Em tempos instáveis, com direito a números crescentes da economia fúnebre que aponta, cada vez mais, para índices diários de corpos sem vida.
Da política nojenta, onde não importa no que acredite, o jogo nunca é a favor do Brasil e dos brasileiros.
De uma logística, sem qualquer planejamento, para uma saúde cada vez mais contaminada pelo pandemônio.
Será este o tal do novo normal?
Chato pra cacete.
Resolvi compartilhar, então, com vocês leitores, esta minha oração: Credo, cruz, amém.
Será muito legal se vocês dividirem conosco, suas crenças, comentando esta crônica.
O credo
Eu acredito que o Ser humano tem duas missões fundamentais em sua existência. A primeira, educar os filhos. A segunda, formar e aprender com as pessoas que têm sob sua responsabilidade, em qualquer situação.
Miseravelmente, a possibilidade de sucesso pleno, quase que inexiste. Em todas as oportunidades, atuamos sempre, baseados em nossas vivências. E elas serão sempre incompletas, monofásicas. Afinal, são nossas e não do outro.
Nossa atividade é muito envolvente, arrebatadora! E exatamente igual a qualquer outra, apesar de nos considerarmos a última bolacha do pacote.
Nós não temos os narizes arrebitados.
São todos empinados.
Olhamos por cima.
Nossos egos não cabem em qualquer lugar. É necessário muito espaço.
E, para defendermos uma ideia, pela qual nos apaixonamos, perdemos muitas vezes a capacidade de raciocínio.
Esta é a razão pela qual aprendi, que clientes e agências pensam o mesmo, um do outro: “Eles não me entendem”.
Pena que nunca vi este conceito expresso em qualquer pesquisa de satisfação, envolvendo agências, por exemplo.
Meu credo me ensinou:
Enxergar o trabalho como uma possibilidade de diversão.
Compreender o humor dos ranzinzas.
Acreditar que as pessoas podem chegar onde quiserem, pois tudo, é uma questão de escolhas.
Que o Fluminense é o maior time de futebol do mundo.
Que essa vida é do grande caralho.
Que dar oportunidade aos outros, nos completa emocionalmente como Seres humanos.
Que encontrar ou reencontrar as pessoas pelo caminho, será sempre um grande momento.
Que abrir um jornal na cara de um estagiário, no momento de sua primeira apresentação, é uma atitude horrorosa, como qualquer tipo de assédio.
Que existem maneiras mais respeitosas de ensinar, que se tenha coragem, inclusive, para continuar.
Que, afinal, mesmo em São Paulo, paulistas podem gostar de um carioca.
Que muitas vezes é mais importante ouvir, do que resolver.
Que o chopp do bar Lagoa e o sanduíche de pernil com abacaxi do Cervantes, são imbatíveis.
A cruz
Posso dizer a vocês, neste caso, a idade não ajuda em nada.
Basicamente, vamos carregá-la até o final. Vejam o que não consigo e acho que não conseguirei nesta vida:
– Responder na boa, uma pergunta imbecil, em uma reunião.
– Não ser intempestivo em algumas ocasiões.
– Não usar as ironias e o sarcasmo.
– Fazer cara de paisagem, quando alguém diz uma merda qualquer.
– Teimosia é um defeito. Não é? Mesmo?
– Reagir com tranquilidade, quando alguém formular frases fantásticas, como: vamos dar empoderamento aos nossos clientes; ou, vamos nos apropriar deste conceito; ou ainda, a segmentação nos dará o domínio deste nicho de mercado.
– Fazer networking com quem não admiro.
– Não ter razão.
– Saber que biscoito não é bolacha e não conseguir convencer os nascidos nesta terra, que estão errados.
– A ansiedade faz você tomar decisões erradas.
– Taurinos são ótimos para encarar muros de qualquer tamanho.
E o amém
É como encerram-se as orações.
E é muito legal, pois significa que aceitamos nossas imperfeições.
Aprendi um monte nesta bendita área de live marketing.
Padaria é o melhor lugar para se estar às 8 da manhã ou às 4 da tarde.
Paulistas, quando, depois de muito tempo, dizem que vão te convidar para um almoço, convidam mesmo. E o pior; dão o endereço de suas casas e marcam hora.
Dress code. Aqui, é bom perguntar.
Se você ligar para a portaria de seu condomínio e pedir para ver se tem o telefone de um bombeiro, tenha a certeza de que toda a segurança virá junto.
O que no Rio de Janeiro é PÁ, aqui é PEIXINHO, apesar de se comprar os dois no açougue.
O cara que faz funil aqui, é primo do sujeito que fabrica lanternas no Rio. Funileiros e lanterneiros são da mesma família.
Martelinho de ouro é de borracha.
Marcelinho Carioca é ídolo do Corinthians Paulista.
No Rio, se corre do marginal. Em Sampa se corre na marginal.
Meu, não é meu, é você.
Gestão
Propus esta oração, para que pudéssemos refletir sobre as nossas atitudes, em relação ao que consideramos normal.
Passou da hora de banirmos, de vez, comportamentos que agridem nossos líderes, nossos pares, nossos subordinados.
Não é possível mais assediar moralmente ou sexualmente; e isso vale nos dois sentidos, para qualquer pessoa. Quando vamos ter mais negros trabalhando conosco? Gritos, xingamentos, abusos de qualquer natureza; como vamos fazer que não seja normal?
Homossexuais, LGBTs, qualquer gênero: Como conviver sem as piadinhas e preconceitos; por outro lado, quando terão a consciência que para se afirmarem, muita coisa é desnecessária?
Já que imagino que este “normal” ainda não está tão perto, não custa refletir e meditar sobre o assunto.
Vamos rezar.
PS. Valeu Gica pela inspiração.