Hoje acordei e tomei consciência de um fato muito estranho.
O ano está terminando!
Como assim, me questionei ao espelho?
Nem começou.
Quase não saí de casa.
Não consegui fazer nenhum happy hour.
Show, não vi nenhum.
Ganhei-uma concorrência de um evento e me tiraram de dentro do avião no dia de da viagem. O evento havia sido cancelado.
Fiquei sem ver futebol por muito tempo.
Ir ao mercado, fazer compras, tornou-se uma aventura igual a fazer uma trilha de motocross. Ao voltar para casa, tinha que lavar tudo.
Pizza, só por delivery.
Mas acho que aprendi algumas coisas, neste tempo bicudo de duplo 20.
Resolvi então, compartilhar com vocês, pacientes leitores, meus aprendizados:
1. Na matemática
Preciso aprender novamente como resolver equações de primeiro grau. Vejam se tem a solução. 40d + C19 > 270 onde:
40d significa quarentena
C19 significa pandemia
270, são os dias que estamos em isolamento.
Será que mudaram o sistema decimal?
2. Datas comemorativas
Percebam. Começou o ano. Passou janeiro, fevereiro, Carnaval. Aí, depois que aconteceu o desfile das campeãs, até hoje, continua todo mundo de máscara. Coloridas, cheias de graça. Completamente ridículas, às vezes. Mas de máscara.
3. Gênero
Esta semana, vi que além de todos os gêneros existentes, surgiu um novo, com bastante aceitação e entendimento. Inclusive, percebi hoje, que tem pessoas se nomeando por este novo gênero, sem muito problema: MARICAS.
4. Epidemiologia
Antes, quando havia um fato que ameaçava a saúde da população, todo mundo corria atrás de solucionar. Hoje, me parece que com a nova ordem, cidadãos que votaram no PT tomarão a vacina russa Sputink. Aqueles que votaram no PSDB, só poderão usar a vacina do Butantã. Quem votou na situação vai ter que esperar o médico do Trump inventar uma vacina.
5. Oceanografia
Estão me avisando que já existe uma segunda onda se aproximando. Gente, estamos na primeira, que não acaba, e já vem outra? Vai virar um tsunami.
6. Geografia econômica
Conseguiram fechar as fronteiras, para o vírus não se espalhar. Talvez se tivessem feito o mesmo esquema que controla a entrada de drogas, armas e contrabando no país, menos óbitos teriam acontecido.
7. Feriados
O Dia da Consciência Negra, uma data reservada à reflexão sobre as questões relativas aos preconceitos raciais existentes, acabou acontecendo em datas diferentes, dependendo da vontade dos Senhores Prefeitos, em exercício da função. Além disso, ouvimos algumas eminências afirmarem, como sempre se afirmou em nosso país, que no Brasil não existe preconceito racial.
8. O produto campeão de vendas neste ano será o álcool em gel 70
Pela quantidade de oferta hoje existente, não só para venda, mas também para uso, acredito que brevemente teremos falta de cachaça nos bares e restaurantes. Não preocupa, neste momento, pois eles andaram fechados e tiveram sua capacidade reduzida, em número de clientes.
9. Outro case de sucesso este ano serão os cotonetes gigantes
Aqueles usados para fazerem os tais testes do Covid19. Se não bastasse a demanda que houve, foram descobertos agora, cerca de 7 milhões de testes armazenados em um galpão, que perderão a validade logo, logo. Ou seja, será necessário recomprar estes benditos. E se não me engano, para cada teste são usados 3 cotonetões. Assim, sem fazer nada, já temos uma demanda de 21 milhões deste produto.
10. Fonoaudiólogo foi a profissão do ano
Imagino que estes profissionais da fala ganharam rios de dinheiro. Falar com estes panos na boca, hoje pode ser fácil, mas lá em março, era um baita desafio.
Hoje tá tranquilo. Os caras da TV conseguem articular as palavras de forma que nós conseguimos entender, sem o menor problema. Parabéns gente. Já está difícil de entender o que está acontecendo. Se não entendêssemos as palavras… o que seria de nós.
11. Mas, lamentavelmente, o sol não nasceu para outros profissionais
Bruxos, tarólogos, adivinhos e assemelhados, devem ter se dado muito mau. Acho que na última semana do ano, poucos vão querer saber o que eles estão prevendo para o ano de 2021. Todos devem ter errado redondamente nas previsões deste ano esquisito. Quem poderia supor, que pudesse acontecer o que aconteceu e que vai nos acompanhar ainda por algum tempo?
Como diria minha querida avó, “Agora ou o rabicho desaprega, ou a tampa voa”.
Com toda esta gama magnífica de aprendizados, acho que eu merecia, mais uma vez, ficar de segunda época (o que no passado recente chamava-se de recuperação) e hoje não tenho a menor ideia como chamam.
Desta vez, não por que não me esforcei para entender a matéria, é que, acredito que quase ninguém entendeu.
Havia, no meu tempo de escola, um monte de colegas que passavam de ano direto ou, no máximo, faziam prova final.
Eu não.
Passeava no ano direto e só estudava no final.
Me parece que neste ano que está terminando, a humanidade inteira está em recuperação.