Há uma hipocrisia em curso na questão da diversidade.
Embora esteja claro, no Brasil e no mundo, que o interesse das empresas por trabalhadores da terceira idade seja grande, é mais fácil encontrar agulha em palheiro do que gente experiente nas agências.
A aparência jovem se confunde com capacidade laborativa e qualidade do trabalho que é aliada a vivência e conhecimento, quase sempre presente no pessoal com mais de 40, que é esquecida, ignorada. Medo?
Repaginar e “botoquizar” faces (eu disse faces e não Faces) não resolve.
É mostrando as rugas, conhecendo palavras significativas do seu trabalho, apertando os botões certos, dando insights com firmeza, sem medo de errar, porque aprendeu com acertos e erros ao logo da vida, que se dá forma a tal palavrinha que as agências usam como valor ou mote para conquistar clientes: EXPERIÊNCIA.
Não falo em causa própria. Estou satisfeito com o que tenho feito.
Estive com amigo do mercado, com mais de 50. Jovem no corpo e na alma, que não conteve as lágrimas ao comentar suas tentativas de voltar ao mercado. Currículo impecável, experiência inconteste, premiada, humilhada por neófitos que talvez nem cheguem à sua idade e experiência.
Resolvi dar voz às suas lágrimas.
Talvez falte um pouco de respeito de gente comigo, mas me imponho quando isso acontece, sem problema. Sou dos argumentos e das contemporizações, deixo os gritos aos afetados e e inexperientes.
Segundo a Agência Brasil: “A maioria das empresas no Brasil ainda resiste a contratar pessoas com mais de 50 anos, mas essa realidade terá de mudar porque a tendência é de aumento gradativo da população idosa e de faltarem jovens para o mercado de trabalho.”
A afirmação foi feita pelo presidente do Conselho de Emprego e Relações do Trabalho da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (FecomércioSP), José Pastore, durante encontro que discutiu a atual e a futura situação do idoso no mercado.
O economista Helio Zylberstajn diz: “Ainda é muito baixa a participação dos idosos no mercado de trabalho, em torno de 25%, enquanto o desemprego nessa faixa é de apenas 4%. Ele reconhece, porém, que muitos nem vão atrás de trabalho por temer o preconceito das empresas. Precisamos atuar em duas frentes: abrir espaço para eles nas empresas e encorajá-los a trabalhar.”
Precisamos ser inclusivos em todas as frentes: negros, mulheres, PCDs e idosos, para não corrermos o risco de usarmos discurso vago e impreciso na questão da diversidade.
Quero ver numa agência, um dia, uma mulher negra, PCD, com mais de 50 anos, dando o seu melhor, com sua beleza inata na altivez do olhar e da postura.
Afinal, a diversa idade é muita DIVERSIDADE.