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Inovação, tecnologia e criatividade: o verdadeiro potencial da periferia para mudar o mercado de trabalho

A periferia paulistana sempre teve muita coisa a ensinar e mostrar as verdadeiras faces de um Brasil desigual e complicado. No entanto, ela é muito mais do que isso! Não falta é capital humano, inteligência e muito espaço para fazer diferente.

Cristovão Wanderley

Você é empreendedor ou empreendedora? A sua grande oportunidade está na Terra da Garoa! Segundo o Índice de Cidades Empreendedoras 2022, a capital paulista é a principal cidade para empreender no Brasil. O estudo realizado pela Endeavor e produzido pela Escola Nacional de Administração Pública (Enap) tem como base os dados de 2021. 

Mas será que essa oportunidade é para todo mundo?   

Devido às condições socioeconômicas do Brasil, entre outras questões, o empreendedorismo ainda é visto como uma exclusividade para quem habita e trabalha nos grandes centros urbanos. 

Outro levantamento publicado recentemente mostrou exatamente esse abismo de oportunidades. 

Segundo pesquisa da FGV, os negócios sociais formados fora da periferia têm capital inicial 37 vezes maior (R?712 mil, em média) do que daqueles que começaram na periferia (R?19 mil). Já as receitas dos empreendimentos sociais periféricos são 21 vezes menores: uma média de R?146,9 mil contra R?3,053 milhões dos que são de periferia. 

Os dados fazem parte de um estudo realizado pelo Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGVcenn) em parceria com a Fundação Arymax. 

A realidade do empreendedorismo pode ser complexa, mas cabe a cada um de nós mudá-la. Veja o sucesso recente da PerifaCon. Falando nela… 

PerifaCon 2022: inovação e criatividade na periferia paulistana  

A primeira convenção nerd das favelas voltou a se encontrar com seu público depois de dois anos devido à pandemia. Mais do que mostrar que a cultura geek é sim direito de todos, o evento foi marcado por toda criatividade, inovação e que a periferia tem muito a ensinar. 

No total, foram mais de 10 mil pessoas presentes, 300 profissionais trabalhando, 60 artistas e ilustradores, além de presentas ilustres como Mauricio de Sousa e de grandes marcas como o próprio Nubank, que teve um painel na PerifaCon para falar sobre “Arte, Território Digital, Futuro e Impacto”. 

O banco digital, que é considerado uma das maiores plataformas de serviços financeiros do mundo, lançou sua própria plataforma de inovação social que irá catalisar iniciativas nas favelas e periferias brasileiras com o lema “pelo corre de quem sempre foi correria”. 

Inovação e empreendedorismo nas periferias  

E essas iniciativas vão muito além dos eventos. Uma delas é o “Empreende Aí”, criado em 2015, que oferece cursos e capacitação para empreendedores nas regiões periféricas de São Paulo-SP. 

Outra iniciativa muito interessante que funciona como um Laboratório de Inovação e Tecnologia Social é o Instituto das Pretas. Terceiro exemplo: o Wakanda Educação Empreendedora, que ensina micro e pequenas empresas a impulsionarem seus negócios. Sem falar na gigante Gerando Falcões, que eu já citei o trabalho deles em outros posts. 

Berço de cultura e diversidade, periferia também tem oportunidade  

A periferia paulistana sempre teve muita coisa a ensinar e mostrar as verdadeiras faces de um Brasil desigual e complicado. No entanto, ela é muito mais do que isso! Não falta é capital humano, inteligência e muito espaço para fazer diferente. 

Cabe às grandes empresas, principalmente aquelas localizadas nos grandes centros urbanos de São Paulo, abrirem as suas portas para essas pessoas, seja por meio de parcerias ou oportunidades de trabalho. 

Afinal, essa é a chance de fazer diferente, tirar o ESG do discurso e gerar negócios com criatividade, inovação, diversidade e novas tecnologias. Assim será possível construir uma sociedade muito mais justa e inclusiva, gerando lucro e impactando positivamente o ecossistema à nossa volta. Ou você pretende continuar atuando da mesma forma?

Cristovão Wanderley é sócio-diretor geral da Stratlab Inteligência Digital, responsável por inovação, estudo de tendências de tecnologia e adoção de novas ferramentas, além de desenvolver estratégias de negócio por meio do marketing digital.