O andamento do BID da BRF para definição de uma agência para realizar eventos foi interrompida na tarde desta 3a. feira. A pagina com o leilão foi retirada do ar impedindo aos participantes o envio de novos lances.
Segundo a BRF, na terça-feira, 12, ocorreu uma falha técnica no sistema e para solucioná-la foi criado um evento fictício, com um novo número, que acabou gerando um comunicado para as empresas participantes do primeiro leilão. Tal fato teria levado algumas empresas a entenderem que a concorrência havia sido cancelada, conforme noticiado por Meio & Mensagem. “Para não provocar qualquer desentendimento com esse ‘disparo teste’ foi feito o envio de cancelamento do evento fictício. Sendo assim, a concorrência permanece ativa”, diz a BRF em comunicado enviado à reportagem nesta quarta-feira, 13.
No mesmo texto, a companhia diz ainda que todas as regras e condições para o leilão reverso foram preestabelecidas e divulgadas para todos os participantes. Com isso, os pontos que foram questionados por executivos do mercado continuam valendo.
Segundo informações apuradas pela reportagem, os líderes do movimento #jobentreguejobpago foram chamados pela área de compliance para uma reunião no dia 18 de Maio na sede da BRF.
O processo, com verba de 15 milhões, contava com a participação de 10 agências e estabelecia prazo de 90 dias para pagamento dos serviços foi suspenso após mensagens enviadas pelos líderes das agências especializadas em um post do presidente da BRF, Lorival Luz, no Linkedin.
Entenda o caso
A situação perdura por anos e sempre foi um fator de dificuldade para as operações das agências responsáveis por ativações de marcas. Agora, diante da crise, e com o setor descapitalizado, as lideranças resolveram propor a discussão destes temas.
No caso da BRF, o processo era absolutamente legal. Mas que espanca o mercado porque dispara um processo onde a agência que oferecer o menor percentual de fee ganha a concorrência. Por isso é detestável, do ponto de vista da sustentabilidade, e até mesmo da ética.
O ponto de equilíbrio para o tipo de operação não pode ficar abaixo de 20%. Neste leilão, algumas agências ofereceram 2%.
Com a repercussão, Lorival Luz presidente global da BRF, dona das marcas Sadia, Perdigão e Qualy retirou a postagem do ar.
O resultado deste movimento pode ser considerado uma vitória para todos que trabalham diariamente pelo desenvolvimento do setor de eventos e promoções.
O deslize de Lorival Luz ganhou destaque e em entrevista exclusiva ao Propmark, Alexis Pagliarini, presidente da Ampro e colunista do jornal dirigido por Armando Ferrentini, disse que teve conversas com a BRF e abriu uma interlocução. “Senti deles receptividade, estamos agendado reuniões e vamos ver, estou confiante que eles enxerguem todos os stakeholders e tenham mais empatia com seus parceiros nessa hora.”, afirmou Pagliarini
A mesma posição de “abertura ao diálogo” já tinha sido adotada pela Ambev e Heineken diante das manifestações do executivo.
Procurada pelo Promoview, Amira Vazques, que conduz o BID da BRF, não quis atender a reportagem.
Na nota recebida da BRF a companhia afirma que “Seu compromisso com a integridade, a segurança e a qualidade, é o que pauta todos os seus processos. A empresa já vem implementando a modalidade de leilões eletrônicos na área de suprimentos, por ser uma prática que assegura a transparência e a livre concorrência. Ressalta que o leilão eletrônico é uma das etapas do processo, que também inclui avaliação técnica de cada fornecedor participante. Todo o processo é realizado com regras e condições preestabelecidas e claras, que são comunicadas aos participantes desde o início do leilão.”
De todos os movimentos semelhantes já realizados nos últimos anos, este é, sem dúvida, o mais promissor. Agora é preciso destacar o resultado efetivo das grandes companhias que, em outras ocasiões, quando muito, “passaram um pano” e pouco fizeram para modificar a situação. O comportamento do presidente da BRF modifica o tratamento que era dado ao assunto até aqui. Ele e todos os demais simplesmente aguardavam que o assunto esfriasse.
O fato é que a mudança de comportamento deve partir das agências. Mesmo assim os principais empresários sediados em São Paulo entendem que é possível sensibilizar as áreas de compras.
E estão conseguindo resultados importantes. A postura e decisão de cancelamento do BID pela BRF é histórica.