Paris-2024 está chegando, e podemos dizer que a história se repete. O Brasil não conhece o Brasil.
Em Tóquio fomos apresentados a alguns brasileiros, que de certa forma, eram desconhecidos da grande maioria dos telespectadores, ávidos por medalhas, e que, como sempre, desprezam os quartos e os quintos lugares.
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Há filósofos do esporte que afirmam que o segundo lugar, é o primeiro dos últimos.
Ou mesmo alguns atletas, do grande esporte verde e amarelo, que ao receberem a medalha de vice, logo tiram de seu pescoço, demonstrando uma enorme vontade de jogá-la longe. Para mim, uma atitude de total desrespeito a todos aqueles envolvidos no esporte, incluindo-se aí o seu adversário.
Mas a ideia aqui, não é falar deste esporte. E sim dos esportes olímpicos, e daqueles atletas que se recuperam ou estão aparecendo no cenário mundial.
Primeiro, quero mais uma vez ressaltar apenas 2 deles, de uma coleção imensa, de fatos de nossa história esportiva.
Dois atletas que fizeram o impossível para estarem nos Jogos de Tóquio.
Começo com Darlan Romani. Quem se lembra?
Receba a minha admiração. Aqueles que não conhecem, vamos tratar de apontar fatos importantes, na vida deste atleta. Darlan bateu na trave na RIO 2016, e em alguns campeonatos mundiais de arremesso de peso. Variou de quinto a quarto. Sempre muito próximo. Em minha avaliação um feito extraordinário. Para Tóquio, um problema, a pandemia. Pois ele arrumou um jeito de treinar no terreno baldio ao lado de sua casa.
Resultado da prova, quarto colocado, e uma entrevista emocionada afirmando que não iria desistir.
No mundial indoor de Belgrado, resultado, Campeão Mundial. Uma enorme emoção no pódio ao ouvir o hino de sua pátria ser executado.
Uma outro case espetacular; Italo Ferreira. Nosso medalhista de ouro, no surf, em Tóquio 2020.
Meus amigos, vocês têm ideia de como este atleta iniciou sua aprendizagem no esporte? Pois vou lhes contar. Italo começou a surfar, nas praias do nordeste, em cima de uma tampa de isopor. Que história não! Uma tampa de caixa de isopor, esta foi a primeira prancha do campeão olímpico do surf, em sua estreia em Olimpíadas.
Claro que poderia ficar aqui contando várias histórias, de como os brasileiros e brasileiras se superam para conseguir um lugar na história de seus esportes.
Quando gerenciava um projeto esportivo, em uma oportunidade, recebemos em nossa equipe de base, uma atleta vinda de uma favela, que só comia ovos. Por quê? Em sua casa, sua mãe tinha 2 ou 3 galinhas e este era o único alimento que rolava às refeições.
Seguindo em frente.
Mas Luiz, afinal quem são esses ilustres desconhecidos no título deste artigo?
Explico. E vou começar colocando os sobrenomes de dois deles.
Luiz Gustavo Borges cravou 22 segundos na prova de 50 metros, índice que o classificou para o mundial de natação. Não precisa explicar o sobrenome; mas para os desavisados, ele é filho de um dos maiores atletas brasileiros, o medalhista Gustavo Borges.
O segundo sobrenome é Meligieni, e pertence a Carolina. Assim como o pai Fernando, Carolina batalha nas quadras de tênis e juntamente com Laura Pigossi e Beatriz Hadad vem fazendo história no tênis feminino brasileiro. Lembrando que Laura e Luiza Stefani, que se recupera de uma torção) foram medalha de Bronze em Tóquio 2020, lugar que o Brasil jamais alcançou em uma Olimpíada. Essas meninas vêm batendo todas as marcas que o Brasil possuía, atingindo lugares que só a nossa Maria Esther Bueno conseguiu.
Em nosso título aparece também o nome de Milena. Para mim responsável por uma das cenas mais tristes para nós, na última Olimpíada. Milena Titoneli era uma daquelas favoritas para uma medalha no tae-kwon-do. Principalmente pois as 2 lutas que faltavam, ela venceria em condições de normalidade. Milena perdeu as duas e quase entrou numa situação de burn out por conta disso. A boa notícia, é que ela, agora com 23 anos, se recupera e vem numa caminhada em direção a Paris. Boa sorte Milena.
Mas, não paramos por aí. No surfe, Filipe Toledo venceu a etapa de Bells Beach do Circuito Mundial e assumiu a liderança da classificação, mostrando que pode ser o quarto brasileiro a ser campeão, seguindo os feitos de Gabriel Medina (2014/18/21), Mineirinho (2015) e Ítalo Ferreira (2019).
E finalizando este nosso pequeno ensaio de esportes olímpicos, lembremos dos nomes de Mayra Aguiar, nossa super campeã do judô; da ginástica olímpica Rebeca Andrade; da canoagem co Isaquias Queiroz, que promete uma nova medalha; e a não mais fadinha, diria eu, já uma princesa do skate, Rayssa Leal.
Claro, existem outros atletas que não citei, e peço desculpas humildemente.
Mas, já que estamos falando de esportes, gostaria muito que me ajudassem com uma explicação: porque antes das partidas do campeonato brasileiro de futebol, ainda se faz 1 minuto de silêncio em homenagem póstuma aos brasileiros que infelizmente nos deixaram nesta pandemia, uma vez que ninguém respeita a homenagem?
Também não entendo por que se executa o hino nacional. Vemos jogadores se aquecendo, torcida xingando os adversários, locutores e comentaristas dando os resultados e as escalações pela décima oitava vez.
Devo ser muito obtuso por não conseguir entender.