Experiência de Marca

Debate: A mulher no mercado de live marketing

Líderes do live marketing estiveram reunidos em São Paulo para discutir sobre a evolução da mulher neste mercado.

Líderes do live marketing estiveram reunidos em São Paulo para discutir sobre a evolução da mulher neste mercado.

O tema fez parte do projeto “Liderança para o Futuro”, que consiste em uma série de palestras organizadas pelo Comitê de Relações Humanas da Ampro – Associação de Marketing Promocional com o intuito de preparar as lideranças do live marketing para o futuro e para os novos desafios do mercado. 

O encontro, que aconteceu no último dia 25 de abril, contou com a participação de mais de 60 profissionais – em sua maioria mulheres – e tratou sobre temas como o viés inconsciente, que influencia o comportamento sem que as pessoas percebam.

“Nas agências é comum termos ‘os caras da criação’ e ‘as meninas do atendimento’. E por que tem que ser assim? O viés inconsciente está nítido no perfil dos publicitários, dos estagiários, e quando temos a consciência de que isso incomoda, atrapalha a comunicação, temos que parar, buscar uma mudança.”, explicou Cris Pereira, diretora-executiva de Atendimento da FCB e VP do G.A – Grupo de Atendimento.

Para ela, o viés inconsciente leva ao que chama de inclusão intencional. “É aquele momento em que roubam sua ideia ou você é interrompida ‘sem querer’ e tem a oportunidade de colocar isso na mesa. Alertar a pessoa naquele momento a respeito do que ela fez. Acaba sendo um exercício e torna as reuniões mais divertidas e produtivas.”, disse.

Cris comentou ainda que a liderança consciente não deveria depender só do gênero. “É considerar que todos têm qualidades e habilidades consideradas femininas, com benefícios para mulheres e homens. A consciência é o primeiro passo pra evoluirmos como líderes, do que estamos fazendo, de como o mercado funciona, do viés, ela é capaz de derrubar fronteiras pra construir o mundo que desejamos.”, afirmou Cris.

Adriana Ribeiro Mazzi compartilhou também sua experiência como COO da Bullet. “Eu me formei em Contabilidade e trabalhei no financeiro da agência, um mercado naturalmente mais masculino. Em casa, sempre ouvi incentivos positivos, sempre foi natural ser mulher empoderada. Mas percebi que minha realidade não era a do Brasil, onde menos de 40% das mulheres estão em cargos de gerência. Na média, a mulher ganha 76% do salário dos homens e em cargos de gerência e direção essa proporção cai para 68%. Foi aí que me dei conta de que ouvi algumas vezes: ‘Você está onde está porque pensa como homem’ ou ‘Você não é chiliquenta como as outras mulheres’, ou ainda ‘Você tem uma objetividade masculina’. “Embora não julgue, pois devemos entender antes os motivos que levaram a isso, hoje me incomodo vendo algumas imagens, como a do Comitê de Diversidade da Coca-Cola, por exemplo, composta somente por homens”.

A Bullet, de acordo com ela, já pode ser considerada exemplo entre as agências de live marketing que abre mais espaço para o talento feminino, com 52% dos profissionais mulheres – incluindo a própria Adriana que, hoje, divide a direção com dois homens. “Cinquenta e oito por cento da liderança estão nas mãos delas. O mercado de Comunicação tem apenas 20% de mulheres, em média, na Criação. Queremos um compromisso de pelo menos 50% de mulheres na criação até 2020.”, declara Adriana.

Fomentar a diversidade no mercado do live marketing faz parte de um dos pilares da nova gestão da Ampro, sob o comando do presidente Wilson Ferreira Junior e do chairman Celio Ashcar Junior. “Precisamos juntar nossos talentos, aptidões e capacidade de realização. No nosso mercado, há 20 anos não havia organização ou agência relevante que tivesse uma mulher em sua liderança. O que vimos nos últimos 20 anos foi uma evolução, mas a velocidade ainda é baixa.”, ponderou Wilson, que falou ainda sobre a importância da meritocracia. “Meritocracia de verdade é a análise que leva em conta as condições reais. De onde cada um parte pra chegar lá e as políticas compensatórias que são necessárias para ser justo.”

Wilson, Chris Bradley, Vânia Ferrari, Dilma Campos, Adriana Mazzi e Cris Pereira.

Para Wilson, a maneira justa de trabalhar a meritocracia é fazer com que os desiguais sejam tratados de forma a equalizar as oportunidades. “Termos consciência de que, inconscientemente, reproduzimos valores que vão contra essa tendência. A melhor forma é pontuar. A autocrítica é algo muito bom.”

A diretora-executiva da Batuque, Chris Bradley, também compartilhou sua trajetória desde quando fundou a Plug Comunicação, no mercado de advertising, em 1993, a fusão com o Gruponove – que se tornou uma das maiores agências de comunicação do NE – até a decisão de mudar de Recife para São Paulo e abrir a Batuque, em 2008. “Sou filha de empresário e meu pai sempre disse que tudo era possível. Nunca tive medo e isso me ajudou a empreender. Não somos o sexo frágil. Quando somos determinadas, podemos alcançar o que desejamos em qualquer área das nossas vidas.”

O encontro teve a mediação de Vânia Ferrari, consultora, palestrante e especialista em liderança. O tema foi iniciativa do Comitê de Relações Humanas, que é presidido por Dilma Campos, CEO da Outra Praia, e tem como objetivo fomentar a capacitação dos profissionais, desenvolver o mercado por meio da educação e discutir assuntos que estejam diretamente relacionados com pessoas.