Vou voltar a tratar de um tema nevrálgico para aqueles que trabalham com projetos esportivos. Ficarei imensamente feliz se este artigo servir de contribuição para quem, neste momento, está com projetos maravilhosos, mas não consegue captar nenhum centavo. Tenho algumas trilhas de pensamento que vou colocar aqui, para ver se conseguimos chegar a um caminho menos árduo.
Acho que é do conhecimento geral que a Lei de Incentivo ao Esporte continua vigente, e que o valor de renúncia fiscal dobrou para o ano de 2023. Sendo assim, tivemos um aumento significativo na possibilidade de investimento. Ótima notícia. No entanto, entre uma conversa e outra, o que sempre encontro são projetos mirando verbas de marketing.
Quando isso acontece, os projetos oferecidos pela mídia on e offline acabam se contrapondo diretamente. E o resultado mais comum é que os projetos de esportes não são contemplados. Simples o raciocínio: entre o risco e o trabalho que um projeto esportivo apresenta, melhor ficar com o que é mais seguro e representa quase nenhum risco. Vamos pensar sobre algumas situações importantes em relação ao assunto verba de marketing versus verba incentivada.
1-– Um dos pontos mais importantes quando usamos verbas provenientes da renúncia fiscal é a prestação de contas. Ela precisa ser feita muito direito, para não dar problemas nem para quem investiu e nem para quem se beneficiou. O caminho aqui é ter um planejamento forte e muito bem estruturado, para que não haja dúvidas em relação a nenhum ponto. Me parece algo muito justo, na medida em que tanto patrocinador como patrocinado estão se beneficiando de um dinheiro que não lhes pertence.
2 – Precisa haver um entendimento básico quando se resolve comprar um patrocínio. Diria que, em qualquer um deles, mas principalmente nos esportivos, para gerar algum awareness será necessário um investimento adicional em divulgação. Caso isso não aconteça, desperdiçaremos valores e tempo de trabalho de nossas equipes. Faça um orçamento bem-feito. Aberto. Sem possibilidade de erro. E preste contas em etapas, mensalmente, bimestralmente, enfim, dentro da conveniência de seu cliente.
3 – Os proponentes de patrocínios esportivos precisam entender que existe um abismo enorme entre a realidade empresarial e a esportiva. Entender essa dialética e transportá-la para o projeto a ser oferecido em termos de atividades, valores, conceitos, prestação de contas, enfim, pensando em como isso vai transitar nas diversas áreas das empresas patrocinadoras. Seja claro. Começo. Meio. Fim.
Uma vez deparei com um projeto em que o valor orçado não resistiria a uma visão de custos muito básica. O montante envolvido não conseguiria realizar 20% do que ali estava proposto. É verdade que o usual é exatamente o contrário, fazendo com que a negociação tenha que ser aprofundada em outra direção.
4 – Endomarketing: esse é um grande potencial que vejo para se utilizar em projetos de marketing esportivo. Trata-se de uma ferramenta excepcional em termos de manutenção do projeto. Nunca será um fator decisório, mas pense nele como um fator a mais para o convencimento final.
Sempre que usei essa possibilidade, obtive resultados muito interessantes. Lembro uma vez em que consegui realizar uma partida oficial de um campeonato estadual de vôlei no hotel onde estava se realizando a convenção de vendas anual da empresa. E tudo dentro de todas as regras e especificações que norteavam a partida. Pense nisso.
5 – Faça com que seu projeto tenha começo, meio e fim. Nada é para sempre. A continuidade ou não das atividades patrocinadas devem preencher claramente essa condição: quando começa e quando termina. Pode renovar? Claro que sim, mas deixe sempre essa porta aberta em seu discurso.
6 – Não faça pedidos extras em relação à verba. Isso, além de demonstrar que houve falha em seu orçamento, causa um enorme tumulto para quem está gerindo o contrato internamente.
7 – Assista ao TEDx “The Golden Circles”, Simon Sinek. Tem no YouTube, inclusive em português. Eu diria que 95% dos projetos que recebi estavam sempre na mesma direção: o que fazer? Eu acho que isso é péssimo – começar uma jornada que vai dar muito trabalho, causar alguns problemas e ainda correr o risco de no final da história não terminar dentro do esperado.
Uma outra forma de abordagem pode levar ao patrocinador uma visão da finalidade daquelas ações. Outra vez, o que eu recomendo é você estudar o seu prospect e desenvolver uma proposta em cima da questão: por que ele deve abraçar essa jornada. É uma vantagem você apresentar uma proposta a um possível patrocinador na qual você demonstra claramente que estudou, entendeu e construiu um formato de projeto adequado. Aprofunde esse conhecimento. Certamente os resultados serão diferentes.
Meus amigos, são esses os meus pontos em relação a essa atividade tão complexa que é vender patrocínios esportivos. Fiquem à vontade para enviar suas questões, e se tiverem interesse em conhecer um pouco mais das minhas andanças visitem o meu site..
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