“Av. Alberto Torres, altura do número 589.
Bairro do Alto, Teresópolis.
Sábado dia 30 de julho de 2016, às 9:30 da manhã.
Estarei lá na cidade onde, por muitos anos, passei em minha infância as férias de verão e que hoje é onde meus pais moram.
Vou conduzir a Tocha Rio 2016, por indicação de pessoas que tem por mim um carinho muito grande e a quem serei grato para sempre.
O sonho era um pouco diferente. Não havia problemas de segurança com a passagem da chama olímpica ou estações do BRT queimadas ou pichadas.
Não havia Aros Olímpicos depredados. Não havia um representante interino no país. Não tínhamos visto uma débil mental acender uma vassoura e sair correndo no meio do revezamento da tocha.
Enfim, era um sonho, que 7 anos antes, parecia ser viável, e teríamos o maior evento do mundo acontecendo na mais linda cidade.
Um fato histórico, para nos orgulharmos. Mas era só um sonho.
Nosso complexo de vira-lata é maior que nós mesmos. Não me julguem um reacionário, estou apenas dividindo algo com que sonhei e trabalhei muito para que acontecesse.
Mas apesar disso tudo, estarei lá com muito orgulho.
Passada minha participação na condução da chama olímpica, rumo à cerimônia de abertura no Maracanã, por 17 dias trabalharei em um projeto criado e planejado por mim. Uma Casa temática para a FIVB – Federação Internacional de Vôlei.
Usamos as dependências de uma escola municipal, transformada em um espaço social e empresarial, para receber a comunidade do vôlei, durante todo o período dos Jogos Rio 2016.
Ao final, a Escola Municipal Cícero Pena, estava totalmente renovada, do telhado ao portão de entrada.
Esta foi a contrapartida oferecida à Secretaria de Educação do Município, e, graças a este projeto, os alunos ganhavam uma escola nova após as Olimpíadas.
Um investimento muito significativo, que se reverterá no bem-estar destas mais de 600 crianças, que lá estudam.
Um legado de verdade.
Uma gota no oceano, é verdade.
Mas não importa, conseguimos, sem nenhum centavo de real, oferecer uma instalação digna e segura para que aquela comunidade possa usufruir.
Estou tentando fazer a minha parte.
Quem quiser e puder me acompanhe ou em Teresópolis, na minha pequena jornada de sábado de manhã, ou em Copacabana, Avenida Atlântica esquina com República do Peru.”
Este foi um texto publicado por mim, em minhas redes sociais, e que apareceu como uma lembrança a ser compartilhada, 5 anos depois.
Ao retomar esta leitura, fiquei perturbado em como a sabedoria popular é assertiva.
O texto fala de um sonho profissional, de apresentar meu país, a cidade onde nasci para o mundo, como um grande destino para o turismo, investimentos, e como este evento poderia ser uma mola propulsora para o desenvolvimento econômico.
Mas existem ditados que mais parecem axiomas formulados de forma tão consistente, que parece ser impossível alterá-los.
– O fundo do poço não existe.
– Quanto mais eu rezo, mais assombração aparece.
– Tem males que vem também.
– Eu era feliz e não sabia.
Se avaliarmos o que acontece hoje, em nossas casas, em nosso trabalho (para aqueles que ainda tem), com nossos amigos, 5 anos depois, o passado parece menos complexo do que a realidade que vivemos hoje.
São mais de 500 mil mortos e uma politização de uma solução, que parece não ter fim. Se você topa tomar a vacina, então é contra o governo.
E não é só; estamos em vias de ter a próxima eleição com votos impressos!
O desmatamento na Amazônia e no Pantanal batem recordes todos os meses, e o problema são os satélites que não funcionam!
Para ser escolhido para o principal tribunal do país, a competência mais importante foi ser extremamente evangélico (nada contra qualquer religião, mas será mesmo esta a competência a ser colocada no topo da lista).
E fora que a corrupção continua se alimentando dos cofres públicos. Isto para encerrar esta lista por aqui.
Pensando nas próximas Olimpíadas, em Paris 2024, não ouso nem pensar o que eu estarei relatando aqui após 3 anos, com essa enxurrada de fatos que comprovam que estamos numa pista de BMX, em uma rampa, que só tem uma direção.