Ao sermos apresentados para alguém, é normal que façamos perguntas sobre ela, sobre suas experiências, atuação, trajetória, até descobrir um ponto em comum. Com as empresas, não seria diferente. Sua missão, visão e valores, além de seus propósitos, são pontos a serem observados caso sua startup queira se aliar a essa marca – e este é um movimento que, pelo que tenho observado, vem crescendo.
Nos últimos anos, diversos executivos de grandes empresas têm apontado o desejo de encontrar soluções inovadoras para suas companhias, frequentemente buscando uma inovação aberta, ou seja, uma mudança na forma de desenvolver soluções e de fazer negócios dentro de companhias de maior porte justamente para fomentar a criação inovadora.
E isso acontece em diversos setores, como o de finanças, varejo, comércio, que têm se destacado na inovação aberta. Com isso, surgem novas possibilidades para as govtechs, startups cujo propósito é gerar inovação para a gestão pública e auxiliar na economia de recursos através de soluções tecnológicas.
Govtechs e grandes empresas: uma parceria ganha-ganha
As govtechs têm um grande potencial de geração de valor, uma vez que podem dar maior visibilidade aos projetos sociais de impacto das grandes corporações, com um bom compliance e uma boa gestão. Isso ajuda na criação inovadora e proporciona reconhecimento de marca, especialmente na área de responsabilidade social.
Em paralelo, um movimento muito forte no marketing e na publicidade das grandes marcas é o posicionamento firme alinhado com a agenda da empresa. Um exemplo disso é a política ESG (social, ambiental e governança). Uma forma de colocá-lo em prática é através das parcerias com govtechs, que têm trazido resultados para a sociedade.
No ponto de vista das grandes empresas, a associação com govtechs traz maior capacidade de geração de novos negócios, de acelerar processos internos, incorporar novas capacidades em melhor tempo, etc.
Já para as govtechs também há inúmeros benefícios na parceria com grandes empresas, visto que ganham credibilidade, pois as grandes corporações têm reconhecimento no mercado, com um branding forte, tendo passado por uma triagem de competência técnica de compliance e inovação que vai somar. Uma startup voltada para a gestão pública ter a credencial de uma grande empresa confere um respaldo forte na hora que for aplicar para conquistar novos clientes.
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Desafios das govtechs
Esse tipo de cooperação ajuda as govtechs a superar certa dificuldade que têm na capacidade de replicar suas soluções. Por mais que tragam mais eficiência para a gestão pública, como automatização de processos, gerando indicadores bastante satisfatórios, muitas vezes encontram dificuldades de angariar novos clientes de outras regiões.
Um exemplo: determinada cidade pode usufruir disso da IoT (internet das coisas) que detecta um sistema de alagamento, mas as outras não, pois não conhecem a ferramenta. Nesse caso, a corporate pode proporcionar uma vitrine para a startup a fim que consiga alcançar essa região, ou seja, replicar a solução na cidade que ainda não sabe da tecnologia de detecção de alagamentos.
O momento é de oportunidades
A boa notícia é que de tempos em tempos são lançados desafios, tanto da iniciativa privada como na pública, para suprir demandas do setor público. Quando essas oportunidades se alinham com os desafios enfrentados pelas corporações, existe uma grande possibilidade de elas fazerem um match com as govtechs, pois estão alinhadas no propósito e têm um potencial cliente já muito bem desenhado, viabilizando a parceria.
Existem metodologias para determinar o propósito de uma govtech. O primeiro passo é verificar qual a área de atuação mais forte da empresa. Depois, encontrar o alinhamento com outras companhias para fazer a abordagem mais propícia e buscar soluções para os desafios delas.
Muitas das grandes empresas conhecem seus desafios e buscam na inovação aberta iniciativas que os resolvam. Com a união às govtechs que tenham a mesma tese de investimento, é possível criar esses contatos e potencializar o mercado ajudando também a sociedade.
*Diogo Catão é CEO da Dome Ventures