Diante de uma greve planejada e liderada por funcionários trans e aliados, a Netflix emitiu uma declaração reconhecendo a ação: “Valorizamos nossos colegas e aliados trans e entendemos a profunda mágoa que foi causada.”, disse um porta-voz da plataforma.
“Respeitamos a decisão de qualquer funcionário que escolha protestar e reconhecemos que temos muito mais trabalho a fazer tanto na Netflix quanto em nosso conteúdo.”, completa o porta-voz.
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Funcionários trans e outros empregados da Netflix planejaram uma greve em protesto ao especial de comédia de Dave Chappelle, The Closer (2021), o qual contém piadas às custas de pessoas trans e LGBTQIA+.
Conforme relata o Los Angeles Times, a paralisação, apelidada de “dia de descanso”, foi organizada pelo grupo de funcionários chamado Team Trans.
O comunicado também dizia: “Como já discutimos por meio do Slack, e-mail, mensagens de texto e tudo mais, nossa liderança nos mostrou que eles não defendem os valores pelos quais somos responsáveis […] Entre os inúmeros e-mails e falta de respostas, nos disseram explicitamente que, de alguma forma, não podemos compreender a nuance de determinado conteúdo. Não sei você, mas pedir que mostremos toda a história e não apenas as partes que prejudicam as pessoas trans e [LGBTQ+] não é um pedido absurdo.”
Em um comunicado à Rolling Stone, um porta-voz da Netflix disse: “Os especiais de DaveChappelle são consistentemente os especiais de comédia mais assistidos na Netflix e ganharam muitos prêmios, incluindo um Emmy e um Grammy por Sticks and Stones (2019). Apoiamos a expressão artística de nossos criadores. Também encorajamos nossos funcionários a discordar abertamente. ”
Chappelle tem sido alvo de críticas crescentes por causa de piadas sobre pessoas trans e queer em especiais anteriores da Netflix. The Closer incluiu uma piada ostensiva comparando os órgãos genitais de pessoas trans com substitutos de carnes à base de plantas.
Em outro momento, se autoproclamou TERF (uma feminista trans-excludente).
Após o lançamento do especial, os funcionários da Netflix começaram a usar um documento aberto de perguntas e respostas para levantar questões sobre como a empresa planeja lidar com a linha entre o comentário e a transfobia.
Três funcionários também foram brevemente suspensos após tentarem comparecer a uma reunião do conselho executivo, incluindo uma funcionária trans, Terra Field, que criticou o especial no Twitter.
A suspensão não estava relacionada aos comentários; Field e os outros dois foram restabelecidos desde então. No Twitter, Field disse que a Netflix não encontrou “Nenhuma má intenção em minha participação na reunião.”