Todo mundo diz que fazemos entretenimento. Alguns, que fazemos cultura. Outros, que ferramos os eventos Culturais. Outros ainda, vão longe e dizem que somos a nova Cultura.
Meu texto, pura opinião fundada em estudos e leituras e na minha experiência, se propõe agregar valor e trazer um luz nova, uma nova opinião.
De saída, o que é Cultura?
cultura
substantivo feminino
1. agr. ação, processo ou efeito de cultivar a terra; lavra, cultivo.
2. bi.o cultivo de célula ou tecido vivos em uma solução contendo nutrientes adequados e em condições propícias à sobrevivência.
3. criação de alguns animais.
4.cabedal de conheci mentos de uma pessoa ou grupo social. "estudioso, possuía uma vasta c."
5. antrpol. conjunto de padrões de comportamento, crenças, conhecimentos, costumes etc. que distinguem um grupo social.
6. forma ou etapa evolutiva das tradições e valores intelectuais, morais, espirituais (de um lugar ou período específico); civilização.
"c. clássica"
7. complexo de atividades, instituições, padrões sociais ligados à criação e difusão das belas-artes, ciências humanas e afins.
"um governo que privilegiou a c."
Fiquemos com os itens 5, 6 e 7, que interessam ao nosso texto, ok?
E o que é entretenimento?
entretenimento
substantivo masculino
1. ato ou efeito de entreter(-se), de distrair(-se). Entreter: verbo transitivo direto e bitransitivo e pronominal ocupar(-se) de maneira prazerosa (com); distrair(-se). "bons livros entretêm as crianças".
2. aquilo que distrai, entretém; distração, divertimento.
Cultura e entretenimento a meu ver e de alguns estudos e textos são complementares, por isso é difícil falar onde começa um e termina o outro. E para alguns, na verdade não existe essa distinção.
Vejamos as opiniões de Eduardo Socha, filósofo e colunista da Cult, Laura Greenhalgh, editora executiva do jornal O Estado de S. Paulo; Marcos Augusto Gonçalves, editor de Opinião do jornal Folha de S.Paulo; Raquel Garzón, editora do caderno Idéias do jornal El Clarin, Argentina; e Vladimir Safatle professor de filosofia da USP, dadas no II Congresso Cultural de Jornalismo, que abordou o tema Cultura e Entretenimento.
A convidada argentina começou no jornalismo cultural e iniciou sua apresentação lembrando que no jornalismo cultural não importa o furo, mas sim a maneira de contar. Para ela, o fato de contar melhor uma história (coisa que nossos redatores e planners entendem muito bem, pois , no entretenimento, sempre contamos histórias) possibilita uma liberdade fantástica ao profissional. Raquel ainda exaltou a internet e sua maneira de fazer o jornalista repensar a cobertura tradicional (nós também).
Já Laura Greenhalg levantou o histórico da música no mundo, abordando na mesa o tema do entretenimento e da cultura. A Jornalista de O Estado de S. Paulo, lembrou que o espaço da liberdade é fundamental na cobertura de cultura e que não existe criação que não seja dentro deste espaço (fato, a censura destrói possibilidades de verdade e entretenimento real).
O tema de cultura e entretenimento foi levantado novamente por Vladimir Safatle, que defendeu a distinção dos termos. Para ele, obras de arte estão além do simples prazer (que triste, né?, circunstanciando o entretenimento ao prazer, quando ele proporciona experiências de reflexão em contemplação muitas vezes no brand expirience). Já Marcos Augusto defendeu a escolha por determinadas pautas mais acessíveis, lembrando que se o jornal escolhe um objeto é pelo simples fato que seus leitores querem ler sobre o assunto. Segundo ele, “o grande público está interessado é neste tipo de cultura/entretenimento”, divergindo da opinião de Vladimir. Para Marcos, a mídia não tem como se dissociar disso. “É difícil conceber cultura dissociada do mercado”, completou o ex-editor do caderno Ilustrada da Folha.
Pra mim, em resumo, o entretenimento é subproduto da Cultura, já que a música, a dança, o teatro, as artes de um modo geral etc são cultura e base do entretenimento.
Ah, e nem todo entretenimento é alienante, pois que nem todo mundo que se entretém é alienado, além do que o bom entretenimento, por vezes, traz em si um resgate cultural e não inibe ou exclui atividades, ações ou eventos culturais em paralelo..
De certa forma, democraticamente, me atrevo a dizer que o bom entretenimento é produção cultural e isso talvez explique o grande número de cursos que formam produtores culturais argumentando que forma produtores plenos, mas é o contrário, a meu ver; produtores plenos, são excelentes produtores culturais. Ou não?