Em sua primeira declaração pública sobre a polêmica pesquisa realizada pelo Facebook com cerca de 700 mil de seus usuários sem que eles soubessem, a chefe de operações da rede social, Sheryl Sandberg, pediu desculpas nessa sobre o episódio.
Considerada a número dois da empresa, atrás apenas do fundador Mark Zuckerberg, a executiva afirmou que a pesquisa foi “mal comunicada” e que a empresa “nunca desejou chatear” os usuários.
Foto: Divulgação/World Economic Forum.
“Isso (o experimento) foi parte das pesquisas que as empresas fazem para testar diferentes produtos, e foi somente isso. Ela foi mal comunicada. E por essa comunicação, nós nos desculpamos. Nós nunca quisemos chatear vocês (usuários)”, afirmou ela em um encontro com anunciantes do site em Nova Déli, da Índia.
No experimento, realizado em associação com duas universidades americanas, a rede social manipulou as atualizações que apareciam nas timelines de cerca de 700 mil usuários, por uma semana, para verificar como as suas emoções e humores eram influenciados por conteúdos considerados “positivos” e “negativos”. O importante detalhe que vem causando polêmica e críticas ao site é que as pessoas que fizeram parte da pesquisa não foram avisadas sobre a sua realização.
“Nós levamos a privacidade e a segurança no Facebook muito a sério porque é algo que permite às pessoas compartilhar emoções e opiniões”, complementou a executiva sobre o caso.
Rede social sob investigação
O Gabinete da Comissão de Informação britânico também informou que irá investigar a empresa para verificar se a iniciativa não infringiu o direito à privacidade das pessoas.
Um porta-voz do órgão informou ao site do jornal Financial Times que, apesar de ainda ser cedo para afirmar se a rede social infringiu alguma legislação, caso o tenha feito a empresa pode ser multada em até 500 mil libras e ser obrigada a alterar as suas regras de uso.
De acordo com o órgão, a Comissão de Privacidade de dados da Irlanda também será consultada para ajudar na investigação, já que a sede europeia do Facebook fica em Dublin.
A reação da autoridade britânica à pesquisa da rede social acontece poucas semanas depois da União Europeia ter enrijecido as suas regulamentações respectivas à proteção de dados de internautas. Recentemente, a Google foi forçada a permitir que pessoas possam requisitar a remoção de informações sobre elas mesmas dos mecanismos de busca da empresa.
De acordo com a Forbes, um detalhe que pode ser um agravante contra a rede social perante as autoridades é o fato de que a empresa somente teria relacionado a possibilidade de realizar “pesquisas” com os dados dos usuários apenas quatro meses depois que o experimento foi realizado, em maio de 2012 — a pesquisa é de janeiro do mesmo ano.
Ao se defender das críticas quanto ao experimento, representantes do Facebook alegaram justamente que as ações realizadas estava prevista em seus termos de uso.