2020-foi atípico. Um ano em que uma epidemia virou a sociedade e os negócios de ponta cabeça. Mas não será um ano a ser esquecido.
Ao contrário, deve ser lembrado como um período no qual muitos paradigmas foram quebrados e muitas lições foram e ainda hão de ser aprendidas.
Desde temas sociais, de respeito ao próximo e solidariedade com os mais vulneráveis até negócios e o uso da tecnologia, 2020 será lembrado como um ano em que tivemos que reaprender comportamentos, mudar a maneira como trabalhamos e buscar novas soluções para os negócios.
2020 nos mostrou, mais do que nunca, que a vida de cada indivíduo pode depender do comportamento do outro. Desde o uso de máscara, o distanciamento social, evitar aglomerações e cuidar da higiene pessoal, até a ajuda com alimentos e equipamentos, percebemos, enquanto sociedade, que precisamos evoluir e melhorar muito a forma como nos relacionamos e respeitamos o próximo.
A-crise também mostrou que as desigualdades sociais e de infraestrutura para o uso universal da tecnologia são grandes, tornando compulsória a abordagem do tema por parte dos formuladores de políticas públicas imediatamente.
Tomando a educação como exemplo, com a quarentena e o fechamento das escolas, o ensino à distância foi a solução imediata.
Contudo, o uso da tecnologia requer infraestrutura, equipamentos e conhecimentos que uma parte da sociedade não tem, e viu-se o drama de o acesso à educação, durante a pandemia, como sendo praticamente impossível para essa parcela da população, que só dispõe de um telefone celular, uma rede precária e cara.
No entanto, se olharmos o copo meio cheio, vimos que é possível ampliar o atendimento ao ensino usando a tecnologia, com políticas governamentais estabelecidas neste objetivo.
O mesmo se mostrou claro em relação à saúde, com o uso da telemedicina, sendo uma excelente opção de proporcionar atendimento médico eficiente à distância, além do benefício de solicitar exames e receitar medicações digitalmente.
Pelo lado dos negócios, o WhatsApp e o Instagram foram usados como válvula de escape para muitos conseguirem manter seus negócios, com todos os seus inconvenientes e falta de segurança.
Longe de ser nas condições ideais, a tecnologia apoiou pequenas ou até médias e grandes empresas nas operações comerciais.
A barreira e o paradigma do uso da tecnologia foram quebrados e abriu-se um horizonte enorme para a modernização nesta área para empresas que sequer consideravam essa alternativa.
Em relação à forma de trabalhar, nos ambientes onde foi possível, as empresas mantiveram seus funcionários trabalhando em casa e o uso de aplicativos de vídeo-conferência explodiu.
Ainda não se estabeleceu a melhor equação entre qualidade de vida, segurança da informação e eficácia no trabalho remoto, mas, certamente, a rejeição que existia foi quebrada, e, hoje, as empresas já pensam seriamente em mesclar este modelo com o trabalho presencial convencional como alternativa de custos mais baixos com benefícios aos empregados.
2020 foi o ano em que a tecnologia finalmente rompeu barreiras, e, por necessidade, apresentou as suas credenciais como base para um pensamento de inovação e melhoria, tanto sob o aspecto social quanto dos negócios, afinal, são duas faces da mesma moeda. Negócios crescendo geram empregos que melhoram as condições sociais.
Precisamos e esperamos que os governos tenham percebido esse movimento tanto quanto as desigualdades e lacunas para que possamos ter maior acesso aos benefícios da tecnologia, cada vez mais universal.
É preciso também que este movimento seja usado de forma menos oportunista pelos fornecedores de tecnologia, menos para cumprir suas metas de curto prazo, mas para incluir as organizações – empresas, ONGs, instituições de ensino – de qualquer tamanho no mundo digital.
Só assim, enquanto sociedade, criaremos também as condições de competitividade e resiliência em empresas de todos os portes, para que sejam longevas em sua missão de gerar emprego e renda, minimizando as desigualdades, ao mesmo tempo em que o país como um todo amplie suas capacidades de prever e enfrentar crises.
Essas são as lições de um ano que não devemos esquecer. Não pelas oportunidades que dizem que a crise cria, mas pelas lições inestimáveis que 2020 deixa para o nosso futuro.