A premissa da liberdade de expressão, direito a expressar pensamentos, emitir opiniões e ideias, ou manifestar atividade, parece que está em desuso, ou melhor, parece que está sendo esquecida.
Liberdade de expressão é mais que um direito, aliás, expresso na constituição garantido pela Constituição de 1988, principalmente, nos incisos IV e IX do artigo 5º. focado na liberdade de expressão na atividade intelectual, artística, e de comunicação.
Aliás, também um direito assegurado na Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Liberdade de expressão é uma conquista histórica, um exercício de cidadania, respeitado em quase todos os países democráticos, permitindo que todos os cidadãos possam exercer esse direito por meio dos vários meios de comunicação, inclusive nas redes sociais.
Na-pratica, esse direito é violado constantemente, considerando que alguns desses direitos, mal usados, são indutores da violência por parte de alguns cidadãos que se esqueceram da reciprocidade da democracia.
Por outro lado temos alguns órgãos governamentais interferindo e reivindicando uma autoridade questionável sobre a verdade, não admitindo controvérsias, justificando que essas liberdades não fazem críticas legítimas.
Não apoio essa “liberdade de opinião difamatória”, nem os ataques aos órgãos públicos, porém, não cabe a qualquer autoridade tutelar e punir a legitimidade dos cidadãos de criticar e emitir as suas opiniões, aliás, legítimas.
Pobre comunicação que está sendo utilizada para polarizar, para julgar, sem respeitar os valores da sociedade, sem respeitar a pluralidade, a controvérsia, uma comunicação banalizada, utilizada midiaticamente para para garantir audiência.
Aí temos como justificativa, como desculpa, as fake news, como se notícias justificassem atitudes pseudomoralistas.
Verdades ou mentiras são manifestações criativas, algumas delas até hilárias, sem contar que a história ajuda a entender o desenvolvimento das sociedades e dos seus valores, construindo e divulgando conceitos e ideologias.
É importante deixar claro que não estou apoiando as fake, principalmente, quando elas transmitem ódio, mentiras que afetam a moral e a autoestima, a honra dos acusados.
O que quero demonstrar conceitualmente, é que em ambos os casos, as fake são histórias, com algumas verdades e muitas mentiras. Aliás, mentiras são o principal problema na arte de contar histórias.
Neste sentido, imaginem quantas verdades e mentiras aprendemos na escola sobre lendas e heróis, quase sempre utilizadas para justificar objetivos sociais e políticos.
Ninguém pode esquecer que a liberdade de expressão não pode violar direitos, nem a gerar radicalismos e ódios.
Sem entrar no mérito, cito Trafalgar Square em Londres, palco da democracia britânica, pois é lá que acontecem protestos e demonstrações das mais variadas espécies, eventos, festas comemorativas, e onde os londrinos têm a liberdade de criticar, oferecendo para a sociedade críticas e sugestões para a construção de procedimentos, por meio de um pluralismo crítico, não poupando sequer a rainha, símbolo de uma democracia pautada por grandes diferenças políticas e sociais, isto se chama soberania.
Para finalizar, o objetivo deste artigo é questionar os comportamentos e a omissão de parte da sociedade sobre a intolerância, e violência, quase sempre gerada pelo discurso do ódio.
Estamos vivendo uma época de comunicação radical, onde quem não compartilha das ideias do outro é inimigo, a relação amigo-inimigo. Aí pergunto onde está a tolerância, a pluralidade, a soberania, e quais são os limites?
Nós somos comunicadores, e de alguma forma cabe também a nós a obrigação de tomar algumas iniciativas que possam ajudar a minimizar o radicalismo que a sociedade está vivendo.
Manifestem-se interajam, participem, criem movimentos sociais construtivos, acabando com o ódio racial, o ódio religioso a intolerância.
A nossa palavra tem força para acabar com princípios extremistas que fazem a divisão da sociedade.