Tim Greenhalgh entrou no palco para a última manhã do terceiro dia de Eurobest com três palavras na ponta da língua: Generous, Dream e Play – ou generosidade, habilidade de sonhar e habilidade de brincar.
Designer por formação e paixão, Tim é diretor criativo da Fitch, e defendeu arduamente a importância de sabermos brincar quando trabalhamos com criatividade, afinal, os produtos que compramos não são apenas produtos, mas sonhos ou mesmo esperança por algo novo.
Este discurso também esteve em linha com o que Sérgio Valente, da DM9DDB, trouxe para o palco na injeção de otimismo bem brasileiro para a atual “crise” europeia. Sua mensagem, como brasileiro e, portanto, PhD em crises, como costumamos referir por aqui, foi de que estes momentos, assim como os de estabilidade, geram reações diferentes, porém podem ter resultados similares.
A crise gera medo e o medo pode gerar inércia. Mas a estabilidade gera conforto e também pode levar à inércia. A criatividade neste contexto tem uma função quase social, de dar a informação e o estímulo necessários para que a engrenagem do consumo não pare de funcionar e, com isso, as pessoas continuem sonhando, construindo ideias inovadoras e tendo esperança no futuro.
Saindo do campo da emoção para o da razão, voltamos à palestra da Fitch, que equalizou de forma brilhante os dois extremos. Assim como nós, defensores das ações promocionais e de ativação tão presentes nas agendas de festivais, ele se disse feliz de ver o Design tão conectado com a publicidade e a criatividade de forma geral. Tudo o que apresentou em sua palestra teve relação direta com o dia a dia promo e com a conclusão da palestra do Google de ontem: a mágica para o consumo acontece no PDV.
Nosso principal número de ontem foi o volume de ativações de Androids, que certamente vai mudar a relação das pessoas com o consumo. E hoje, o número interessante é com relação ao espaço disponível das lojas: entre 2003 e 2011, o espaço interno médio aumentou de 40m2 para 130m2. Em outras palavras, o estímulo das compras online, parece estar aumentando o impacto nas compras offline. E mais crescimento vem pela frente: o e-commerce global deve passar da marca de 680 bilhões em 2011 para 930 bilhões em 2013.
Essa nova realidade muda o comportamento e o nome dos “consumidores”, os quais são cunhados “Trysumers”, termo utilizado pela primeira vez em 2008 no relatório Mintel. Try significa experimentar, então falamos aqui de uma etapa que se desenvolve cada vez mais entre o desejo, ou estímulo, e o consumo – ponto exato de localização das ações de marketing promocional.
Os novos consumidores, ou trysumers, são mais predispostos a comprar algo se forem oferecidos um sample do produto em questão. Novidade nenhuma para quem sempre acreditou nas ações de experiência. O desafio, agora, é levar isso a um nível – ou vários – acima, usando e abusando da criatividade e dos meios digitais, online e offline disponíveis.
A jornada está apenas começando!