O Walmart entrou de vez no clima natalino com uma jogada inovadora de marketing: o longa-metragem “Jingle Bell Love”, um filme que também é uma plataforma de compras. O projeto é a mais nova investida da varejista no crescente mercado de shoppable content, uma estratégia que transforma o entretenimento em um canal de vendas. Em parceria com a empresa de streaming Roku, o Walmart entrega uma experiência que une narrativa envolvente e conveniência de compra, criando um novo jeito de engajar consumidores. O ator principal é Joey McIntyre, membro da boy band dos anos 1990 New Kids on the Block.
Vamos explorar essa tendência e entender o que ela representa para marcas e consumidores…
Estratégia repaginada: do “Add To Heart” ao “Jingle Bell Love”
Esta não é a primeira investida da Walmart em shopable content. Em 2023, o Walmart lançou a série “Add To Heart”, uma comédia romântica com 23 episódios que inseria produtos compráveis em diversos momentos da trama. Apesar da ideia inovadora, a execução recebeu críticas, principalmente pela qualidade do conteúdo e pelo excesso de produtos – 330 itens foram destacados ao longo da série, sobrecarregando a experiência.
Com o “Jingle Bell Love”, o Walmart aprendeu com seus erros e implementou mudanças significativas. A primeira foi a parceria com a Roku, empresa reconhecida por produzir conteúdo original de qualidade e por operar o Roku Channel, que tem uma audiência alinhada aos interesses do Walmart: 78% dos espectadores são compradores da marca.
Além disso, a abordagem foi mais minimalista. Em vez de dezenas de produtos, o filme oferece apenas dois momentos compráveis, com cinco itens relevantes para as cenas, tornando a experiência mais orgânica e menos intrusiva. Esse refinamento é uma prova de que menos pode ser mais, especialmente quando o objetivo é criar uma conexão emocional entre a marca e o consumidor.
A experiência de compra integrada
Outro ponto de destaque é a facilidade na experiência de compra. O Walmart simplificou o processo ao integrar as contas dos usuários da Roku e do Walmart. Um clique no controle remoto permite que o espectador vincule suas contas e, posteriormente, receba um prompt no celular para acessar o site do Walmart. No checkout, os detalhes de pagamento já estão pré-preenchidos, permitindo a conclusão da compra com um único toque.
O processo de compra é o seguinte:
- Vinculação de contas: utilizando o controle remoto Roku, clique no anúncio exibido na tela para conectar suas contas do Walmart e Roku. Isso enviará uma notificação para o celular, direcionando ao site do Walmart para efetuar o login.
- Compra durante o filme: em momentos específicos do filme, aparecerão opções de produtos relacionados às cenas. Basta utilizar o controle remoto para selecionar e adicionar os itens desejados ao carrinho.
- Finalização da compra: ao concluir a seleção, é só prosseguir para o checkout. Com as contas já vinculadas, os detalhes de pagamento do Walmart serão preenchidos automaticamente, permitindo a conclusão da compra com um único clique.
Essa integração visa reduzir o atrito no funil de vendas. Ao eliminar barreiras como a necessidade de inserir dados de pagamento, o Walmart cria um caminho quase intuitivo entre o desejo do consumidor e a conversão em venda.
Por que o shoppable content está crescendo?
O conceito de shoppable content não é novo, mas tem ganhado força nos últimos anos, especialmente nos Estados Unidos. Há estudos que dizem que 63% dos consumidores descobrem novas marcas ou produtos por meio de conteúdos televisivos. Plataformas como Prime Video e Paramount+ já experimentam estratégias semelhantes, especialmente durante transmissões ao vivo.
No caso do Walmart, o uso do formato em um longa-metragem é um passo além. Ele aproveita o poder da narrativa para engajar emocionalmente o consumidor, ao mesmo tempo que facilita a descoberta de produtos em um contexto relevante. Além, claro, de ser testada no Natal: um momento de alto consumo e forte apelo emocional.
Lições para marcas e agências de live marketing
A iniciativa do Walmart pode trazer bons aprendizados sobre inovação em marketing:
- Parcerias estratégicas são a base
Trabalhar com players experientes, como a Roku, agrega credibilidade e qualidade ao projeto. Para marcas menores, parcerias com criadores de conteúdo ou plataformas estabelecidas podem ter um impacto semelhante. - Menos é mais
Reduzir o número de produtos apresentados ajuda a manter o foco na narrativa e evita que o consumidor se sinta sobrecarregado. Para live marketing, isso pode significar selecionar experiências ou produtos que realmente façam sentido para o público. - Tecnologia como aliada
Investir em soluções que simplifiquem a jornada do consumidor – como a integração entre contas no caso do Walmart – pode aumentar significativamente as taxas de conversão. Isso é especialmente importante para ações de curta duração, como ativações de eventos. - Conteúdo de qualidade é essencial
O público é cada vez mais exigente. Produções com baixo valor de produção podem prejudicar a percepção da marca. Portanto, alinhar storytelling envolvente a altos padrões de produção é indispensável.
O Natal (e o futuro) é interativo
O futuro do marketing está na interação e “Jingle Bell Love” é mais um exemplo desta tendência de entretenimento e e-commerce se encontrarem, criando novas formas de engajamento. Se o nome não for shoppable commerce, vai ser outro, mas o importante aqui é a interação.
Para o Walmart, é uma oportunidade de se conectar emocionalmente com os consumidores e alavancar vendas em uma época crucial. Para o mercado em geral, é um lembrete de que a criatividade, aliada à tecnologia, pode transformar completamente a forma como nos relacionamos com as marcas.
E você, está pronto para transformar as interações all-line em experiências inesquecíveis?