Cada vez mais patrocinar transforma-se em um exercício de entendimento, reflexão, pesquisa e segurança de com quem, com o que, a empresa está se relacionando.
Recentemente vimos a denúncia de trabalho em regime semelhante a escravidão, em um grande evento de música em São Paulo.
Claro está que, quem patrocina se junta a um processo pronto, onde não teve qualquer responsabilidade na contratação dos trabalhadores que lá estavam.
Mas também, o que precisa ser entendido é o quanto situações desta natureza, acabam contaminando a imagem dos envolvidos, na medida em que as marcas hoje, tentam se aproximar o máximo possível de temas como inclusão, diversidade, ESG.
Já existem situações em que, neutralização de carbono, já é um dos itens do briefing de concorrências, provenientes das áreas de compras e de eventos, mesmo que o projeto em si, tenha pouca visibilidade no mercado.
Tudo certo até aqui turma?
Agora quero desenvolver um raciocínio que vai exatamente nesta direção, patrocínio e o envolvimento das marcas.
No programa da televisão brasileira, que hoje gera muitos lucros aos envolvidos, o BBB 23, enfrentou uma crise de ética e bons costumes. Os expectadores assinantes ou não, para acompanhar a casa 24 horas por dia, tiveram a possibilidade de ver cenas de assédio sexual, ao vivo e em cores.
A princípio, muito blá, blá, blá e nenhuma providência.
Mas uma onde de pressão foi se formando.
Patrocinadores insatisfeitos com os rumos que as coisas estavam se encaminhando, vieram a público manifestar sua discordância, quanto ao fato de não haver providências sendo tomadas, pois afinal havia o risco de se não houvesse alguma decisão para resolver as questões éticas e morais, o patrocínio ao programa poderia sofrer baixas importantes.
O fato de que, os patrocinadores se mobilizaram exigindo soluções, e estas foram colocadas em cena, rapidamente, nos traz a esperança de que começa um movimento onde patrocinadores passam a exigir providências em relação ao que rolou.
Não teve jeito. As duas figuras envolvidas, foram desclassificadas. As manifestações fizeram com que a emissora tivesse que se reprogramar para que atual edição não sofresse qualquer prejuízo.
O que poderia ter passado desapercebido, tornou-se uma questão, que acabou conjugando as participações daqueles que de alguma forma estavam envolvidos.
Parabéns aos profissionais que tomaram esta decisão. Numa situação deste tamanho é muito melhor agir, tomar a frente e resolver a questão.
Porém, isto não é comum.
E lá vou eu voltar a um episódio que já comentei aqui, neste espaço.
Antes, agora temos uma torcida, de um grande clube brasileiro, fazendo pressão contra a contratação de um técnico que possui uma acusação na mesma linha. As manifestações são grandes, a pressão enorme. Vamos ver o que vai acontecer. Sinceramente, não sei dizer se estão certos ou errados, mas o ponto principal aqui é saber que acontecimentos desta natureza estão cada vez mais sendo tratados abertamente, e isso acaba influenciando as decisões e comportamentos no dia a dia.
Por isso trago novamente esta reflexão, na medida em que o comportamento do atleta é de um tamanho ridículo, que me causa uma profunda indignação o fato de não ter tido notícias de nenhuma punição.
Porque os patrocinadores do futebol mundial não reagiram a atitude ridícula que o goleiro argentino tomos, ao receber o troféu de melhor goleiro do mundial do Qatar?
Para aqueles que não lembram, o ser humano em questão, ao receber a “luva de ouro” simplesmente a colocou em sua região genital, como se estivesse representando um grande pênis, que demonstrava não só ele ser o melhor em sua posição naquele torneio, como também afirmava sua masculinidade diante de todo mundo que assistiu aquela cena.
Como disse, no artigo anterior, se sou dirigente, dou cartão vermelho. Recolho o troféu. Elejo outro. E ainda coloco o cara no gancho, suspensão sumária por atitude inconveniente.
Mas a vida seguiu.
E não satisfeitos com aquela homenagem tratada com tanta falta de respeito, ainda vimos o atleta ser premiado como o goleiro da seleção mundial da temporada de 2022.
Eu não consigo entender.
Que péssimo exemplo estamos oferecendo ao mundo.
Mas, ok, não sou dirigente esportivo, então não sou o melhor para escrever sobre este aspecto do fato.
Sou um profissional que trabalhou com marketing, patrocínios e outras ferramentas.
A total omissão dos patrocinadores da FIFA, da AFA, do clube onde ele joga, me deixa estarrecido. O que parece é que, na medida em que se omitem, passam a ser coniventes com os atos que se passam.
Meus amigos, precisamos ser mais contundentes em nossas atitudes, quando casos como este acontecem. Sem falsos moralismos. Esta certamente não é uma atitude que possamos admitir ou julgar que foi sem querer.
Me lembro de um filme, do Comitê Olímpico Internacional, mostrando a diferença entre inimigo e adversário; e nessa linha de pensamento, o fato de que você só torna um vencedor quando reconhece que, naquela ocasião, o vencido foi seu adversário, e por isso devemos honrá-lo.
Amanhã pode acontecer exatamente o contrário, e esta é a grande beleza do esporte.
Vencidos e vencedores, não devem, ou não deveriam se valer destes momentos para se autoafirmar em qualquer uma direção.
Vencer é atingir objetivos, depois de muito trabalho, esforço e dedicação. Principalmente no esporte.
Queridos leitores, gostaria de ouvi-los em relação a este fato que aconteceu na premiação da Copa do Mundo. Me ajudem a ter um entendimento mais geral deste fato em si, e compartilhem suas ideias.