Tudo acontece em todo lugar ao mesmo tempo? Ou seria essa uma ilusão que criamos sobre as mesmas novidades que cansamos de ver por aí? O que afinal é tendência e o que já deixou de ser? Dizem que as perguntas movem o mundo, então vamos provocá-las.
Sou declaradamente apaixonada pelas newsletters da Jessyca Vieira da SOAP, e a última que recebi sobre o SXSW veio de encontro com uma grande vontade que há tempos contenho em mim: a de questionar o porquê de acharmos esse evento tão incrível. Já é o segundo ano que não vou pra Austin, mas participo indiretamente do que acontece por lá. Toda vez, encaro a dicotomia do “será que eu deveria ter ido?” ou “acho que não perdi muita coisa”.
E, realmente, a balança esse ano pendeu para o “JOMO“, ou “Joy Of Missing Out“, cruelmente traduzido para “que bom que fiquei em casa dessa vez”. Mas por que estou dizendo isso? Como trabalhei como Trendhunter, constantemente acompanho as tendências do mercado – e, é claro, pessoas como a Amy Webb. Por isso, sinto que estamos vivendo um vale das tendências.
Durante o incrível evento da Promoview sobre o SXSW junto ao time de peso da SHERPA42, esse assunto também veio à tona. Mas lá, foi chamado de “Vanilla Valley“, que define esse estágio letárgico em que nada de muito importante ocorre em uma experiência. Se a piração permitir, podemos até citar teorias que questionam certos períodos históricos, hiatos da existência humana, em que nada, absolutamente nada foi registrado. Mas, voltando os pés no chão, o vale das tendências é uma possibilidade.
Parece que estamos falando de IA há anos, e ao mesmo tempo, não. O ano de 2010 parece muito distante, enquanto um filme sobre 1982 já pode ser considerado “de época”. Nossa percepção de tempo mudou e, junto dela, o nosso entendimento do que é uma tendência. A Inteligência Artificial já é realidade para muitas pessoas, empresas e veículos, em pequeno, médio ou gigante grau.
Mas continuamos falando sobre isso o tempo todo, para tudo. Inclusive, aqui faço referência a outra palestra bombástica do SXSW – o bate-papo com os Daniels, diretores de “Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo”, obra que representa muito bem essa loucura kitsch que é viver nos dias atuais.
A intenção desta coluna não é definir, rotular, criticar ou julgar nada (mesmo sendo impossível, afinal, muitas vezes isso é irracional), e sim, jogar algumas bolinhas para o alto, na expectativa de que gerem questionamentos também.
Até a próxima,
Julia