Essa frase usamos desde que nos entendemos como pessoas. Passamos a
vida inteira dizendo que cada ano passa mais rápido. Que tem meses que nem
registramos o que aconteceu. E que tem dias em que dormimos logo depois de
acordar. As 24 horas parecem ser apenas 12. Cada vez mais rápido.
Eu, pessoalmente, resolvi mudar um pouco as palavras que compõem essa
sentença. Até porque essa percepção neurótica, que trazemos em nossa
rotina, nada mais é do que a pressa de quem muitas vezes nem sabe para
onde está indo.
Pois bem, agora que já vivi mais da metade de minha vida, algumas pessoas
me dizem que, com a idade, conseguimos ser mais racionais e menos
emocionais. Maravilha, dessa forma tornamos nossa vida mais fácil, ao
compreender melhor essa questão do tempo.
Então, aproveitando tudo isso, reescrevi a frase título deste texto, dando a ela
um novo significado. Vejam como ficou: Eu não tenho tempo.
Mas, Luiz, ficou igual? De forma alguma.
No passado, quando dizia que não tinha tempo, me referia ao fato de que as 24
horas do dia, os 7 dias da semana, os 12 meses do ano, não eram suficientes
para todas as tarefas que eu tinha que realizar. Aquela história de fazer o que é
urgente e não o que é importante.
Hoje é completamente diferente. O raciocínio é: será que vou ter tempo de
compartilhar o que aprendi e ainda aprender muito, depois de saber tudo?
Trata-se de um sentimento intenso, cheio de energia, mas também
angustiante. Produzir, produzir, produzir conteúdo, além de fazê-lo circular.
Não é uma tarefa muito fácil.
Entender as tecnologias que estão à disposição e fazer com que meu tempo tenha mais tempo é um esforço muitas vezes frustrante. Não tenho a intuição, o entendimento nato de quem vive desde sempre nesse cenário.
Lembro-me muito bem de que, em determinado momento de minha vida como gestor de gente nas empresas em que trabalhei, quando sentíamos que íamos perder um colaborador dávamos a esse cara um computador para usar, que servia inclusive como símbolo de status dentro da comunidade.
Pessoas passavam e comentavam: olha, ele tem um computador. Outro símbolo de prestígio na hierarquia corporativa era quando a pessoa, ao chegar pela manhã, tinha um jornal em sua mesa e o direito de lê-lo durante o expediente.
Rápido, muito rápido, a turma do jornal foi ficando para trás.
Essas máquinas, que hoje já operam com inteligência artificial, fizeram com que os que não acompanharam a mudança, pois achavam que tinham tempo, ficassem ultrapassados. E, o que tinha o computador, com acesso à internet, passou a ser aquele a quem todos prestavam mais atenção.
Tudo aconteceu tão rápido que as empresas mal conseguiram instalar as máquinas de fax ou o sistema com seu correio eletrônico. A internet transformou a vida de todos. Devo confessar que para mim é fascinante entender um pouco essa realidade.
Como profissional de comunicação, ter à disposição esse arsenal de ferramentas é realmente incrível. Mas também é totalmente desesperador, pois muitas vezes as mudanças acontecem no mesmo dia. Achar um app melhor do que aquele que eu usava ontem passou a ser algo muito corriqueiro.
Daí aquela constatação: agora que decorei as respostas, mudaram as perguntas! Pois bem, diante desse cenário, cunhei a frase novamente, e ficou assim:
Eu não tenho tempo.
Ao contrário.
Tenho pressa de aprender.
Tenho pressa de entender.
Tenho pressa de estar atualizado para poder prosseguir.
E a tal maturidade da idade me ajuda a compreender o caminho a trilhar, mesmo não conseguindo, muitas vezes, ser um conhecedor profundo.
A boa notícia é que tenho a curiosidade de perseguir este objetivo: compartilhar o que não sei e reaprender o que já sabia.
Por isso, estou sempre dizendo: não sei quanto tempo ainda tenho.
Quero aproveitar ao máximo o que o dom da vida me reserva.
Eu não tenho tempo, a perder.