Inteligência artificial, conteúdo autêntico e bons encontros. Em poucas palavras, esse é o resumo do que foi o evento da última semana no RJ. Porque os assuntos se repetiam de maneiras diferentes, sob olhares diferentes e defesas muito interessantes. Algumas delas passaram por:
- A nossa não capacidade de evitar a evolução e o domínio da tecnologia generativa, seus riscos e oportunidades.
- O cansaço da audiência frente a formatos estressados, conteúdo raso e de qualidade duvidosa (bonitinho, mas ordinário), clamando por materiais autênticos, inteligentes, que gerem uma excelente experiência.
- Muitos rostos conhecidos se encontrando e fazendo novas conexões. E o FOMO (fear of missing out) de quem não está aqui.
Minhas impressões não são diferentes das de dezenas de participantes com quem conversei durante o evento. Todos vieram cheios de expectativas e acredito que muitos tiveram uma experiência que as superaram. Não vou entrar do mérito da organização, do que falhou, do que poderia ser melhor. 20 mil pessoas juntas numa região sem estrutura, normalmente dá nisso. Mas, como li por aqui em algum post, foi péssimo, mas foi ótimo.
Minha reflexão — que tem mais cara de um registro em diário de viagem – não vai se aprofundar no conteúdo (que foi muito melhor do que esperava, aliás), nem falar de tecnologia. Vai ficar totalmente na humanização: os encontros foram mais que especiais. A cada novo esbarrão, abraços, sorrisos, expressões de alegria quando pessoas se reveem. Aqueles contatos que conhecemos virtualmente, mas não conseguimos acessar no presencial. O cliente que tem agenda concorridíssima e que não encontra facilmente um horário para o nosso papo e todos dispostos a uma rápida conversa, uma troca de impressões, um olá caloroso, de velhos amigos que têm propósitos comuns.
Minha aposta é que o motivo para tanta conexão é mais que ver e ser visto. Tem mais valor escondido nesse jogo. Então, a pergunta que me faço o tempo todo é: que valor é esse? Que valor a gente tem para o outro a ponto dele parar uma conversa interessante para te dar um oi? Para andar mais rápido para te chamar e dar um abraço? Para aceitar nossa conexão no LinkedIn?
Como uma profissional que trabalha ajudando marcas e pessoas a entender qual o valor delas no mundo dos negócios e para as pessoas que fazem parte desse ecossistema, trago hipóteses. E aqui vão elas, sem classificação de importância:
- Network: quem você conhece e as conexões que você pode gerar;
- Marca corporativa: que você representa e que pode levar a bons negócios;
- Sua relevância: o que pode ser trocado com você, seu conhecimento, sua experiência e o que você pode agregar como contato ou parceiro.
Agora, vem uma outra pergunta: como expandimos do físico para o virtual a impressão que as pessoas têm da gente? Como fazemos mais pessoas reconhecerem o valor de quem somos, de quem conhecemos ou influenciamos (porque todos somos influenciadores em algum nível), da marca que representamos e do quanto podemos agregar como que já vivemos?
A já falada mas – muitas vezes – não tão estratégica ainda presença digital é uma ferramenta poderosa. E a gente seguiu no evento, o tempo todo, escaneando QR Codes e sendo direcionados para o perfil do LinkedIn. Mas o que as pessoas encontram nos nossos perfis quando chegam lá? Elas conseguem identificar através do que organizamos e postamos nossa network, o valor da nossa marca corporativa e o quanto podemos ser relevantes?
Levo tantas novas pessoas na bagagem quanto possibilidades para mim e para os meus negócios. Levo novas relações, novos amigos, novos encontros para falar da vida e de business. E levo todos os insights dessas reflexões com algumas certezas. A melhor delas — super previsível — é que a gente ainda gosta do toque, gosta do autêntico e gosta do real. Que venha a IA.
*Fernanda Nascimento é Sócia-fundadora da consultoria Stratlab, estrategista digital e especialista em Customer Experience para marketing e vendas.