os orçamentos destinados pela empresa à produção da série.
Cue, por sua vez, dispensou as preocupações financeiras com uma risada, emendando alguns comentários próprios dessas similaridades: “para que possamos inovar, [nós] não podemos ser iguais a todo mundo”, ele disse. “Nós nos arriscamos e, para conseguir fazer isso, temos de nos cercar de pessoas ótimas”.
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