Fico frustrado quando entro em um ambiente corporativo e noto que há uma tendência por ‘coisificar’ a empresa.
Uma organização é feita de gente, e, por isso, traz o que é de bom e ruim de cada um. Assim, chega uma hora que o branding precisa passar pelo divã para encontrar seu propósito.
Se você é gestor ou empreendedor, convido a refletir sobre o seguinte: se a sua empresa fosse uma pessoa, o que a faria sair da cama de manhã para trabalhar?
Há muitos anos fiz esta pergunta para um importante executivo, e, de imediato, ele respondeu que não sabia. Mas conseguiu responder a razão pela qual ele trabalha diariamente. Como seu negócio estava relacionado com viagens, foi muito objetivo em dizer: “Realizava o sonho das pessoas.” Perfeito!
Sua empresa tinha um propósito. E é nesta tecla que costumo bater com meus clientes. Quando você faz a terapia de branding de uma empresa, fica claro para o mercado, prospect e equipe o porquê de o negócio existir.
Um de nossos clientes é uma importante indústria farmacêutica. Na nossa primeira reunião perguntei sobre como eles se posicionavam no mercado. A resposta foi freezer, totalmente padronizada. Porém, um diferencial valioso desta indústria era entregar seus produtos para mais de 95% do território brasileiro. Isso é sensacional e não era explorado no branding pela marca.
Quando falamos de uma empresa que tem produtos para tratar doenças, não estamos falando de uma Coca-Cola, que é desejada pela maioria.
A terapia de marca desperta este tipo de valor na empresa, mostra o que deve ser valorizado e define o que é seu verdadeiro propósito. A partir disso, fica mais claro definir em que tipo de ação investir para ter visibilidade.
Faz sentido patrocinar um show? Nada contra a cultura e este tipo de ação, mas o investimento em marketing deve estar aliado ao propósito da marca. No caso desta empresa, por exemplo, foi decidido por investir em startup que desenvolve projetos e produtos para promover a mudança da saúde no Brasil.
Isso é um belo exemplo do que a terapia de branding faz pela marca. Ela ajuda a empresa a definir quem é, quais são seus potenciais, no que acredita e no que vale à pena investir. Quando se tem um posicionamento definido é possível engajar os colaboradores e clientes com clareza e objetividade. Os resultados das empresas melhoram com a terapia, pois elas ficam mais focadas e próximas de seus consumidores e funcionários.
Felizmente, tenho tido a oportunidade de ver crescer o número de empresas preocupadas em direcionar suas ações por propósitos, sejam eles relacionados à inclusão, diversidade, meio ambiente ou outra bandeira qualquer.
Ver essa crescente conscientização de que o bem, quando verdadeiramente praticado nos bastidores da companhia, reflete em funcionários mais engajados, melhor percepção da marca pelo público-alvo e, consequentemente, melhores resultados para os negócios.
Há uma nova geração no mercado, tanto de profissionais quanto consumidores, e a mudança de comportamento faz parte do negócio. A comunicação, agora é duas vias; e os negócios, vão apenas gerar lucros. Há compliance, propósito e um mundo que mudou, que não tolera mais nenhuma imposição, mas um comportamento humano e colaborativo.
No divã, as marcas e empresas saem com um propósito. A sua marca já passou por terapia?