Em 2022, a Diageo anunciou um investimento de 73 milhões de euros em uma nova micro cervejaria e hub cultural chamado Guinness, localizado em Covent Garden, que fica em Londres.
No mesmo ano, a Coca-Cola inaugurou uma loja permanente também na cidade.
Coincidência?! Sabemos que não, pois essas gigantes da indústria de bebidas sabem muito bem quais estratégias devem investir.
Esses são alguns exemplos de como elas estão percebendo, cada vez mais, o valor de criar destinos onde o seu público pode vivenciar a marca através de todos os sentidos.
As Brand Homes ou “Casa da Marca”, em tradução literal, sempre foram uma maneira eficaz de envolver os clientes, uma estratégia já conhecida pelo mercado brasileiro também.
No entanto, à medida que marcas de segmentos diversos se empenham para construir espaços voltados para turistas e futuros clientes – que um dia podem se tornar fãs leais, impulsionados por uma memória incrível – elas se veem competindo não apenas com outras empresas em seu setor, mas com uma infinidade de outras atividades e entretenimento.
Imagine os museus de carros competindo com uma nova geração de pistas interativas, onde os visitantes não apenas olham para o carro, mas o dirigem. Ou marcas de tecnologia que podem competir pelo tempo das pessoas em museus de ciência.
O desafio enfrentado pelas Brand Homes é descobrir como atrair as pessoas em meio a tantas experiências concorrentes. As regras do que torna uma proposta de Brand Home bem sucedida estão mudando, e as marcas estão tendo que trabalhar mais para oferecer algo único.
Mas se elas encontrarem a receita certa, a oportunidade comercial e de marca pode ser enorme. Uma nova fórmula para o sucesso.
Segundo Nick Blenkarne, Head de Estratégias que já atuou em empresas como Visa e LG, marcas que pensam criticamente sobre como podem competir neste meio, devem considerar 4 maneiras de gerar valor com suas experiências. São elas:
Valor Comercial
Quais são as diferentes maneiras que os destinos de marca podem direcionar receita a partir de experiências? Isso pode incluir ofertas de varejo, alimentos e bebidas, outros serviços ou eventos programados.
A marca de ciclismo Rapha, por exemplo, faz isso de forma excepcional através do conceito de “Clubhouses”. Uma mistura de Brand Home, varejo e café – cada café serve produtos de origem local que refletem a região em que se encontra.
Um bom café é fundamental para a cultura do ciclismo, a maior parte do espaço é dedicada ao café e à construção de um refúgio para a comunidade de ciclistas que o visita. Os clubhouses da Rapha encontram o equilíbrio perfeito entre gerar valor comercial por meio de várias fontes de receita e incorporar a essência da marca em sua comunidade.
Valor de Marca
O que torna essa experiência imperdível, única e algo que impulsionará o reconhecimento da marca e criará defensores a longo prazo?
Há marcas que têm Brand Homes que transcende o espaço físico e atua como destino mundialmente reconhecido, permeando todas as comunicações e publicidades da marca – atuando como fios que se conectam à sua essência.
Prova disso é o Heineken Experience que virou parada obrigatória nos roteiros turísticos de quem visita a Europa. O local, além de contar a história da marca, mostrar aos visitantes como é feita a fabricação das cervejas, também traz outras atrações.
Saindo da “fronteira” das paredes do seu espaço físico, a marca envolve toda a cidade em suas experiências, garantindo um valor turístico ímpar para a região.
Existem pacotes de tour que te levam aos passeios de barco com degustação da cerveja, estádios de futebol com visitação no Johan Cruyff Arena e festas de música eletrônica. Ou seja, uma infinidade de opções de entretenimento memoráveis.
Valor Corporativo
Qual papel o destino desempenha em servir positivamente partes interessadas mais amplas, como investidores e relacionamentos B2B?
Le Logis – o famoso castelo da marca Grey Goose – cria esse valor por meio da exclusividade. As visitas são apenas por convite, para até 1.000 pessoas por ano.
Os convidados ficam nos quartos temáticos, cada um degustando a produção de vodka de alta qualidade da marca. Um lugar desejável e luxuoso para convidar clientes importantes e investidores.
Valor para a Comunidade
Como sua Brand Home está agregando valor à sociedade local, ao meio ambiente e à economia?
A marca de cervejas Carlsberg está desenvolvendo a antiga casa de suas cervejarias mundialmente famosas no coração de Copenhague em um novo distrito da cidade.
Quando o Carlsberg City District estiver totalmente pronta em 2024, a área será composta por 600.000 metros quadrados misturados com residências, escritórios, lojas de varejo, cafés, restaurantes, escolas e diferentes instituições culturais e esportivas.
Quer seja aumentando um destino existente ou criando uma nova proposta de experiência, as marcas precisam pensar criticamente sobre essas 4 oportunidades para competir no mercado de experiências saturado de hoje.
Para fechar com um insight…
Os Brand Homes já são uma realidade conhecida que nos traz uma visão ampliada do significado do relacionamento com o cliente.
E você deve estar pensando: imagina o investimento de tudo isso? Como uma marca de pequeno ou médio porte pode criar esse tipo de estratégia? Impossível!
A resposta é: nem sempre!
Existem muitas maneiras de criar “comunidades” utilizando seus recursos disponíveis, parceiros de outros segmentos, iniciativas de prefeituras locais, etc.
É importante pensar que é uma estratégia a longo prazo, uma construção que beneficia um ecossistema inteiro e não apenas visa o lucro da marca. Lembre-se: precisamos ter conceito e valores muito bem definidos antes de partir para a ação.