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Chegar na BGS foi difícil, mas valeu a pena ver o sorriso do público

A Brasil Game Show cumpriu seu objetivo de aproximar fãs e marcas, apesar de seu ambiente extremamente caótico; veja as impressões da feira.

Brasil Game Show (BGS) de 2023 foi realizada no Expo Center Norte entre os dias 11 e 15 de outubro para a alegria dos fãs do mundo dos jogos. A maior feira brasileira do nicho conseguiu fazer seu público se sentir parte integrante de uma comunidade, seja nos meet & greets que vão muito além de tirar fotos ou nos estandes que exalam a energia gamer. O foco do evento e das marcas foi, sem dúvidas, aproximar as pessoas de elementos que são vistos apenas na tela do seu monitor. Streamers, atletas de esports e até mesmo os próprios games permanecem distantes na maior parte do tempo – até mesmo pela natureza do “mundo online” que estão inseridos.

Ainda assim, a BGS também mostrou que solucionar problemas logísticos pode ser um grande diferencial entre uma experiência imersiva ou, simplesmente, um perrengue a se enfrentar. Quem separou um dia do seu feriadão para aproveitar o evento teve que lidar com filas, espaços apertados e, a maior frustração de todas, dificuldades para chegar no evento. 

O público só quis aproveitar

<span-style=”background-color:transparent;color:#000000;”>Uma das coisas mais legais de eventos como a BGS é a união de fãs com gostos parecidos, ou seja, a criação de um ponto de encontro. Inclusive, aqui vai uma dica para todo jornalista, aspirante a repórter ou apreciador de feiras: separe um tempo para analisar os grupos e as pessoas – principalmente aquelas mais engajadas. Para quem não é do meio, olhar um homem de dois metros de altura fantasiado de Naruto pode ser estranho, mas imagine todo o processo por trás e a alegria que ele está sentindo em estar no seu “habitat natural”.

<span-style=”background-color:transparent;color:#000000;”>O que mais havia na feira (além das fantasias) eram sorrisos e frases de empolgação. “Nossa, você viu que o streamer X está jogando o jogo Y no estande Z”, disse alguém antes de entrar em uma fila imensa como se não fosse nada. O que se via na BGS eram pessoas muito animadas e que não se importavam com o alto volume de pessoas no Expo Center Norte. Isso se dá pelo bom trabalho que as marcas fizeram em se conectar com o público, mostrando que muito mais do que criar uma experiência megalomaníaca, é necessário entender perfeitamente o seu público.

<span-style=”background-color:transparent;color:#000000;”>Majoritariamente, a faixa etária era bem jovem, o que pode explicar o excesso de motivação do público. Não à toa, até estudantes com uniformes escolares foram vistos nos corredores (ou será que eram diferentes cosplays?). Destaque também para os grupos de amigos, que muitas vezes estavam com fantasias temáticas para entrar no clima da feira em conjunto. No geral, a BGS parece ter sido uma boa experiência, mas a euforia dos fãs e a sensação de união certamente joga o caos para debaixo do tapete.

As marcas entenderam o que é a BGS

Os estandes da BGS eram bonitos, mas não desnecessariamente rebuscados. No live marketing, principalmente o brasileiro, os fãs adoram estruturas gigantes, efeitos especiais, show de luzes e afins. Porém, estamos falando de um público jovem e gamer, ou seja, que além de não ser facilmente impressionável, só quer jogar ou conhecer seus ídolos.

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A maioria absoluta das marcas focava em alguma dessas duas opções. A Ubisoft por exemplo, grande desenvolvedora responsável por títulos como Assassin ‘s Creed, Far Cry e Rainbow Six, disponibilizou um pouco de tudo no seu grande estande. Fãs poderiam experimentar o seu novo lançamento AC MIrage na nova geração de consoles. Além disso, nomes conhecidos como Rodrigo Goes e Diogo Defante estavam presentes para animar os fãs da empresa.

Outro bom exemplo foi a Red Canids Kalunga, time de esports. A organização levou um grande caminhão que serviu de local para meet & greet com seus jogadores. O destaque também fica para as partidas amistosas de League of Legends disputadas com os influenciadores da equipe, como Lil Vinicinho. O encontro de fãs foi levado para outro patamar na feira e repetido por outras marcas como a própria Dell, fugindo do padrão de sempre de fotos e autógrafos. 

Apesar da BGS ser uma feira de jogos, as empresas também usam esse espaço para promover seus produtos. A Kalunga, por exemplo, levou todo um estoque para ser vendido bem do lado do caminhão da Red Canids. A engenharia é bem simples: você encontra o influenciador/jogador que admira, vira de costas para ir embora e já está, sem perceber. dentro da loja. A natureza do evento é propícia para vendas de acessórios gamers, como cadeiras, teclados, fones de ouvido e mouses (produto que foi comprado por esse que vos escreve).

<span-style=”background-color:transparent;color:#000000;”>Kabum, Logitech, HyperX e Pichau são algumas das empresas que também seguiram essa linha. Muito mais do que vender seus produtos, seus estandes procuraram se aproximar presencialmente dos seus clientes. Chega a ser surreal a capacidade de lojas criarem fãs, que gritam o nome de seus garotos propagandas ou até da própria marca.

É uma estratégia inteligente que só é possível pela natureza da BGS, do seu público (jovens jogadores) e dos produtos oferecidos – que podem ser colocados na mochila e levados para casa. A Comic-Con, por exemplo, nunca conseguiria vender uma TV para um amante da Netflix com tamanha facilidade.

No mais, Cup Noodles, Bauducco, JBL, Monster e afins cumpriram sua missão de trazer uma narrativa jovem para se aproximar dos presentes na BGS. É muito importante se adaptar e entender com quem você está falando, independente do investimento material no seu estande.

A parte ruim

Ir para a BGS foi divertido, mas certamente não foi uma experiência tranquila. Como toda feira de sucesso, o Expo Center Norte estava muito cheio, porém o principal problema foi a falta de acessos para o local. Havia ônibus gratuitos que levavam o público do metrô (Estação Portuguesa-Tietê) até o evento, mas demoravam muito para passar

Além disso, diferentemente da São Paulo Expo, o caminho a pé até a feira é mal sinalizado e não passa segurança. Assim, a melhor opção era esperar a fila gigante dos ônibus da BGS ou pedir um carro de aplicativo. O retorno para o metrô era uma tarefa mais fácil, pois a espera era bem menor. Porém, não houve um dia em que ficamos até o fechar das portas do evento, justamente por conta desse medo de ter que aguardar horas para voltar para casa.

Os vários pequenos problemas enfrentados na BGS fazem com que o evento seja um pouco estressante. A espera no metrô, as grandes filas e a alta lotação são ignoradas por aqueles que estão extremamente empolgados. Mas o sorriso no rosto diminui de acordo com as rugas na pele das pessoas do público. Os jovens fãs de videogame nem parecem que esperaram quase duas horas na fila de um ônibus, porém os pais acompanhantes não escondem a frustração de estar em um ambiente caótico e repleto de incômodos. 

Em outras palavras, a BGS foi uma experiência projetada para fãs. Os pais, normalmente, não estão envolvidos no ambiente gamer e já não contam com a mesma energia que os seus filhos. O evento cumpre o papel de aproximar os gamers com as marcas e influenciadores de forma exemplar – e talvez seja isso que importa no fim das contas. É óbvio que uma pessoa que nunca viu um anime ou jogou Pokémon na sua vida irá achar o ambiente duvidoso, mas ela certamente não é o alvo da BGS.