Uma pesquisa realizada pela SODA – Society of Digital Agencies – aponta que as agências, nas mais diversas especializações, estão investindo seus recursos em dois pontos estratégicos: 51% priorizam melhorias para maior eficiência operacional e 49% adotam medidas para atrair e reter talentos.
É fácil entender e apoiar essa visão. Por trás desses dois fatores, estão os maiores riscos que as agências enfrentam hoje: de um lado, a perda de clientes e, de outro, o turnover de funcionários que, segundo dados da ANA – Association of National Advertisers – pode chegar ao patamar de 30%.
Olhar para dentro
O primeiro olhar de qualquer agência – diria de qualquer negócio – que deseja se manter no mercado com sucesso e por muitos anos, é para dentro. A pandemia veio reforçar a aspiração das pessoas por maior qualidade de vida. E esse desejo passa, necessariamente, pelo trabalho como fonte de autorrealização e propósito.
Hoje, a briga é acirrada pelos profissionais mais preparados, criativos e colaborativos, ou seja, que não só tragam as competências técnicas, mas também agreguem inteligência emocional. Esse termo pode até já estar desgastado, mas seu conceito permanece mais vivo do que nunca, atualizado pelos preceitos de manutenção da saúde mental e respeito a um ecossistema coletivo.
Ambiente acolhedor
Para ser bem-sucedida, a agência precisa criar um ambiente interno inclusivo e acolhedor, no qual ideias e soluções possam nascer e crescer, assim como cada colaborador e seus projetos pessoais de vida. Como negócio que vive de tendências e de entender e traduzir movimentos sociais, é mandatório saber navegar conforme a onda.
Dentro desse novo ecossistema colaborativo, não há mais espaço para concentração de poder e estruturas engessadas. Entram em cena papéis que se alternam conforme o projeto, em que se lidera ou é liderado, demandando de todos a capacidade de trabalhar em equipe e em prol do sucesso dos clientes.
Mais que isso: essa estrutura permite que o cliente continue sempre bem atendido, mesmo que amanhã, pelo movimento natural do mercado, algum colaborador decida buscar novos horizontes. O conhecimento e a alma da agência não são premissa do indivíduo, mas sim se fortalecem e desabrocham no coletivo, beneficiando os clientes.
De olho no relacionamento
Ah, os clientes…nossa razão de ser. Por que de um lado temos parcerias de longa duração, anos a fio, e de outro a temida dança das cadeiras, em que é praticamente impossível garantir a fidelidade das empresas? Se você já conseguiu estabelecer um ambiente interno favorável, respeitando e valorizando as diferenças, atingindo eficiência nos processos e, por consequência, reduzindo o turnover, é meio caminho andado. E certamente evitará alguns dos principais erros que fazem os clientes fugirem.
O primeiro deles – e mais comum quando se trata de “casamentos” de longo prazo – é a agência parar de ouvir o cliente e oferecer repetidamente velhas estratégias, muitas vezes deslocadas das transformações do mundo real. Se os seus profissionais não se atualizam e não crescem, não conseguem oferecer nada diferente do que mais do mesmo.
Isso é fatal para as empresas que têm o desafio constante e a grande pressão de acompanhar o consumidor nas suas demandas, nos novos canais de comunicação e hábitos. O brilho no olho tanto de quem contrata quanto de quem presta o serviço é a chave dessa relação. Muita pesquisa + vivências + aprendizados + inovação: essa é a equação a ser seguida.
Atenção às necessidades
Outro equívoco comum: não dedicar tempo e esforço para realmente entender o cliente, suas necessidades, as dinâmicas do seu negócio e as limitações. Pense em você mesmo como um cliente: qual seu nível de aderência e satisfação em qualquer situação de compra quando alguém te oferece algo que não tem absolutamente nada a ver com o que você procura?
No universo corporativo é igual. As empresas não querem estratégias rasas e massivas. Querem cada vez mais soluções customizadas e originais. E isso só é possível quando a agência tem como diretriz a imersão recorrente nos clientes, com atualização permanente.
Flexibilidade
Por último, e não menos relevante, vamos falar de flexibilidade. Agências que não abrem mão de crenças rígidas, processos arcaicos, budgets pré-definidos, enfim, que não estão disponíveis para estudar e oferecer novas formas de colaboração, estão fadadas a desaparecer.
Não se trata, evidentemente, de aceitar condições de trabalho pouco éticas, dignas e inadequadas, com fees que não comportam uma atuação de qualidade, ou mesmo concorrências com regras pouco justas. Mas sim de compreender que hoje vivemos em tempos de economia circular, pensamento colaborativo e propósitos de bem comum para o futuro. Ao mostrar que está disposta a construir novos caminhos junto ao cliente, a agência estabelece uma parceria de confiança. E é esse ativo valioso que fará esse relacionamento durar.
*Por Maíra Holtz, sócia-diretora da Estalo, agência de Marketing 360º