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Retail Supernova e as mudanças no varejo tradicional

Hoje, os consumidores têm acesso a uma variedade de opções de compra, podem interagir com a marca de diversas maneiras e, sobretudo, sem a necessidade de se deslocar quilômetros, principalmente nas grandes cidades.

Ricardo-Pinho 

O Retail Supernova, criado por Lee Peterson, da consultoria americana WD Partners especialista em varejo, refere-se à evolução do setor. Segundo ele, o varejo costumava funcionar como uma única estrela, onde todas as atividades convergiam.  No entanto, essa estrela está chegando ao fim de seu ciclo de vida, resultando em uma explosão. Essa analogia descreve bem o que estamos testemunhando no comércio atualmente.

Para começar, vamos entender desde o seu início!

A disrupção no varejo

Em 1999, o varejo estava no estágio final de seu ciclo de vida, no qual tudo era centralizado em uma única estrela. Em 2005, ocorreu o boom do Varejo Supernova, impulsionado pelo surgimento do comércio eletrônico. Essa explosão resultou na descentralização das atividades varejistas, oferecendo aos consumidores a opção de escolher entre diferentes canais de compra. Em 2008, o comércio eletrônico mundial representava apenas 12% do varejo, mas aumentou para 35% em 2020, reflexo expressivo do impacto da pandemia.

Agora, segundo Lee, estamos presenciando uma nova explosão. As antigas megalojas estão se transformando em lojas locais, shoppings ao ar livre, lojas pop up e showrooms de experiência. Hoje, os consumidores têm acesso a uma variedade de opções de compra, podem interagir com a marca de diversas maneiras e, sobretudo, sem a necessidade de se deslocar quilômetros, principalmente nas grandes cidades.

O futuro do varejo e a cidade de 15 minutos

Em uma pesquisa realizada pela própria WD Partners, foi constatado que 100% das pessoas não pretendem voltar a trabalhar cinco dias por semana no escritório. O mesmo estudo revelou que 37% dos consumidores preferem comprar em lojas locais. Diante disso, é crucial entender como os bairros podem atrair esses novos consumidores. Nesse cenário, o mercado de vizinhança é uma demanda dominante, com 88% dos entrevistados afirmando que estão dispostos a comprar localmente. E é justamente aqui que se encontra a ideia do consumidor caminhar não mais do que 15 minutos para resolver todas as suas demandas no bairro. Como sugere Lee Peterson aos donos de marca do varejo, qualquer que seja o segmento: “get local”.

A lógica por trás desse conceito está alinhada com o que os consumidores buscam atualmente. Nas proximidades, encontramos uma variedade de lojas, como roupas infantis e cafeterias, que permeiam os bairros. Essa nova realidade já está presente e se reflete no mercado de proximidade e conveniência. O varejo, mais capitalizado, facilita o comércio eletrônico, e vice-versa. A capilarização do setor impulsiona a logística de entrega, superando os dois principais desafios do ecommerce: redução do custo do frete e prazo de entrega. A existência de dark stores, por exemplo, permite que produtos cheguem a consumidores que anteriormente não eram alcançados.

A explosão das lojas, a capilarização do comércio, as diversas formas de interação com as marcas e a ascensão da ideia da ‘cidade de 15 minutos’ são tendências e realidades do varejo atual. Os consumidores buscam conveniência, personalização e proximidade. O comércio está em constante transformação para atender a essas demandas, proporcionando uma experiência de compra mais satisfatória.

Com a convergência entre lojas físicas e e-commerces, impulsionado pelo trabalho remoto, estamos testemunhando a evolução do varejo para um modelo mais adaptado às necessidades dos consumidores modernos. 

* Ricardo Pinho é diretor da Linx Bridge. Executivo com 25 anos de experiência na indústria de software e foco em serviços, sucesso do cliente, sistemas ERP e transformação digital.