Mesmo antes de o novo ano começar, a gente já entra na pressão dos balanços, perdas e ganhos do ano anterior.
O que vamos deixar para trás? O que vamos levar a diante? Sempre que um ano novo começa, nos sentimos pressionados pelas promessas que precisamos fazer para nós mesmos e para os outros.
De reafirmar nossos compromissos de melhorar como Seres humanos, e, em especial para esta coluna corporativa, como empresário e líder de uma organização.
Para aumentar a pressão, ainda temos que pensar o ano novo com o fantasma desse vírus indomável que deve nos assombrar por mais uma temporada.
A preguiça, citada no título deste texto, vem do fato de termos que começar mais um ano desgovernado, neste querido Brasil que é a nossa pátria.
Se-e complicado como cidadão, imagine o desafio de enfrentar um ano novo como empresário, principalmente, das áreas de turismo, comunicação corporativa, live marketing…
Sem um esforço coletivo centralizado para sairmos enquanto país desta pandemia, com vacina e compromissos com a nossa vida e a vida do próximo, não conseguiremos transportar, reunir, informar, capacitar ou entreter as pessoas – ou seja, mais um semestre ou ano sem conseguir trabalhar de forma plena ou suficiente para sustentar nossas operações.
Desalinhados como estamos em relação às boas práticas globais, não seremos sequer bem-vindos no Exterior. Ou seja, menos oportunidades ainda, pois não poderemos promover nossas viagens de incentivo, de pesquisas ou educacionais por esse mundo afora.
A impressão que tenho é de que evoluímos de um quadro em que não tínhamos ajuda estruturada, para outro em que, além da ausência de auxílio, ainda ganhamos várias barreiras para dificultar o caminho.
Acabei de chegar de uma viagem planejada ao Peru, aqui na América Latina. Uma viagem de isolamento em trilhas por um vale sagrado, que insisti em fazer, mesmo tendo que encarar de forma corajosa e com todos os protocolos de segurança recomendados os aeroportos que tive que cruzar.
Este olhar, de fora do Brasil, mesmo estando aqui tão perto, em um país vizinho, me fez perceber quanto todo esse desalinhamento de informação em nosso país traz reflexos imediatos e claros no cotidiano de todo mundo e quanto isso se reflete na quantidade alarmante de vida que perdemos e continuamos a perder.
No Peru, um dos berços da civilização, a cultura Inca ainda se faz presente. Lembrando que, para eles, no passado, não existia um Deus acima de tudo e de todos.
Não existia uma força suprema, em que se podia creditar ou culpar pelos males que aconteciam. Para os incas, eram as pessoas que deveriam cuidar uma das outras. Simples e funcional, né? E foi isso que presenciei por lá, em todos os lugares, desde o aeroporto, hotéis, ou até nas pequenas tribos que se colocavam ao longo do caminho.
Todos usavam máscaras, todos os locais eram sinalizados sobre os riscos e a necessidade de se manter distância, e os protocolos eram seguidos à risca.
Ao entrar e sair de qualquer local destinado ao público, era preciso medir a temperatura, lavar as mãos ou passar álcool em gel. Em nenhum momento percebi qualquer discussão sobre a validade ou não de tais procedimentos.
A cultura estava no ar – tão presente quanto o vírus – e mostrava que cuidar uns dos outros era a atitude prioritária daquelas pessoas e, por consequência, de todos os turistas – ou quase todos que estavam presentes. Confesso que presenciei alguns turistas sendo alertados pelos incas…Sorry, pelos peruanos.
Todo o país estava unido no combate ao Covid-19, e vi que quando não existem forças patrocinando o contrário tudo funciona de forma mais fácil e os bons resultados aparecem.
De volta ao Brasil, logo ao sair do avião, o sentimento de insegurança bateu forte. Percebi que só era possível entender que eu estava aterrissando em um dos países líderes de contaminação depois de andar uns 500 metros, quando já estava retirando as malas na esteira.
Daí, o cenário de desinformação se completou, com pessoas usando máscaras somente na boca, manchetes de jornal negando os benefícios das vacinas, e a vida que continuava seguindo, valorizando o jeito esperto de sermos brasileiros.
Dias depois, de volta à realidade e já refeito do susto e da decepção com a forma como lidamos com nossas tragédias, vesti novamente o chapéu de cidadão e empresário.
Com mais clareza, consegui me motivar, lembrando que estes, assim como todos os desafios que passamos em 2020, são claros e ricos aprendizados para a construção de um ano novo melhor.
O ano de 2021 tem se apresentado como um repeteco fortificado de 2020, quando fomos vítimas de várias mudanças não planejadas. Então, neste ano novo que começou, o vitimismo não poderá ser mais um abrigo.
Agora, temos mais informações e condições de agir ativamente em relação às mudanças que ainda vamos enfrentar até que tudo isso melhore. Mudanças essas que devemos promover de forma ativa, a partir daquilo que sabemos que não devemos fazer novamente.