* Por Sandro Ari Pinto
Já tinha ouvido falar sobre Big Data, mas foi durante a palestra “BIG Data – a superorganização baseada em dados”, em abril de 2013, no fórum HSM – Gestão e Liderança, apresentada pelo ex executivo da Apple, Peter Hizshber, que me ocorreu o quanto esse assunto é importante não somente para o compartilhamento de informações e experiências, globalmente falando, mas também para o futuro da sociedade como um todo.
Conceito do mundo da tecnologia da informação, Big Data baseia-se em um conjunto de soluções tecnológicas capaz de lidar com dados digitais em volume, variedade, velocidade, veracidade e valor, nunca visto antes.
Na prática, a tecnologia permite analisar qualquer tipo de informação digital em tempo real e incorpora múltiplos conjuntos de dados — on-line, off-line, clientes, concorrência etc. – permitindo transformações nos processos da inteligência de negócios.
O maior desafio com Big Data é o das redes sociais como Facebook que lida com um volume de dados gigantesco. 40 bilhões de fotos são geradas na rede, 350 milhões de usuários ativos acessam o Facebook via dispositivo móvel. Além disso, 250 milhões de uploads de fotos são feitos por dia. São números como esses que nos levam ao pensamento se dados não seriam o novo petróleo.
Artigo publicado, recentemente na revista Veja, cita o norte-americano Peter Norvig, ex diretor de tecnologia de informação da Nasa e atual diretor de pesquisa do Google.
Segundo ele, mais de 90% da informação armazenada aparenta ser dispensável. O diferencial está naquilo que é considerado lixo. Norvig acredita que o grande segredo do Big Data é que as grandes descobertas ocorrem quando olhamos com os olhos corretos o que foi descartado e vemos o que esses dados podem revelar do mundo.
Entre os cases analisados por Hizshber, executivo que há 20 anos atua no impacto do Big Data sobre as organizações e a sociedade, o da Globe Encounters traz uma ideia interessante sobre a era da Informação em que o fluxo de sinais da internet ao redor do mundo é quase onipresente.
A empresa lançou uma ferramenta que permite visualizar a circulação de dados na internet entre Nova Iorque e cidades do mundo inteiro nas últimas 24 horas. O tamanho do brilho de determinado local corresponde ao volume de tráfego IP entre esse lugar e Nova Iorque.
Quanto maior o brilho, maior o tráfego IP. Em outro caso, também nos EUA, na cidade de Memphis a polícia conseguiu reduzir a criminalidade em 31% usando um programa de histórico estatístico. Isso fará com que pessoas, entidades e empresas reaprendam a maneira de tomar decisões.
Outro exemplo citado foi o case Bolsa de Conversas de Nova Iorque, coordenado pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) e pela AT&T Labs Research. Ele mostra como diversos bairros da cidade se conectam com o resto do mundo por meio da rede telefônica e oferece uma visão instantânea da globalização e de como estamos todos interligados.
No mundo em que existem quatro bilhões de celulares, as milhões de chamadas mostram que mesmo numa época de e-mails e mensagens de texto, as pessoas ainda anseiam por um pouco mais de intimidade, mesmo que por telefone.
Dados revelam também os padrões ocultos do novo mundo. O projeto Global Pulse, por exemplo, das Nações Unidas, vai utilizar um programa que decifra a linguagem humana na análise das mensagens de texto e posts de redes sociais para prever aumento de desemprego ou epidemias de doença.
A iniciativa foi criada para integrar o uso de mineração e análise de dados em tempo real nas organizações e comunidades de prática de desenvolvimento. São dados combinados para uma mudança real na sociedade.
No mercado de marketing, por exemplo, possibilita a obtenção de insights sobre interesses e preferências dos consumidores, de forma a melhorar programas de retenção e aquisição de clientes. Analisar comportamentos, por exemplo, identifica oportunidades de lançamento de produtos, focados em nichos não encontrados pela concorrência.
Nos Estados Unidos, a varejista americana Dollar General por meio do Big Data monitora as combinações de produtos que seus clientes colocam em seus carrinhos. Além da análise estratégica, eles cruzaram dados que permitiram revelações curiosas: clientes que bebem Gatorate têm mais chance de comprar laxante.
Os cases mais interessante de Big Data, no entanto, na minha opinião, dizem respeito aqueles que possibilitam que vidas sejam salvas. Em Washington um projeto para cadastrar fichas de pacientes em uma base eletrônica de dados permitirá que médicos determinem o procedimento médico mais eficaz no tratamento do câncer.
Em outro exemplo, um hospital do Canadá utiliza tecnologia IBM e da Universidade de Ontário para monitorar em tempo real dezenas de indicadores de saúde de bebês prematuros. O cruzamento de dados permitiu aos médicos antecipar ameaças de vida às crianças.
No episódio do terremoto do Haiti, recentemente, pesquisadores americanos perceberam antes de todo mundo a diáspora, movimento migratório de grandes multidões, em Porto Príncipe, por meio de dados de geolocalização de dois milhões de chips SIM de celulares, o que facilitou a atuação da ajuda humanitária.
Big Data é o Big Challenge atual. O maior dos desafios é traduzir dados em informação e conhecimento para um mundo melhor.