Estamos as vésperas de mais um 8 de março e fiquei aqui imaginando o que minhas colegas do setor de Eventos gostariam de ganhar de presente. Poderia ser mais briefings, aprender mais sobre os virtuais e híbridos, traçar mais alianças estratégicas, mais faturamento, menos stress, férias, … e a lista poderia ter mais n itens.
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Uns mais, outros menos, cada uma teria a sua predileção, mas em pleno 2022, num pós pandemia (que nem é pós de verdade) e numa pré guerra (surreal), num setor dos mais impactados e em processo de reinvenção, acho mesmo que a mulherada quer um abraço e sentir que o nosso segmento a abraça.
Abraço que afaga, mas que, ao mesmo tempo acolhe e reconhece. Mas afinal, será que o “O setor de Eventos empodera as mulheres?”
Antes de tentarmos responder essa pergunta é importante brevemente entender o termo empoderar: “Conceder ou conseguir poder; obter e conquistar mais poder; tornar-se poderoso.” Já quando falamos de empoderamento é “um movimento de emancipação individual, cuja busca é ter domínio sobre a própria vida, o empoderamento dá voz e autonomia, principalmente às minorias e reprimidos”.
No caso do empoderamento feminino não é uma ideologia a ser pregada e sim uma forma de criar consciência individual e coletiva, onde cada um pode mudar sua forma de agir diante de diversas situações sociais, apoiando causas e ações criadas por mulheres e para mulheres, possibilitando que conquistem igualdade entre gêneros, social e política.
Dentro desse contexto, é preciso olhar atrás das cortinas de nosso setor e refletir, pois, nos cursos de graduação e pós relacionados a indústria de eventos e live marketing a maioria são mulheres, no quadro de professores idem. Dos poucos livros brasileiros que abordam nossa área, a maioria são autoras.
Vejo um número considerável de produtoras, planners, atendimentos, coordenadoras, assessoras, cerimonialistas, analistas, redatoras, mas ainda vejo poucas especialistas comerciais e de patrocínio, líderes de área, diretoras, presidentes de entidades.
Somos muitas em quantidade, mas é preciso pulverizar essa participação nos diferentes níveis hierárquicos e nas diversas tipologias de eventos e não se trata de “cotas” e sim de oportunidades.
Já nos eventos em si, é preciso fazer um exercício analítico sobre como estamos abordando e oportunizando esse empoderamento. Para tal, pego emprestado os 7 Princípios de Empoderamento das Mulheres (WEPs), criado pela ONU Mulheres e Pacto Global das Nações Unidas.
São diretrizes para o meio empresarial, que oferecem orientação sobre como delegar poder às mulheres no ambiente e mercado de trabalho e na comunidade, buscando apontar a melhor prática, trabalhando com a dimensão de gênero. Apresento os mesmos abaixo com o devido detalhamento numa das colunas e na outra, possibilidades de implementação.
Confiram:
7 WEPS |
Ações efetivas em Eventos |
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LIDERANÇA: Estabelecer uma liderança corporativa de alto nível para a igualdade entre gêneros; | Ser signatário desse programa ou de algum outro de maneira que projetos, intervenções e modus operandi das empresas de eventos estejam imbuídos desse princípio com exemplo vindo top down | |
IGUALDADE DE OPORTUNIDADE, INCLUSÃO E NÃO DISCRIMINAÇÃO: Tratar todos os homens e mulheres de forma justa no trabalho – respeitar e apoiar os direitos humanos e a não discriminação |
– Abrir vagas afirmativas, inclusive considerando transexuais. – Criar treinamentos para staff e fornecedores sobre formas de tratamento e alerta sobre termos machistas – Evitar uniformes que explorem a sensualidade e priorizem beleza e ambiente corporativo. – Salários e Premiações com mesmos valores |
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1. SAÚDE, SEGURANÇA E FIM DA VIOLÊNCIA: Assegurar a saúde, a segurança e o bem estar de todos os trabalhadores e trabalhadoras; |
– Canais de fala para possíveis situações de assédio moral ou sexual para com staffs por parte de clientes, fornecedores e pares – Apoio jurídico para as situações acima – Treinamento de conscientização e abordagem do tema |
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2. EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO: Promover a educação, a formação e o desenvolvimento profissional para as mulheres; | – Dar voz às mulheres na curadoria dos eventos, seja como palestrantes, MC e artistas | |
3. DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL E PRÁTICAS DA CADEIA DE FORNECEDORES: Implementar o desenvolvimento empresarial e as práticas da cadeia de abastecimento e de marketing que empoderem as mulheres; | No portfolio de parceiros, considerar o “women business” via empresas, cooperativas e ONG´s. | |
4. LIDERANÇA COMUNITÁRIA E ENGAJAMENTO: Promover a igualdade através de iniciativas comunitárias e de defesa; | Propor ações de responsabilidade social que apoiem iniciativas de projetos já existentes relacionados ao empoderamento e empreendedorismo feminino | |
5. ACOMPANHAMENTO, MEDIÇÃO E RESULTADO: Medir e publicar relatórios dos progressos para alcançar a igualdade entre gêneros |
– Avaliar e dar voz as mulheres com as impressões e insights para melhorias e eficiência de programas internos – Divulgar ações relacionadas ao tema |
Empoderar é um verbo e este precisa ser conjugado por todos os sujeitos envolvidos na cadeia, a palavra remete a conscientização, informação, porém mais do que nunca AÇÃO.
Nesse sentido, aproveitem a tabela acima e deem ok, nas atitudes que o setor, as entidades, os veículos, as agências, os clientes, os fornecedores, os projetos, você, … Tem dado efetivamente, na prática e talvez possamos responder à pergunta do título.
Em resumo, Mulheres Empoderadas, tem percepção de seus pontos fortes e de melhorias a serem feitas, quem ganha com isso é o mundo e o nosso mercado.
Vamos abraçar e empoderar as Mulheres nessa data especial, acredito ser um dos melhores presentes.