Durante os anos em que eu estou no mercado existe um modelo de prática de concorrência, nem sempre saudável, que estamos acostumados a nos confortar com respostas prontas de que faz parte do “game”, como já ouvi várias vezes.
Agências concorrendo quase que num campo de batalha, sem de fato praticar ou pensar na coexistência.
Nas reflexões sobre o assunto desta semana, me deparei com os pontos que rodeiam o tema central desta coluna: Representatividade, Diversidade e a questão: Qual é o mercado que estamos construindo para as pessoas?
Mas o que esta questão tem a ver com as práticas de concorrência? Tudo.
E a provocação de hoje é: Collabs (ou co-criações) entre agências.
Reunir expertises e colocar a pluralidade de diversas vivências em um projeto é mais assertivo e isso já é um fato. Porém, co-criar e colaborar entre agências pode ser tornar algo ainda mais grandioso.
Isso pode acontecer entre agências do mesmo segmento, principalmente quando estamos falando de Live Marketing, que é um segmento bem abrangente.
É muito comum os clientes utilizarem agências de diferentes áreas de atuação de forma separada, mas juntá-las, transforma o potencial criativo em comunicação integrada.
E se estamos falando de potencializar a criatividade e consequentemente a entrega, por que o movimento de juntar expertises entre agências geralmente não partem das próprias agências?
Existe um pensamento condicionado de que se chamarmos outra agência que possui mais expertise em algum tipo de atuação estamos perdendo espaço, ou dando ao entender que não somos bons suficientes para atender o todo.
E está tudo bem não atender o todo sozinho. Mais ainda, está tudo bem dividir com o cliente que um determinado projeto foi realizado de forma colaborativa com outra agência que é especialista, possui mais propriedade ou que naquele momento é mais indicada para contribuir com o que ele pediu.
Além de ser transparente, isso é uma forma de dar protagonismo.
As duas agências ou mais deverão ser protagonistas naquela entrega, pois criaram juntas o projeto.
Isso pode ser ampliado se entendermos o ecossistema de agências e fomentarmos a inclusão de agências menores ou de outras localidades no processo de colaboração.
Lembra que no artigo anterior eu falei sobre diversidade cultural, territorial e de narrativas? Estamos falando sobre isso.
É expandir a forma de enxergarmos o mercado de maneira que todos possam coexistir e que as boas práticas sejam de fato aplicadas em um ambiente inclusivo e de oportunidades múltiplas.
É claro que para promovermos esta prática algumas adequações no “book dos processos” de desenvolvimento dos projetos precisarão ser adaptadas:
- Os prazos por exemplo, precisarão aumentar pois são duas ou mais empresas co-criando, o que requer um pouco mais de tempo na afinação das ideias.
- As condições de pagamento dos clientes precisarão atender ao porte de ambas as agências pois uma agência menor nem sempre consegue segurar os prazos de pagamentos propostos por grandes anunciantes.
- As atuações de cada agência precisarão ser bem definidas logo no início para que não haja ruído em nenhuma fase do projeto.
Dar protagonismo e promover a inclusão também está relacionado a repensarmos os nossos modelos de negócio. Vamos coexistir e colaborar?