Dia do Sertanejo
Depois do período extrativista, o Brasil passou a ser um país essencialmente agrário. Essa situação, porém, inverteu-se principalmente depois do ciclo do café, quando as indústrias começaram a se instalar no Sudeste, formando regiões metropolitanas.
A partir dai o êxodo rural se intensificou, e a figura do sertanejo, ou caipira, ganhou traços caricaturais. Para o habitante da cidade, a pessoa que vive no sertão, é geralmente, rude, inculta e avessa à vida moderna. Essa imagem tomou força com o sertanejo – O jeca Tatu – descrito no conto Urupês, publicado no livro homônimo, de Monteiro Lobato.
O-Jeca Tatu e o caboclo do vale do Paraíba, de barba rala, que vive descalço, com os pés cheios de bichos; fuma cigarros de palha e usa chapéu também de palha. Não tem ânimo para trabalhar, “é o sombrio urupê de pau podre a modorrar silencioso no recesso das grotas […] funesto parasita da terra […] inadaptável à civilização”.
Essa figura do sertanejo gerou obras no cinema e na literatura, e sua caricatura passou a ser utilizada em anedotas e mesmo nas histórias infantis, como o personagem Chico Bento, criado pelo quadrinista Maurício de Sousa.
Ao tentar compreender a psicologia do sertanejo, o escritor e jornalista Euclides da Cunha, através de sua famosa obra “Os Sertões”, fez um ensaio revelador sobre a formação do homem brasileiro.
Desmistificou o pensamento vigente entre as elites do período, de que somente os brancos de origem européia eram legítimos representantes da nação. Mostrou que não existe no país raça branca pura, mas uma infinidade de combinações multirraciais.
Além disso, foi o primeiro a reportar cuidadosamente o episódio da Campanha de Canudos, um festival de massacres de homens e mulheres que entrou para a história.
Por essas e outras, o homem do sertão é um “grande personagem numa paisagem inóspita”, que merece toda a admiração devida por sua luta diária pela sobrevivência.