Mulheres em posição de liderança estão cada vez mais moldando o cenário corporativo, trazendo consigo uma abordagem única e valiosa para a gestão de equipes e negócios. O Promoview conversou com essas líderes que estão moldando o futuro das organizações e inspirando as novas gerações. Em homenagem ao Dia Mundial da Mulher, listamos aqui aprendizados e conselhos para uma boa liderança.
1 – Manter a autenticidade
As cobranças e expectativas sob as mulheres nas corporações pode fazer com que elas se comportem de forma diferente no âmbito profissional. Não falamos aqui sobre postura corporativa, mas sobre uma armadura que é construída para se proteger contra questionamentos, que, infelizmente, costumam ser direcionados a elas.
“O autoconhecimento é essencial para todo líder, mas é ainda mais iminente nas mulheres. Nós precisamos confirmar nossas fortalezas, saber no que podemos agregar e ter confiança naquilo em que somos boas. Da mesma forma, devemos reconhecer no que precisamos de ajuda. Enquanto líderes, é importante saber que buscar ajuda não nos torna frágeis. Expor a vulnerabilidade não é sinônimo de fraqueza”, aconselha a Head de Marketing do Ifood, Beatriz Pentagna.
“Não tema o fracasso e encare-o como parte do crescimento. Defenda-se contra preconceitos e estereótipos, e seja autêntica, valorizando suas próprias qualidades. Você é forte, capaz e digna de ocupar espaços de destaque no mercado profissional. Nunca subestime seu valor e nunca desista de seus sonhos”, defende a CEO da Seven Thinkers, Simone Freitas.
A CEO da Fibra.ag, Andrea Pitta, reforça que fazer o que gosta faz toda a diferença: “Acima de tudo, eu acho que a característica principal, você tem que ser um(a) líder autêntico(a). A boa liderança deve vir do coração. Hoje em dia, as pessoas precisam cada vez mais de coisas que tragam verdade”.
2 – Ter empatia
A empatia não é apenas uma habilidade essencial para liderar, mas também uma força motriz para o sucesso organizacional. “Como empresária, considero que a empatia é crucial para compreender as necessidades, preocupações e pontos de vista dos membros da equipe. Assim, promovemos um ambiente de trabalho colaborativo e inclusivo que valoriza a diversidade de experiências e perspectivas”, sugere a CEO da Seven Thinkers, Simone Freitas.
Para Elaine Rufato, CEO da Avantgarde, ter mulheres em posições de liderança, especialmente em um ambiente tão competitivo, é inestimável para a criatividade: “Nossa habilidade de compreensão contribui para criar um ambiente de trabalho mais inclusivo e motivador. O que, por sua vez, melhora a performance da equipe e os resultados da empresa. Além disso, serve como inspiração para outras mulheres na indústria, mostrando que é possível fazer a diferença”.
Uma forma de garantir que a empatia seja efetiva nas corporações é ter uma escuta qualificada e uma comunicação transparente. “É essencial ter ciência de que as pessoas são diferentes entre si, respeitar essa diversidade e saber ouvir. Por isso, é preciso manter um canal sempre aberto, ter uma comunicação eficiente, franca e clara. Dessa forma, o time vai saber que o(a) líder está disposto a ajudar no que for preciso”, complementa a CEO da agência Múse, Drielly Bispo.
3 – Se impor
Um estudo realizado pela Kotex — como é chamada a marca Intimus fora do Brasil — aponta que 60% das mulheres pelo mundo acreditam que o progresso feminino está estagnado. Isso é ainda mais latente entre a geração jovem. Além disso, 50% das entrevistadas afirmaram que o mundo atual é um lugar desconfortável para elas.
“Como mulheres, precisamos levantar nossas vozes, nos posicionar sempre e mostrar como queremos viver o progresso em nossas vidas. Precisamos questionar todos os estigmas que norteiam o “ser mulher” na sociedade. E, para termos ainda mais mulheres protagonistas de suas vidas profissionais e pessoais, precisamos de todos na sociedade, afinal, não se trata de uma questão ‘feminina’ apenas, pois a equidade é positiva para todos”, diz a gerente executiva de marketing da Kimberly-Clark no Brasil, Marisa Cazassa.
Andrea Pitta, CEO da Fibra.ag, conta que sempre precisou se reafirmar nos espaços em que ocupava: “Quando eu entrava para apresentar um projeto, normalmente, eram salas com apenas homens brancos. Somente a partir do momento que eu começava a apresentar minhas ideias com muita segurança, eu passava a ter o respeito, a autoridade. Infelizmente não é algo que você tem de prontidão, você precisa conquistar”.
A head de marketing do Ifood, Beatriz Pentagna, trabalha na área de B2B e lida com um grupo diverso de empreendedores: “Já passei por situações que eu tive que me posicionar. Falar ‘sou eu quem toma as decisões sim.’ Acontece de os homens não acharem que eu sou a chefe. Esperam que uma outra pessoa estivesse ali falando o que eu estava falando”.
“É fundamental que as mulheres não se intimidem diante de obstáculos ou preconceitos. Acreditar no próprio potencial e continuar a se capacitar são chaves para alcançar o sucesso profissional”, afirma a CEO da Eagle, Brenda Maia.
4 – Ter uma rede de apoio
A rede de apoio envolve a esfera familiar e as amizades, mas, nas corporações, pode ser também colegas que te inspiram e pessoas que te acolhem. A gerente executiva de marketing da Kimberly-Clark no Brasil, Marisa Cazassa, conta que sempre se inspirou em mulheres, que, às vezes, mal percebiam o tamanho de suas potências.
“É libertador ouvir que uma CEO já teve medo ou que ela já teve dúvidas sobre carreira e vida pessoal, e, mesmo assim, enfrentou e seguiu. Ao mesmo tempo, como é incrível ver mulheres inteligentes, empoderadas, humanas, em cargos-chave para as organizações, sendo respeitadas – por todos – pelo seu profissionalismo“, diz a gerente.
Para Andrea Pitta, que foi pioneira no ramo, a trajetória foi mais solitária: “Eu era a única mulher negra em todos os lugares em que eu estudava ou trabalhava. Eu era solitária. Por fim, eu convivi, fiz amigos, mas todos eles são brancos. Por isso, hoje, a pluralidade é uma característica muito forte na Fibra.ag. Temos pessoas diversas que não apenas ocupam esses espaços, mas são realmente ouvidas”.
“A rede de apoio é uma aliada para lidarmos com inúmeras situações de desconforto na carreira, simplesmente por sermos o que somos: mulheres com nossos ciclos e nossos corpos”, conclui Marisa Cazassa.
5 – Capacidade de se adaptar
Em um ambiente empresarial em constante mudança, a adaptabilidade é uma qualidade valiosa para uma liderança eficiente. “Ser capaz de se adaptar rapidamente a novas situações e desafios, considerando os impactos sociais e ambientais, é crucial para o sucesso a longo prazo da empresa”, diz a CEO da Seven Thinkers, Simone Freitas. “O mercado muda rapidamente, e estar à frente dessas mudanças, antecipando tendências, é essencial”, complementa a CEO da Avantgarde, Elaine Rufato.
A CEO da Múse, Drielly Bispo, diz que o mercado valoriza características que costumam ser atribuídas às mulheres: “A habilidade de se adaptar a diversas situações, fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo e lidar com imprevistos são muito importantes no dia a dia da corporação”.
Entender o ambiente do mercado é essencial para tomar decisões assertivas. Para a CEO da Fibra.ag, se adaptar significou traçar o próprio caminho: “Eu trabalhei em grandes agências. Eu sempre ocupava um cargo de destaque, chegava a diretora e estagnava. Eu via que ali eu não subiria mais do que isso e a minha resposta foi empreender”.
6 – Questionar estigmas
Como equilibrar a rotina quando a estrutura da sociedade em si é desequilibrada? O mercado ainda reproduz opiniões machistas a respeito da vida pessoal das mulheres. Para que esse cenário se reverta, é preciso que todas as pessoas busquem a transformação.
A head de marketing do Ifood, Beatriz Pentagna, cita, por exemplo, como o dilema “família ou carreira” ainda é muito presente.” Dificilmente uma mulher que pretende ser mãe não reflete sobre isso. Será que eu quero engravidar agora? Ou eu quero esperar a minha próxima promoção? Isso é muito injusto“.
Infelizmente, no Brasil, muitas mulheres são questionadas em processos seletivos sobre a maternidade, o que não ocorre com os candidatos homens. Além da licença maternidade ser mais longa que a licença paternidade, algumas empresas assumem que se a criança estiver doente, a mãe é quem se habilita a cuidar.
“A questão é menos sobre a criança e mais sobre quem se habilita a cuidar da família. Não pode ser a cargo só da mulher. A distribuição de tarefas tem que ser igual, da mesma forma com casais LGBTQIA. A discussão da maternidade e paternidade deveria independer do gênero”, diz a head de marketing do Ifood, Beatriz Pentagna. “Da mesma forma, não é porque você é uma mãe solo, por exemplo, que você não terá o tempo para o trabalho. Você vai conseguir encaixar. Precisamos normalizar esses assuntos“, conclui.
Marisa Cazassa, da Kimberly-Clark, complementa: “A mulher precisa saber que ela pode tudo, menstruada ou não, com ou sem filhos, jovem ou madura. Antes de tudo, o importante é questionar qualquer estigma relacionado a gênero”.
Por fim, Marissa Cazassa recomenda a leitura de Lean In, da Sheryl Sandberg, que trata da diferença entre os gêneros no mundo corporativo. A obra enfatiza que o medo não deve impedir as mulheres de buscar o que desejam e que é importante que elas encontrem mentores e aliados que as apoiem em suas ambições.