Semana passada, estive visitando o Fórum Panrotas. Lá, tive a oportunidade de assistir à apresentação da pesquisa “O poder do novo consumidor”, realizada pelo Instituto Locomotiva para prover informações à liderança da indústria de viagens e turismo no Brasil.
Pesquisa muito interessante, aliás, como todos os estudos científicos realizados pelo Instituto, fundado e liderado por Renato Meirelles. Segundo o estudo apresentado, não estamos entrando em uma nova normalidade, mas sim ainda vivendo um período de transição, marcado por medidas e comportamentos excepcionais.
Por muito tempo, vivemos entre os sentimentos de medo e confiança. Diante de uma avalanche de mudanças, tivemos que ser disruptivos e aprender a viver ou sobreviver em uma nova realidade de transformações não planejadas, que nos foram impostas. Testamos nossos limites e tivemos ainda que encarar as consequências do isolamento prolongado. Sem vacinas e com a paciência curta, tentamos até inventar um novo normal.
Agora,-nos últimos meses, com a vacina no braço da maioria dos brasileiros e brasileiras, quando ensaiávamos entrar na fase de superação da pandemia, somos surpreendidos por uma nova cepa do vírus e obrigados a retornar à fase anterior: revisando todas as estratégias, para, novamente, lidar com o desconhecido sem ter que parar o trabalho e a vida.
É tudo tão extraordinariamente ao vivo, que a pauta era constantemente atropelada pela realidade dos assuntos que chegavam a cada hora. Na agenda, executivos das principais companhias aéreas do mundo apresentavam planos de retomada. Na vida real, novas barreiras sanitárias e possíveis fechamentos de fronteiras chegavam, ameaçando destruir planos que sequer tinham sido anunciados.
Toda essa dura realidade estava retratada na pesquisa, que mostrava que as pessoas iriam continuar pisando no freio da economia, pois a maioria vai continuar evitando aeroportos, shoppings centers, comércios de rua, restaurantes, transporte público, salões de beleza e academias de ginástica, entre outros serviços. Para se sentirem seguras e com coragem para lutar, continuarão a usar máscaras, a evitar aglomerações no comércio e aferindo suas temperaturas, entre outros cuidados citados. Essas são medidas que todos consideram temporárias, mas ainda necessárias nos tempos atuais.
A consequência desses dados é que 51% dos brasileiros dizem estar pessimistas com a situação econômica do país.
Mas, como as pesquisas não são usadas só para confirmar fatos ou reafirmar resultados anteriores, o estudo do Instituto Locomotiva também apresentou dicas preciosas para lidar com o novo cenário de incertezas.
Quando falamos dos hábitos e do poder dos novos consumidores, 91% deles acreditam que a vida não voltará a ser como antes da pandemia. E essa pode ser uma boa notícia.
Numa leitura de oportunidades, a pesquisa mostra que, embora pessimistas com a situação geral do país, as pessoas estão se sentindo mais fortes e confiantes nelas mesmas. Mais de 62% afirmam que sua situação financeira já está igual ou melhor do que antes. Esse alto percentual mostra que estamos aprendendo a fazer mais com menos e que muitas oportunidades surgiram.
Durante a pandemia, 23,1 milhões de brasileiros passaram a pedir delivery e 42,9 milhões tornaram esse um hábito frequente. Desde o início do isolamento social, os cursos online aumentaram em 69%, o consumo de cerveja no Brasil foi o maior desde 2014, e o de vinho bateu recorde absoluto de consumo. E não foi só o setor de bebidas que ganhou; o consumo de alimentos também foi turbinado por uma multidão de 26,4 milhões de brasileiros que começaram a cozinhar em casa.
A pandemia também tem provocado sentimentos positivos e humanizados nas relações: 71% estão cuidando melhor das pessoas que amam e 99% destes pretendem continuar a cuidar de seus entes queridos após o isolamento social. Isso justifica a busca por refúgios familiares, que oferecem comodidade e privacidade, turbinando o turismo regional e nacional.
O Brasil é um dos países que tiveram maior crescimento de novos usuários nas redes sociais nos últimos 12 meses. Segundo estudos da Hootsuite-We Are Social, os dados sugerem uma média de 900 mil novos usuários de redes sociais por dia ao redor do mundo, o que representa 10 novos usuários por segundo.
E por falar neste mundo online em que estamos inseridos, a democratização do acesso à rede revelou que o mercado das ditas minorias, na verdade, é um gigante e poderoso mercado formado por mulheres, negros, pessoas LGBTQIA+ e pelas classes C, D e E. Um mercado que representa 76% do consumo do comércio em nosso país e que mostra que, quando abraçamos a diversidade e incluímos diferentes pessoas no ambiente e na estratégia dos negócios, estamos protegendo as empresas e tornando-as mais fortes para superar o futuro, seja ele qual for.