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Comunicação além do hype: É hora de se conectar com pessoas.

A tecnologia deve ser vista como uma facilitadora, mas o entendimento das emoções humanas continua sendo o alicerce da comunicação eficaz.


No universo em constante evolução do mercado de propaganda, a busca incessante por estar “antenado” e atualizado levou as agências a se adaptarem a diversas tendências ao longo dos anos. 

Desde a afirmação de que “os dados são o novo petróleo”, novas tendências surgem anualmente, muitas delas ditadas por eventos como o SWSX. 

De 2017 até hoje, as palavras de ordem foram: data-driven, futurismo, causas, metaverso e web3, ESG e agora, em 2023, testemunhamos uma nova explosão da inteligência artificial, redefinindo a comunicação das marcas.

Essa-rápida retrospectiva ilustra a constante evolução do mercado publicitário, adaptando-se às tendências e desafios de cada ano para uma conexão mais profunda com o público.

Conexão com Pessoas

O mercado ainda busca o hype, aquele rápido lampejo de atenção com trocadilhos engraçados e memes do momento. 

No entanto, as pessoas, os consumidores, estão cada vez mais saturados com o volume avassalador de comunicação das marcas. 

Esta conexão efêmera gera relações instantâneas e superficiais, que raramente tocam ou emocionam. Nesse cenário, é crucial entender como o cérebro humano processa informações e emoções.

Conexão de pessoas para pessoas

Jean Baudrillard, autor de “O Código Cultural,” argumenta que as emoções são cruciais na construção do conhecimento. 

Segundo Jean, as informações são processadas de maneira diferente pelo cérebro dependendo das emoções associadas a elas. 

Informações que despertam emoções positivas tendem a ser lembradas e compreendidas mais facilmente do que aquelas que evocam emoções negativas.

Mihaly Csikszentmihalyi, autor de “Flow: A Psicologia do Prazer em Atividades Cotidianas”, destaca a importância das emoções na aprendizagem. 

Ele afirma que as pessoas aprendem melhor quando estão envolvidas em atividades desafiadoras, mas não impossíveis, que proporcionam um estado de “fluxo” – uma concentração total, envolvimento e prazer.

O neurocientista brasileiro Antonio Lavareda afirma que as emoções são codificadas no cérebro de maneira semelhante às informações cognitivas. 

Lavareda argumenta que as emoções são cruciais para a captação de mensagens, ajudando a determinar qual informação é relevante e deve ser processada.

Portanto, a visão científica sobre aprendizagem e absorção de mensagens pela mente humana destaca a importância das emoções no processamento cerebral.

Além do hype

Enquanto os dados e as tendências do mercado são ferramentas valiosas para a construção de estratégias de propaganda, não podemos esquecer que o cerne da comunicação eficaz está na conexão com as pessoas. 

Somos seres sociais, e as emoções desempenham um papel fundamental em nossas interações.

Para construir uma cultura popular duradoura e impactante, e muitas vezes, para apontar o caminho em direção a temas cruciais para a nossa evolução como indivíduos e sociedade, precisamos ir além do hype passageiro. 

As pessoas ainda se conectam com pessoas, e nenhum algoritmo ou conjunto de dados pode substituir essa conexão humana genuína.

A tecnologia deve ser vista como uma facilitadora, mas o entendimento das emoções humanas continua sendo o alicerce da comunicação eficaz. 

Devemos esforçar-nos para emocionar as pessoas e fazer parte de suas histórias, não apenas como um elemento residual de uma campanha, mas como uma marca que molda e enriquece suas vidas. 

Como vimos em muitos cases premiados em Cannes esse ano, as causas, além de fazerem uma reparação histórica, tocam e emocionam as pessoas. 

Em última análise, é por meio das emoções que construímos relacionamentos duradouros e deixamos uma marca indelével na mente e no coração das pessoas.

Foto: Divulgação