O dia 4 de janeiro, dia do nascimento de Manoel Dias de Abreu, foi instituído como o Dia Nacional da Abreugrafia em homenagem ao saudoso médico radiologista, nascido no ano de 1892 em São Paulo. O criador do exame (daí o termo abreugrafia) tornou-se mundialmente conhecido após o desenvolvimento do método diagnóstico e pela sua constante luta contra tuberculose.
Manoel de Abreu formou-se aos 21 anos pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1913. Em 1915 mudou-se para Paris onde freqüentou os hospitais Nouvel Hôpital de la Pitié, o laboratório central de Radiologia do Hôtel-Dieu e o Hospital Laennec. Publicou diversos livros, entre eles o “Radiodiagnostic dans la tuberculose pleuro-pulmonaire” e diversos artigos sobre a abreugrafia em periódicos nacionais e internacionais como “Collective Fluorography” no Radiology e “Processus and Apparatus for Roentgenphotography” no The American Journal of Roentgenology and Radium Therapy (AJR), ambos em 1939.
Em reconhecimento ao seu trabalho, o ilustre radiologista recebeu diversas homenagens das principais entidades médicas como a medalha de ouro médico do ano) do American College of Chest Physicians (1950), o diploma de honra da Academy of Tuberculosis Physicians (1950) e a medalha de Ouro do Colégio Interamericano de Radiologia (1958). Além disso, recebeu o título de membro honorário da Sociedade Alemã de Radiologia (1940) e do American College of Radiology (1945). Morreu vítima de câncer de pulmão em 1962, aos 70 anos.
O alto índice de mortalidade por tuberculose nas décadas de 30 e 40, principalmente no Rio de Janeiro, e a ineficácia dos instrumentos utilizados pelas autoridades sanitárias para combater a doença propiciaram o aparecimento da abreugrafia. O primeiro aparelho destinado a realizar exames em massa da população foi construído pela Casa Lohner e instalado na cidade do Rio de Janeiro em 1937.
O método era muito sensível, com especificidade razoável, de baixo custo operacional e permitia a realização de um grande número de exames em um curto espaço de tempo. O exame tinha por princípio a fotografia do écran ou tela fluorescente. A documentação era feita através de filme comum de 35 mm ou 70 mm. Abreu sempre recomendou o filme de 35 mm, que embora de menor custo, exigia o uso de lentes de aumento especiais para a interpretação do exame.
Roentgenfotografia foi o nome escolhido por Abreu na apresentação da nova técnica à Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro em julho de 1936. Poucos anos mais tarde, em 1939, no I Congresso Nacional de Tuberculose, no Rio de Janeiro, a designação abreugrafia foi aceita por unanimidade. O exame foi utilizado no rastreamento da tuberculose e doenças ocupacionais pulmonares, difundindo-se rapidamente pelo mundo graças ao baixo custo operacional e alta eficiência técnica. Unidades móveis foram desenvolvidas e utilizadas em todo mundo.
Fora da América do Sul, a denominação do exame era variável: Mass radiography, miniature chest radiograph (Inglaterra e Estados Unidos), Roentgenfluorografia (Alemanha), Radiofotografia (França), Schermografia (Itália), fotorradioscopia (Espanha) e fotofluorografia (Suécia). Tal era a aprovação e o entusiasmo pelo método na época que somente na Alemanha, até o ano de 1938, o número de exames realizados pelo professor Holfelder já ultrapassava a 500 mil. A importância de sua obra também levou à criação da Sociedade Brasileira de Abreugrafia em 1957 e à publicação da Revista Brasileira de Abreugrafia.
Nas últimas décadas, a manutenção precária dos equipamentos brasileiros (o que facilitava o excesso de exposição a radiação ionizante) e as diretrizes de proteção radiológica cada vez mais rigorosas, acabaram limitando a utilização do método nos diversos países. A radiologia brasileira, entretanto, já havia dado uma importante contribuição para a medicina mundial.