Meus amigos, estamos nos aproximando rapidamente dos Jogos Olímpicos – Paris 2024, uma das maiores oportunidades de fortalecer sua marca, rejuvenescer seus seguidores e gerar resultados tangíveis e intangíveis para a organização que você representa.
O maior evento esportivo do mundo na era moderna tem em sua origem a figura do barão Pierre de Coubertin, e é um enorme catalizador de traços de imagem importantes para qualquer empresa que tenha a possibilidade de se ligar aos valores trazidos pelo ideal olímpico.
Patrocinar eventos esportivos, culturais, na área de educação, enfim, patrocínios de qualquer natureza, significa um esforço grande das equipes de marketing das empresas que compraram esses direitos. E é importantíssimo entender que, quando essa compra acontece, o que foi adquirido realmente foi o direito de, e não qualquer outro aspecto diferente disso.
O-grande engano é achar que os resultados virão por osmose ou gravidade. Isso é um enorme equívoco. Há de haver muito trabalho para que o direito de se torne efetivamente um diferencial para a marca.
Este artigo tem por objetivo compartilhar um pouco da minha experiência diante dessas oportunidades, e eu quero colocar minhas tintas mais diretamente no patrocínio esportivo.
Como sempre, a primeira reação da equipe é negativa. Diante de uma ideia, temos a mania de, primeiro, pensar no que não vai dar certo e depois, mas depois mesmo, de muito tempo, pensar no que pode ser feito para ter resultados positivos.
Pois bem, a primeira lição que aprendi com meus amigos de Sidney 2000 e Londres 2012 foi “faça primeiro o seu trabalho”. Depois de planejar, faça aquilo que planejou fazer. Mas faça. Difícil, não é? Não fique esperando o vizinho ou o concorrente fazer. Estabeleça suas metas e as persiga até conseguir conquistá-las.
A segunda lição é bem mais complexa: “faça as coisas serem simples”. Esse é um desafio inatingível para a maioria das pessoas que eu conheço. Algo do tipo, antes de pensar no metaverso pense no verso, isto é, no posicionamento que você vai construir, no qual o verso é aquilo que você tem a dizer. Mas seja simples, nunca simplório. Faça com que seus clientes, seguidores, concorrentes possam entender e admirar positivamente aquilo que criou. Simples!
Uma pausa nas lições, mas um achado que caiu em minhas mãos. Quando resolvemos comprar um patrocínio, quer seja do esporte, quer seja cultural, depois da crise de negação vem à questão de como se defender da concorrência, que certamente vai querer tirar uma casquinha, de qualquer forma possível e com frequência muito criativamente.
A primeira providência que normalmente tomamos é exigir daquele que é o dono do evento que haja uma ação muito forte contra o ambush marketing (também conhecido como marketing de emboscada). O resultado da sua consulta será um lindo memorando afirmando que estão preparados para combater qualquer ato dessa natureza. O que nunca é dito é que, depois de realizada a ação de ambush, e se for bem-feita, pouco adiantará a recomendação de tirá-la do ar, ser proibida, e outras formas.
Muito bem, Luiz. Fazemos o quê, então? Ficamos feito otários vendo o concorrente surfar na onda em que nós pagamos para estar?
Em minhas considerações com minha equipe, sempre acreditei que o melhor remédio para essas questões remetia-se principalmente às duas lições iniciais: faça o seu trabalho primeiro e faça de forma simples, para que todos retenham sua mensagem claramente. Eu garanto que, se fizer isso, você não vai temer nenhuma ação de emboscada. Sua estratégia será vencedora.
Lição número 3: endomarketing. Use todos os direitos que você adquiriu para envolver seu público interno. Faça com que participem. Ofereça algum tipo de benefício, talvez em forma de reconhecimento, mas faça a ação de patrocínio virar assunto nas rodinhas, mesmo que haja comentários do tipo: “Puxa, quanto dinheiro empregado nessa porcaria. Podiam dividir essa grana entre os funcionários.” Não se engane. Vai haver todo tipo de reação.
Mas tenha certeza de que despertar no colaborador o sentimento de pertencimento é o melhor caminho a seguir. Eu tive um chefe que dizia assim: “Luiz, precisa gerar torcida a favor!” E ele tem toda a razão.
A quarta lição remete a outra questão muito simples também.
E como somos engenheiros de obras complicadas e complexas, acabamos tendo muita dificuldade com isso. Foco. Escolheu o caminho, foque nele. Todo dia foco. Pode testar, rever, transformar, mas tenha foco e nunca perca de vista o horizonte que foi traçado. Ter foco e não perder a trilha é também um exercício muito importante para ser feito no dia a dia e ao longo de todos os dias.
A esta altura, você, caro leitor, tem todo direito de perguntar: “Luiz, o barão eu entendi, mas o que o Zeca Pagodinho faz no título de seu texto?” A resposta é simples. O carnaval terminou poucos dias atrás. Quem assistiu, brincou ou participou deve ter notado o trabalho feito pela marca de cerveja Brahma. Para que possamos encerrar, com um exemplo real.
O carnaval, sem dúvida alguma, é um dos maiores eventos que existem, concordam? Acho que sim. Percebam a sutileza da simplicidade. A marca em questão – e eu ouso dizer que todas as marcas de cerveja – constrói um raciocínio muito simples, desde sempre: carnaval conecta-se com cerveja, de uma forma muito natural. Pois bem, este ano, e vou me referir principalmente ao carnaval do Rio de Janeiro, a Brahma olhou para o evento de forma a não deixar espaço para ações de emboscada. Adquiriu os direitos, e me pareceu que com exclusividade, pois não havia outra marca participando das ações da emissora que transmitiu os desfiles. Assim, sempre aparecia com foco total nos intervalos da Globo.
Durante a transmissão, vinhetas de merchandising compunham um cenário adequado ao evento, além de inúmeras outras ações de comunicação durante todo o carnaval carioca. E aí vem uma ação de sampling muito bem estruturada. No desfile da Acadêmicos do Grande Rio, escola que trouxe para a avenida uma linda homenagem a Zeca Pagodinho, uma equipe de promotores distribuía ao público presente latinhas com a imagem do homenageado, fechando assim todo o ciclo de comunicação em relação ao aproveitamento da oportunidade do patrocínio do evento.
Vale citar que o nosso Zeca, muito identificado com o consumo de cerveja, desfilou num carro, com um copo de cerveja na mão. Um pequeno detalhe que faz a diferença.
Pierre de Coubertin e Zeca Pagodinho nos trazem reflexões e elementos reais de como, ao adquirir os direitos de patrocínio de um evento de qualquer natureza, é fundamental fazer o seu trabalho, de forma simples, focada, não deixando espaço para concorrentes, e que certamente deva ter atingido os objetivos plenamente.
Parabéns aos integrantes do time que realizou essa ação de marketing. E aproveito para pedir se por acaso alguém da empresa não poderia me presentear com uma das latinhas homenageando Zeca Pagodinho. Ela seria uma peça de destaque em minha memorabilia.
Salve o barão! Salve Zeca! Salve o carnaval! Salve Paris 2024