A música tem muitos anos, possivelmente mais de 30. Ok, tem saudosismo aqui e não estou nem um pouco preocupado em esconder minha idade, mas duvido que você nunca a tenha ouvido.
Mas o mais legal, é que neste tempo todo, ela insistiu com a mesma mensagem: “Give me a little respect” (por favor me dê um pouco de respeito).
Tá bom, ela poderia soar com um desabafo em uma DR ou uma manifestação de desagrado em relação a alguém, mas tudo pode ficar mais divertido e irônico quando a gente a usa num insight para discutirmos – como fazemos toda semana – o nosso mundo atual, ainda mais quando a banda ainda se chama Erasure (apagar).
Flashbacks à parte, a frase mais forte da letra continua muito atual, pois realmente vivemos um momento onde é cada vez mais clara a necessidade de respeitarmos definitivamente o mundo, a natureza, o nosso país, nossa comunidade, as pessoas, e, principalmente a nós mesmos.
E digo isso ainda positivamente admirado por uma reunião recente onde um cliente mostrou – infelizmente ao contrário de muitos no mercado – um saudável e bem-vindo respeito, acompanhado por consideração e preocupação em trabalhar um conceito sistêmico onde todos os seus parceiros e fornecedores tenham pontos em comum, principalmente uma cultura ética, diversa, sustentável, inclusiva, moderna, humana, responsável e de um firme propósito.
É lógico que ele está preocupado com sua posição no mercado, com a ampliação do seu business e possibilidade de maior proximidade com seu público consumidor. Mas foi lindo ouvir dele que isso não pode ser prejudicial ao sistema, aos seus parceiros e fornecedores.
Sonho? Não creio! Eu chamaria isso de uma tendência. São muitos casos que chegam aos nossos ouvidos onde ficamos sabendo de clientes que a gente quer na hora conhecer. Não só pela possibilidade de negócios, mas para poder admirar marcas, empresas e pessoas em um mercado que infelizmente começamos a “descurtir” muitas delas, simplementes pelas falhas no trato, pensamento mercenário, pouca preocupação com o ser humano, uma insistente forma abusiva de tratar a relação e o velho esquema “venha a nós tudo e ao vosso reino, nada”.
Está começando a diminuir o espaço para empresas que tratam o sistema que as sustenta com empáfia, desrespeito e prepotência. Profissionais que se mantém dentro da arrogância de sua posição, tratando mal ao seu time e achando ainda que conseguem com isso algum tipo de vantagem.
Processos que escondem o preconceito, o sectarismo, a falta de diversidade, o assédio moral e a falta de valorização de suas pessoas pela permanência de pensamentos antigos onde aparece uma visão covarde e submissa aos seus clientes.
Ok, cliente é muito importante, mas e se ele não estiver certo? Qual é o preço de sua posição para seu time, o ambiente e imagem de sua empresa?
Está chegando a hora de um grande ERASURE que pode apagar do mercado quem pensa antigo, seguindo a cartilha onde muitos tiveram sucesso, mas que já não o encontram tão facilmente.
O mundo mudou, as pessoas também e precisamos de mais relacionamentos, proximidade, entendimento, compreensão, compaixão, generosidade, amizade, respeito e muitas outras palavras que nunca apareciam nos dicionários empresariais, mas que definem claramente hoje, como uma pauta mais humana e mais centrada nos sentidos e sentimentos, pode dar a definição do que é uma marca ou empresa de sucesso.
Se a gente ainda continua querendo transformar consumidores em fãs, passou da hora de entender que isso não é construído apenas com comunicação forte, grandes ideias e dinheiro aplicado em novas mídias.
É preciso entender o consumidor (que também é uma pessoa) e ele não acredita em meias verdades. E sua verdade começa dentro, sempre dentro: na construção de um ambiente seguro, onde “suas” pessoas também encontrem prazer e propósito em trabalhar, uma cultura que estenda esta relação para sua cadeia produtiva e a construção definitiva de uma grande oportunidade de continuarmos ouvido músicas, nos divertindo e descontruindo a necessidade de pensar que a gente ainda precisa de um pouco de respeito.
Por fim, um grande obrigado ao Erasure, à música “Little Respect” e às empresas e profissionais que fazem a gente realmente acreditar que tudo ainda faz sentido, afinal – como dizia o Leminsky e eu não canso de repetir – “Distraídos, venceremos”.
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