Publicado originalmente dia 24/6/2010 ás 7pm de Brasília – Estar na presença do Mark Zuckerberg, criador do Facebook, foi muito mais inspirador do que sua palestra, no Festival Cannes Lions 2010. Ciculando por assuntos como possíveis caminhos da internet, privacidade e segurança, Zuckerberg foi reticente ao abordar o futuro do Facebook nesta estrada. Quando questionado sobre abertura do capital e se pretendia seguir como CEO do negócio, o jovem empresário não deu qualquer dica aos curiosos participantes.
O único plano que o milionário abriu foi o foco do portal estar nos usuários e na publicidade, e não puramente em ganhar dinheiro e agradar os investidores. Nem uma análise de outras redes sociais, nem uma posição sobre a publicidade e seu futuro nebuloso.
É fato que falar sobre o futuro da internet e das comunicações é arriscar uma previsão, muito mais do que propriamente prever o que pode acontecer. Um pouco desta insegurança foi o que pautou a palestra com Zuckerberg. Especialmente porque o Facebook é uma ferramenta sem precedentes, mas analisando de forma objetiva o que ela fez de melhor foi se utilizar de todos os recursos disponíveis para colocar o usuário no centro do processo.
Conforme conversava com algumas pessoas após a cerimônia da quarta-feira (23/06/2010), em que Zuckerberg foi agraciado com o título de Pessoa de Mídia do Ano, cada vez mais chegava à conclusão de que, na verdade, o merecedor do título era o veículo, e não seu fundador. Afinal, ele não criou uma mídia, mas uma ferramenta e, por meio desta, abriu uma interação sem precedentes na história da comunicação. A influência sobre as pessoas é, sim, do Facebook e não de Mark Zuckerberg – que inclusive caminhava despercebido no Palais, no dia anterior à palestra.
É difícil dissociar autor e obra, pois invariavelmente eles são intimamente conectados. Mas a reflexão é importante, especialmente nesta época em que uma série de outras ferramentas também aceleram este processo do qual o Facebook faz parte. “A personalidade media do ano dos prêmios Cannes Lions é uma distinção atribuída àqueles que mudaram o panorama dos media e comunicações, normalmente depois de uma vida de trabalho. O fato de Mark Zuckerberg ter criado um dos negócios mais dominantes da internet tão rapidamente, e ter um impacto tão global na forma como comunicamos uns com os outros, é simplesmente espantoso”, comunicou oficialmente à imprensa Philip Thomas, CEO do Festival.
Fonte: Ariane Feijó.