O dar-receber-retribuir é um ritual que se repete na humanidade há milênios. Mudam os objetos e as experiências que são trocados, muda o sentido da troca de acordo com a cultura, mas a estratégia de saber presentear para ser lembrado permanece.
Esse conceito vale para a política, com suas trocas protocolares de interesses diplomáticos, e para as corporações, que definem politicamente seus territórios e constroem suas relações junto a players, suppliers, consummers, costummers, partners, entre tantos outros stakeholders, posicionando-se estrategicamente no mercado de acordo com suas expectativas e suas intenções.
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Todas essas trocas — por questões políticas, afetivas, econômicas, estratégicas, por educação ou mesmo por oportunidade — podem gerar tensão entre expectativas e intenções, entre interesseiros e interessados, deixando tênue a linha que separa o que é espontâneo do que é obrigatório sempre que alguém oferece algo a outra pessoa.
Estudiosos das relações sociais chamam de “valor de vínculo” o sistema que confere valor a objetos, serviços, gestos ou qualquer outra representação no universo dos relacionamentos, considerando quanto efetivamente contribuem para o fortalecimento desses laços.
O desafio é que há sempre uma dimensão subjetiva, que escapa ao cálculo e envolve a percepção que o outro tem daquilo que foi recebido. Traduzindo, se de um lado há valores fixos, lastreados em um sistema econômico (“têm preço”), de outro há valores voláteis, subjetivos (“não têm preço”), relacionados a processos interpretativos. Sem contar as retribuições desencadeadas, que podem ser diretas, pela mesma moeda de troca ou moedas similares; indiretas, envolvendo emoções, sentimentos e gratidão.
O estudo que estrutura as políticas de trocarem todas as plataformas de comunicação corporativa, definindo parâmetros de valor, métricas de circulação e rituais proprietários, é o gifting. Cada pequena troca é planejada, compreendendo a cultura de uma corporação como se fora de uma nação — um processo repleto de simbologias, capaz de contar a história de uma empresa ou de uma personalidade, fazer transparecer o seu código de marca e tornar tangíveis suas crenças para além dos produtos e serviços que comercializa e promove.
É importante lembrar que, para o êxito de uma estratégia de gifting no mercado, duas iniciativas essenciais devem ser consideradas: compliance e criatividade. Uma, pelo fato de que criar regras com base na legislação vigente e nas normas corporativas ajuda a mapear condutas, respeitar limites éticos e evitar benefícios indevidos. A outra porque sem criatividade não há encantamento; sem encantamento, o investimento não merece ser feito.
Chame como quiser: brinde, mimo, gift, produto promocional ou presente, o importante é a função geradora de negócios estratégicos que esta ferramenta tem — e que é bem diferente da propina empacotada com laço de fita que ganhou espaço na mídia nos últimos tempos.
Como se pode gerar links entre pessoas por meio da circulação de objetos&experiênciasemrelações sociais que fortalecem territórios identitários, usando o máximo de criatividade sem exageros de investimento ou condutas ilícitas?
Você também é aquilo que entrega aos outros.
Pelo que você quer ser lembrado?
Dica
Acesse e baixe aqui a cartilha que a Umbigo do Mundo e o IBDEE, Instituto Brasileiro de Direito e Ética Empresarial, desenvolveram em conjunto.
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