Em meados do mês de junho, recebi um convite intrigante: dia tal, a partir das 17:30h, venha conhecer a nossa Casinha e participar de um círculo de leitura.
Preconceitos afloram a cada momento em nossa vida, como forma de negarmos a possibilidade de conhecer, experimentar, aprender.
Quando me questionaram que evento, era resposta surgiu a partir de lembranças do passado, e a resposta veio rapidamente: é um evento do círculo do livro.
Em tempo, círculo do livro, era uma forma de você adquirir livros a metro, mensalmente, com um valor mais baixo, capa dura e um acabamento de primeira linha, que ajudava os participantes a decorarem suas estantes.
Pronto.-Estava respondido. E eu nem me preocupei em explicar o que eu iria fazer e onde. Até porque não tinha a menor ideia do que iria acontecer.
Chega a data, a hora marcada, pego meu carro, e me dirijo à rua Tinhorão, 60.
Claro, via Waze. Não sabia onde esta rua ficava. Apenas o bairro: Higienópolis.
Muito bem. Cheguei ao meu destino.
Pelo menos, achei que havia chegado. O waze me dizia que estava no local certo. Mas, onde ficava a rua Tinhorão?
Parei em 2 lugares e perguntei sobre a localização da rua.
Nenhuma indicação.
Rodei 3 vezes no mesmo lugar.
O aplicativo mostrava a bandeirinha quadriculada, indicando que eu havia chegado ao meu destino.
Mas onde estava a tal rua?
Estacionei o carro, e resolvi procurar a pé.
Eu havia recebido no convite, a foto da tal casinha, e não conseguia imaginá-la naqueles arredores, cheios de prédios grandes.
Cheguei então a um lugar, uma esquina, com uma rua minúscula, e que não aparecia no aplicativo.
Mal dava para um carro passar. Uma ladeira, não muito íngreme, e cheia de casinhas. Quase uma vila.
Me animei. Estava chegando. Havia finalmente encontrado.
Depois de uns 15 minutos entre o estacionamento e o endereço procurado, finalmente estava à frente da Casinha.
Linda. Inexplicavelmente linda.
Talvez porque, mesmo do lado de fora, pudesse perceber a energia, a sabedoria, a calma que a Casinha passava, mesmo você estando do lado de fora.
Entrei. Recebido como, antigamente, um vizinho recebia o outro, para compartilhar uma xícara de chá.
Por dentro, um ambiente inexplicável: móveis de todos os tipos, com almofadas de todas as cores, sofás, poltronas colocadas em forma de círculo.
Livros por todas as partes, empilhados, arrumados, em todos os espaços possíveis.
Alguns jovens preparando pão, vinho e queijo, para o evento que ia acontecer.
Era fantástico como a diversidade de estilos, e a simplicidade, faziam todo o sentido estético para os olhos e para o coração.
A minha surpresa aconteceu, quando aquelas pessoas que provavelmente nunca haviam se encontrado, foram convidadas para se sentar na sala maior. Em volta de uma mesa de centro, perfeitamente decorada com livros, para todos os gostos, as poltronas, os sofás e as cadeiras, colocadas de tal forma, que todos pudessem se ver e compartilhar.
Vamos começar então, disse nosso anfitrião.
Distribuiu para cada um de nós, um livro de poesias.
E então, tomou a palavra novamente e propôs: a ideia é que vocês vejam as poesias que estão nesta coletânea, escolham a que mais gosta, e leiam em voz alta, para que todos possam ouvir.
Eu juro a vocês; não estava acreditando no que estava vivendo.
Lemos várias.
Percebi claramente a diferença entre ler um texto e ouvir este mesmo texto.
Falamos sobre nossas experiências diante daqueles versos, de nossas crenças, valores, de nossa vida.
Duas horas que passaram como se fossem dois minutos.
Naquele Círculo de Leitura, à luz de grandes poetas, pudemos viver um pouco de paz, um pouco de democracia, sem rancores, sem caras feias, respeitando-se cada contribuição.
Mas não havia terminado.
Os Círculos de Leitura, é um programa implantado em mais de 400 escolas (a maior parte no Ceará), envolvendo milhares de jovens adolescentes, que se propõem a sentarem em um círculo, para ler desde Machado de Assis a Dostoiévski, e trocar suas experiências de vida.
Cada Círculo possui 2 multiplicadores. Estes, jovens também, que passaram pelos ciclos do programa, e se dispõem a ajudar no desenvolvimento de outros, através do programa.
Este programa faz parte das atividades do Instituto Braudel, é totalmente gratuito, e funciona em escolas da rede municipal e estadual.
O Instituto vive de captação de leis de incentivo, doações e patrocínio.
Mas o que mais me impressionou; a desenvoltura como estes rapazes e moças se expressam, como desenvolvem uma ideia ou expõem um raciocínio.
Convido vocês a conhecerem a Casinha, mesmo que virtualmente. Acessem o site, sigam as redes sociais e vejam que iniciativa maravilhosa é este programa
Meus caros colegas e parceiros da área de live marketing, olhem para seus clientes, principalmente àqueles que tem uma tendência a investir em cultura, este é um projeto transformador de realidade.
Conheçam, ofereçam, invistam.
Vale cada centavo.