Estava conversando com um amigo, que para minha surpresa, disse que sabia das minhas colunas e vídeos, mas também revelou em seguida que achava um vídeo de 3 ou 5 minutos uma eternidade e que não tinha paciência em assisti-los. Já outro amigo, ali ao lado, ainda confirmou que dependendo do título, ele assistia ou não…
Amigos são assim… sinceros, e eu acho ótimo a gente conseguir ter acesso a este verdadeiro BI (Business Inteligence) espontâneo e verdadeiro, ainda mais quando uma coluna como essa ou minhas lives semanais nos fazem presentes neste incrível mundo digital.
Mas fiquei pensando o quanto um vídeo de 3 ou 5 minutos era realmente longo, o quanto eu poderia resumi-lo ainda mais, se isso fugiria da minha própria forma de me expressar e construir meu raciocínio, ou se a questão ainda não seria a própria, como mudou o conceito de audiência, já que meu amigo Renatinho não é o único que não assiste nada que passe de um certo limite onde sua concentração e atenção o mantenha conectado com o conteúdo.
Da mesma forma como o Zé realmente tinha matado a grande importância do título trazer a atenção, com a óbvia responsabilidade do conteúdo na sequência entregá-lo.
Isso é até mais sério quando vemos que os antigos 50 minutos de cada aula em escolas e faculdades hoje se tornam um martírio para alunos que não conseguem ficar mais do que 15 ou 20 minutos (no máximo, pois existem pesquisas que trazem este limite para os 8 minutos) com a atenção focada.
Imagine então para os professores que têm que buscar muitos recursos para se manterem como foco e conseguirem passar o seu recado no mínimo tempo em que a janela de conexão do aluno se mantenha aberta.
O EAD (Ensino à Distância) deixa claro isso quando cresce assustadoramente e justamente em cima de uma nova dinâmica de mensagem, comunicação, absorção e nível de atenção.
Uma vídeo-aula de 5 minutos é tranquilamente assimilada e não mais uma aula convencional que demoraria hoje inacreditáveis 10 vezes mais.
As palestras e workshops também buscam novas formas de se adaptar ao novo paradigma da audiência, desde os TEDs com cerca de 18 minutos, passando pelo Pecha Kucha, com 6 minutos e 40 segundos ou 20 slides. Mas todos buscando a objetividade, uma dinâmica mais ágil e manter o que hoje parece quase impossível: fazer as pessoas pararem de pensar em outras coisas, desligarem as inúmeras multitelas mentais abertas, sairem do formato pouco profundo de imersão nos assuntos e se manterem ali, conectadas, atentas, absortas e num formato constante de download.
O desafio também se estende ao cinema, ao teatro e à televisão. Aos eventos, workshops, palestras, aulas, summits e toda forma de ativação focada em conteúdo.
Também às abordagens comerciais e à venda de projetos e ideias em pitchs. Tanto que um deles, o elevator pitch, prega a tarefa de conseguir convencer um possível investidor a comprar uma ideia de start up em míseros 30 segundos ou o tempo em que você se manteria no mesmo elevador com o empreendedor.
O que isso nos leva à refletir que depois de uma longa fase onde procuramos rebuscar o discurso, incrementar o nível de pesquisa, desenvolver conceitos mais amplos, investigar e sugerir as melhores soluções ou criar ideias, produtos, serviços e formas de resolver ou atender briefings, demandas ou necessidades, chegamos ao ponto agora de tentar fazer que tudo isso tem de ser resumido ou quase que miniaturizado a um speech brevíssimo, conciso e profundamente concentrado, esperando ou tendo a esperança que neste pouco tempo, o seu interlocutor não acione o seu auto eject e possa compreender tudo aquilo que muitas vezes você demorou muito tempo para moldar e desenvolver.
O título deste artigo remete justamente ao grande paradigma da atenção e da retenção da atenção de um interlocutor para qualquer tipo de assunto, pois são justamente os primeiros segundos que determinarão se ele se manterá com o LED verde da atenção aceso ou apagado: com olhos abertos e não vendo nada, teoricamente te ouvindo e não captando absulatamente nada do que você está dizendo.
Minha teoria é que isso tudo é fruto do nosso meio. Afinal, estamos conectados com tantas coisas, com tantos aplicativos, com inúmeros assuntos, pensando paralelamente em tantas questões e mantendo abertas tantas janelas mentais simultaneamente, que é praticamente impossível que mantenhamos um nível alto de concentração e imersão em cada um destes tópicos.
Acabamos optando por uma passagem rápida – un passant como diriam os franceses – uma vista rápida que nos dá uma geral de tudo, mas não nos deixa conhecedores de quase nada mais profundamente.
Se é ruim para quem por muito tempo entendeu que o importante era ser especialista em alguma coisa, por outro lado virou uma regra de sobrevivência onde ter uma visão geral pode te dar flexibilidade e permite nos interarmos mais ou menos em tudo, imaginando obviamente que a gente não precise sair deste nível: o básico e raso.
Em apresentações de projetos, concorrências ou no momento ansioso de podermos oferecer uma proposta comercial a um cliente ou prospect, isso acaba sendo essencial. Ainda mais porque se não bastasse o mindset multitasking dos interlocutores, muitas vezes temos que competir com os laptops abertos, os celulares em constante uso, a clara dispersão e a dificuldade destas pessoas, quase uma falta de educação empresarial, em oferecer atenção à quem está ali na sua frente, justamente procurando oferecer uma solução aos seus próprios problemas.
A sinceridade do Renatinho e do Zé me deram um clique do quanto a gente – quando está no afã de contar do nosso próprio jeito o que pensamos, como vemos e o que queremos comunicar – estamos mais num exercício na primeira pessoa ou pensando mais estrategicamente no público alvo final… Não sei responder ao certo o quanto é mais certo pra cá ou pra lá, mas é só ver os inúmeros youtubers de sucesso para entender que a questão não está necessariamente na qualidade do conteúdo que controem, mas em uma sinergia obsessiva em falar o que as pessoas querem ver, ler ou ouvir e no tempo que justo que elas o absorvam – mesmo que isso não seja o que nós, num repente de honestidade e julgamento pessoal, acharíamos conveniente chamar de bom conteúdo.
No meu próximo vídeo espero que nos primeiros segundos eu convença as pessoas a ouvi-lo mais um pouco, quem sabe possa provocá-los a alguma reflexão e apesar de maquiavelicamente eficiente, ainda vou me negar a oferecer algum prêmio a quem chegar ao final. Mais ainda, vou insistir no exercício pessoal de falar ou discutir assuntos que saiam dos velhos bate-papos mais curtos, diretos e leves, porque esses eu sempre vou ter o prazer de tê-los ao vivo, porque quando a gente está na frente das pessoas, esses 5 segundos podem parecer uma eternidade, mas eles justificam o porque estamos ouvindo, vendo ou simplesmente assistindo alguém expor sua opinião, e como é bom quando isso acontece com amigos.
Quanto a estes conteúdos que muito me honram ter no Promoview o veículo, eu queria reiterar meu profundo agradecimento a quem lê, assiste ou ainda não foi convencido a fazê-lo… Pois de qualquer forma, vocês me dão uma lição muito clara de que o mundo como um todo é assim: ou você se conecta com as pessoas nestes primeiros 5 segundos ou “baubau”, game over!
E se você chegou até aqui – ao final deste longo texto – então puxa, vamos marcar um chopp? Acho que merecemos também conversar ao vivo.