Para quem ainda não sabe a origem, diferentemente de outras datas comemorativas, o Dia Internacional da Mulher não surgiu para ser uma data comercial, mas sim, para reivindicar direitos, melhores condições de trabalho, além da igualdade de gênero.
O mercado de trabalho para as mulheres é desafiador e todo mundo sabe disso. Quando a mulher é negra, vem de uma classe social que não contempla privilégios, a situação fica ainda mais difícil.
Eu-demorei para assimilar que esta é uma realidade no mundo empreendedor brasileiro. E foi justamente quando fechei meu primeiro grande projeto no Exterior com a minha agência de live marketing, a Outra Praia.
O cliente, que era de uma grande multinacional, me perguntou: Como você veio parar aqui? Eu, sem entender exatamente o que ele queria saber, respondi automaticamente que havia ido “voando” e que tinha feito uma boa viagem, mas na realidade o que ele me perguntara era como eu mulher e negra havia conquistado a posição em que me encontrava.
Esta pergunta mudou para sempre a minha forma de entender o que a minha conquista representava para o mercado e essencialmente para outras mulheres como eu.
Quando entrei no programa de mentoria global da EY eu constatei que não havia nem uma mulher negra. E eu nunca tinha percebido que eu era a única naquele universo. Foi aí que nasceu uma faísca que mais tarde me tornaria uma incentivadora do empreendedorismo feminino da mulher negra.
Eu já sabia que era difícil ser empreendedora e ser mulher empreendedora, mas não entendia que tinha mais uma parcela de dificuldade em ser uma mulher negra que empreende.
Aí decidi buscar compreender este universo e todos os seus desafios. Foi pensando em toda esta dificuldade e representatividade que decidi falar sobre o assunto e foi aí que a Rede Mulher Empreendedora entrou em minha vida.
Eu tenho o meu negócio que vai muito bem, mas a importância de empoderar mulheres como eu, com a mesma origem, características foi algo que se tornou um projeto de vida.
Veja bem, eu cresci em uma família de atletas. Meu pai jogou basquete, meus irmãos também foram jogadores. E eu como única filha mulher tinha uma sobrecarga extra de expectativa em relação ao sucesso, pois todos eram muito bons no que faziam.
Papai nos dizia que sorte é sentar e trabalhar muito para conquistar os nossos objetivos, e, então, naturalmente, cresci focada em trabalhar muito e sempre dar o meu melhor.
Eu sempre me questionava se eu era exemplo de alguma coisa e palestra após palestra as mulheres me pediam que falasse mais. Me pediam conselhos, opiniões… Me pediam mais! Me pediam mais palestras.
Seguindo no que considero uma grande missão, acabei chegando ao projeto do Google, o Women Will, onde falarei sobre como mulheres empreendedoras de baixa renda podem “vender o seu peixe”. É neste mês que chego à minha primeira participação em um TED, que é referência mundial em conferências que disseminam ideias e inovação.
Eu acredito ser filha da diversidade e inclusão, e costumo dizer que na vida de empreendedor não existe glamour, não existe sorte. A sorte é hashtag senta e trabalha.
Vivemos em um mundo onde, ainda, infelizmente, existe muito preconceito, exclusão e assédio. Então, reitero que é preciso empoderar mais as mulheres brasileiras para que superem os desafios de gênero e se tornem mulheres empreendedoras de sucesso, assim como eu me tornei.