As gigantes do setor cervejeiro tem motivos para se preocupar com a queda de market share no país. Depois de um crescimento de 39% no número de cervejarias artesanais no ano passado, o Brasil dá sinais de que o setor não vai desacelerar tão cedo.
Um estudo divulgado no início de outubro pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) aponta que, nos primeiros nove meses de 2018, foram registradas 156 novas cervejarias no país.
Uma média de quatro a cada semana. São 835 fábricas em atividade, número 23% maior do que o registrado em dezembro de 2017.
O que chama a atenção no estudo, de acordo com o diretor da Escola Superior de Cerveja e Malte (ESCM), Carlo Bressiani, é a concentração.
“Os estados do Sul e do Sudeste ainda reúnem mais de 80% dos negócios desse segmento no país e em regiões muito específicas mesmo dentro desse universo. Além dos estados do Centro Oeste, Norte e Nordeste, dentro dos grandes eixos é possível expandir a atuação de cervejarias”, comenta.
A ESCM é a única instituição de ensino superior dedicada à bebida na América Latina e uma das 21 do mundo.
Outro dado que aponta a localização concentrada das cervejarias é a densidade. O número que calcula o volume de negócios do setor por habitante mostra que, nos estados que lideram o ranking, há uma indústria cervejeira para cada 70 mil habitantes. Se mantida essa média, o Brasil teria potencial para 2.957 cervejarias.
A divulgação dos dados do Mapa, segundo Bressiani, apontam um mercado acelerado que não é mais visto como tendência mas, sim, como um setor consolidado e em expansão. “Os números apresentados trazem uma visão bastante positiva tanto sob o ponto de vista de representatividade quanto no que tange as possibilidades de ocupar espaços que ainda não estão cobertos pelo segmento”, explica. “Entendo que é mais uma motivação para que o setor aponte para o alto e adiante”, conclui.