Catraca Livre, Rua Livre e Prefeitura de São Paulo fecham parceria para criar ambiente seguro de denúncia contra abusos no Carnaval.
Assédio não é paquera, assédio não é normal, reclamar de assédio não é mimimi. Em seu quarto ano, a campanha #CarnavalSemAssédio contará com mais apoios para levar esta mensagem e ajudar a combater a violência contra a mulher.
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A parceria da campanha vai levar os "Anjos do Carnaval" aos blocos da Capital paulistana. A equipe, voluntária e treinada, será responsável por acolher e orientar mulheres e LGBTs vítimas de assédio na dispersão, além de ajudar a identificar assediadores em cima dos trios elétricos de blocos parceiros.
Paralelamente, usaremos o "Ônibus Lilás", cedido pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania especialmente para a campanha, como ponto fixo de atendimento.
A cada dia do Carnaval (02 a 05/03), e também no sábado de pré-Carnaval (23/02), sempre próximo aos blocos com maior concentração de foliões, o Ônibus Lilás estará presente com profissionais capacitados para receber vítimas de assédio.
Também haverá voluntários na distribuição de 20 mil adesivos da campanha por blocos de São Paulo, do Rio de Janeiro e de Olinda (PE).
“Silenciar nunca é o melhor caminho. Fortalecemos as ações para estarmos mais presentes e ampliarmos o combate a esse tipo de atitude. Queremos realmente incomodar quem acha que o assédio faz parte do Carnaval. Não faz.”, afirma Paula Lago, responsável pela campanha #CarnavalSemAssédio da Catraca Livre.
A ideia de agir nas ruas, levando orientação, acolhimento e um ambiente seguro para a denúncia nos momentos em que as pessoas se tornam mais vulneráveis surgiu na equipe da Rua Livre.
No ano passado, a pesquisa “LGBTfobia no Carnaval de 2018”, realizada pelo #VoteLGBT, com apoio do Rua Livre e da Ben & Jerry’s, levantou dados também sobre machismo: 80% dos entrevistados, por exemplo, revelaram ter presenciado casos de beijos forçados, encoxadas ou corpos tocados sem consentimento, agressão física, agressão verbal ou abuso.
“Esperamos com esta ação não somente prestar assistência social às vítimas, mas também prover um ambiente seguro e respeitoso para que a denúncia seja efetivada, e, principalmente, coibir as ações dos agressores antes que aconteçam. Ninguém vai soltar a mão de ninguém neste Carnaval. E se soltar, vai ser para enviar uma denúncia!”, destaca Estevão Romane, diretor-executivo da Rua Livre.
A secretária municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Berenice Giannella, lembra que é “Importante conscientizarmos as pessoas de que nem assédio, nem racismo, nem trabalho infantil, nem agressões de qualquer tipo são parte da folia.” E completa: “Todos podem e devem se divertir sem preocupações, tendo a quem recorrer se precisarem de ajuda – e esperamos também que, a partir daí, ocorra uma mudança dessa mentalidade de que ‘no Carnaval tudo é liberado’. Nem tudo. Bom-senso e respeito continuam sendo obrigatórios sempre, inclusive na hora da diversão.”
Além da Catraca Livre, da Rua Livre e da prefeitura, a ação conta com uma ampla rede de parceiros que inclui o Ministério Público, o Conselho Estadual da Condição Feminina, a Comissão da Mulher Advogada (OAB), o Metrô de São Paulo, a Delegacia da Mulher, o coletivo Não é Não, a ONG Plan International, a JC Decaux e a gráfica Lumi Print.
Nos últimos três anos, a campanha também teve o apoio da ONU Mulheres, da revista “Azmina”, dos coletivos “Agora é que são elas”, “Nós, Mulheres da Periferia” e “Vamos juntas?”, das redes Minha Sampa e Meu Recife e de cerca de 50 blocos de rua do Brasil, incluindo os feministas Mulheres Rodadas e Maria Vem com as Outras.
Quem tiver interesse em integrar a equipe de voluntários pode se inscrever aqui até esta sexta-feira, dia 8. Os blocos que quiserem apoiar a campanha podem mandar e-mail para [email protected].